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Mostrando postagens de 2009

Em 2010...

Ligue para aquele amigo com quem você não fala há muito tempo. Se possível, arrume uma forma de vê-lo pessoalmente. Aprenda algo novo. Ponha a cabeça para funcionar. Quando o seu time jogar, torça. Se ele ganhar, comemore com prudência. Se ele perder, lamente com bom humor (e não gaste muito tempo com isso). Se ele empatar, espere a próxima partida. Valorize seu trabalho. Ele é o que financia a maioria das coisas que você gosta quando não está nele. Ajude a quem precisa. Pode ser perto ou longe, um conhecido ou não. Cumprimente as pessoas quando entrar no elevador. Cumprimente os porteiros, serventes, recepcionistas e tantos outros que fazem com que nosso dia seja o mais normal possível. Não se esqueça: eles não são mobílias e sim pessoas. Tente entender o outro. Um pequeno esforço pode trazer grandes frutos. Faça exercícios físicos. Seu corpo agradece. Alimente-se corretamente. Seu corpo agradece de novo. Leia bons (e muitos) livros. Seu cérebro agradece. Respeite seus pais. Eles pode

Uma mensagem de natal.

Monte sua árvore, mas não se esqueça de montar a manjedoura em seu coração. Faça do natal um momento de renovo. Lembre do menino nascido, da estrela, dos anjos, do cumprimento da promessa, da missão maior. O Cordeiro de Deus esteve entre nós. Ele nos deixou sua mensagem, nos ensinou a viver em paz, a dar a outra face, a ajudar o irmão, a visitar os doentes, a alimentar os que têm fome. Ele multiplicou os pães e peixes, curou enfermos e nos mostrou como nos despojar da vaidade e das coisas efêmeras. O menino envolto em panos veio para pregar a mensagem enviada pelo Pai. Veio na plenitude dos tempos, mostrar que devemos trocar a guerra pela conversação e a vingança pelo perdão. Ele respeitou as mulheres, as crianças, os pobres e os aleijados. De presentes, mas não negligencie o presente maior de Deus para a humanidade: seu próprio filho. Sendo assim, o maior presente que podemos dar é nosso coração em humilde súplica de reconhecimento do sacrifício do Homem-Deus, que veio a nós para vive

Uma reflexão sobre a gestão pública.

Os projetos na administração pública, em sua maioria, sofrem pela falta de políticas de longo prazo. Muitos são abandonados ou deformados por governantes que, via de regra após a posse, querem deixar suas marcas. Um bom exemplo são os projetos de Carlos Lacerda (mais empreendedor governador que o Rio de Janeiro já teve, ainda nos tempos em que o Rio capital era o estado da Guanabara). A estação de água do Guandu, a Linha Amarela, a Linha Vermelha, a Linha Verde, os túneis Rebouças e Dois Irmãos e o campus da UERJ no Bairro do Maracanã são exemplos de projetos que saíram da mente de Lacerda. Todos essenciais para a cidade do Rio e alguns só saíram do papel depois da morte do governador. Um dos fatores mais críticos (se não o mais) da gestão de projetos públicos é o tempo. O executivo tem um mandato de quatro anos, que se prorrogam ou não por mais quatro. Dessa forma, grande parte dos projetos tem como principal característica a aplicabilidade e coleta de resultados num horizonte muito c

E se cumpriu a profecia.

Há tempos eu venho dizendo que a política de cotas, dentre outras mazelas, serve para afastar pessoas ao invés de aumentar sua interação. Se alguém duvidava disso, leia a reportagem do site do O Globo , publicada em 15/12/2009. Acusações de racismo em briga de alunos na Uerj RIO - Uma briga entre estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) transformou-se numa discussão sobre racismo e foi parar na delegacia. Um estudante de Filosofia, branco, acusa integrantes do Grupo Denegrir, formado por negros que defendem a política de cotas, de agressão. A confusão aconteceu na noite da última sexta-feira, depois de uma festa na universidade. Já o grupo acusa o estudante de ter proferido palavras racistas. Nesta terça-feira, membros do Denegrir fizeram, na própria universidade, uma manifestação contra o racismo. Segundo Daniel Leal Moreira, estudante de Filosofia, o grupo cercou e ameaçou dois de seus amigos que saíam da festa. Quando viu a confusão, ele teria pedido que os rapaz

Para alguns é magia.

Em entrevista ao Jô Soares, Xuxa começou a falar do seu mais novo produto, um DVD de natal. Segundo a apresentadora, o video fala sobre a magia do natal. Magia? Que magia? O natal tem magia? O natal tem, ao longo dos anos, tem se desvirtuado de seu significado real. Por uma série de motivos, o enfraquecimento das religiões cristãs, a imposição do consumo nas festas de fim de ano e o egocentrismo cada vez maior do homem. O natal virou uma espécie de instrumento compensatório. Se o comércio não foi bem durante o ano, as vendas do natal lavam a égua. Se você não foi solidário nos meses anteriores, talvez procure uma instituição para fazer doações. Pode ser essa a tal magia a qual Xuxa se referiu. Afinal, onde está o natal? Muitos truques de mágica têm em seu pressuposto nos fazer distrair da realidade que nos rodeia. Com a magia do natal não foi diferente. Não se fala mais no Cristo nascido. Não se lembra da real mensagem que a data nós quer lembrar. Não enxergamos mais a manjedoura. Nos

Presidente boca suja.

No dia em que Lula fez os pais terem medo de deixar seus filhos pequenos na sala quando ele aparece na TV, a massa balizou toda a asneira que o grande líder profere em seus discursos, concedendo a ele uma aprovação de 83%. Quando fala, Lula é uma espécie de demônio acorrentado. A qualquer momento ele pode romper os grilhões e fazer um estrago. O presidente disse, literalmente, que o povo vive na m**** e que seu governo se dedica a tirar o povo de tal situação. Foi ovacionado pelos ouvintes. Nunca antes da história desse país, quiçá da história moderna, um governante foi aplaudido após dizer palavrões em seu discurso. Incrível e triste. Somos um povo que em sua maioria aprova esse tipo de coisa. O pobrismo e o piorismo tomaram conta do Brasil como uma metástase. Quem deveria ser eloqüente se manifesta como uma aberração. A multidão adora. A declaração de Lula me fez pensar nessa tal m**** em que o povo vive. Afinal, que m**** é essa? Fiquei pensando em m**** um tempão. Concluí que não a

Os dalitis da UERJ

Ouvi dizer que na UERJ existem turmas que estão sendo dividas em duas, na mesma sala e no mesmo horário. De um lado os alunos que ingressaram pelo sistema de cotas e de outros os que ingressaram pelo sistema de mérito. A justificativa é que havia reclamação dos alunos dos segundo grupo com relação à dificuldade do primeiro em acompanhar as exposições das disciplinas. Ou seja, já começou a separação por castas no Brasil. E pior, numa universidade pública. O conceito de universidade é descaradamente esfacelado. Universidade é para gerar conhecimento, é instituição para ser a vanguarda do desenvolvimento, não para tirar alunos do analfabetismo funcional. Quando ingressei na universidade, eu sentia orgulho disso. Hoje sentiria medo de me acharem menos capaz do que os outros alunos. Eu e o Bahuan. Todos têm o direito de querer cursar uma faculdade. Mas a obrigação de dar ensino fundamental de qualidade é o governo, não esse estopim de humilhação. Já temos nossos próprios dalitis. Uma maldad

O Hexa e Eu Sozinho.

Caros leitores do ZAD, impossível não falar da conquista do Flamengo. Hexacampão! Num campeonato cuja fórmula quase condenava o rubro-negro a uma eterna posição de coadjuvante de luxo. Eu poderia falar da festa da torcida, linda como sempre. Ou então, do verdadeiro presente de última hora, que foi conseguir assistir ao jogo histórico no Maracanã. Mas não é isso que quero relatar. Fui ao Maracanã, acompanhado pelo meu grande amigo Marlon (um irmão não sanguíneo). Aliás, Marlon merece um comentário a parte. Amigo de todas as horas, nossa amizade é potencializada pela paixão que temos pelo Flamengo. Dentre tantas coisas que nos une, o Rubro-Negro da Gávea é uma espécie de sacramento. Sinceramente, não lembro a última vez que pisei no Maracanã sem a companhia de Marlon. Merecíamos estar lá hoje. Não seria justo ficarmos de fora. Pois bem, fomos à festa. Noventa minutos de tensão, medo de chegar tão perto e não alcançar o título desejado. Tudo compensado pelo gol salvador do Angelim. Final

Cabelo Duro

O ZAD anda numa fase curiosa, tocando em assuntos afro-negões mais do que o blog se propõe a tocar. Fazer o que? Lá vai. Taís Araújo está caindo da armadilha de jogar luz demais na cor da sua pele. Em declaração ao Blog da Patrícia Kogut, ela disse que “acha um horror essa mania de cabelo liso, afinal, o cabelo das brasileiras não é liso, é crespo”. Pisou na bola. Não por achar a mania de cabelo liso um horror, até porque cabelo bonito não precisa ser liso — pode ser ondulado, cacheado, toin-oin-oin, etc. Mas por dizer que cabelo de brasileira não é liso. Inverdade. De quais brasileiras Taís fala? Das meninas do Pelourinho, ou das garotas da Serra Gaúcha? Das descendentes de japoneses, chineses e coreanos ou das índias? Das de ascendência árabe? Ou das que são frutos das permutas entre as etnias citadas? Pergunto ainda. O que é ser brasileira na opinião de Taís Araújo? Não seria Gisele Bündchen tão brasileira quanto Daniele Suzuki? Ou seria Mariana Ximenes menos brazuca que a Juliana

Na tela dos outros é pecado.

Acabo de ler na Veja desta semana sobre um programa da Rede Record, A Fazenda, que é o genérico do Big Brother, que passa na TV Globo. Bem, um Big Brother já dose pra elefante. Dois deveriam ser um problema de segurança nacional. A diferença básica entre os dois programas é, além do orçamento, que o da Record usa os pseudo-famosos da televisão, aqueles que não deram certo na Globo e tentam ganhar uns trocados em outro lugar. O que mais me chamou na atenção na reportagem não foi a tentativa da revista de traçar algum perfil psicológico dos participantes do programa “rural”. O que me fez refletir foi o fato de reportagem notar que a quantidade de peladas exibidas do programa do canal do bispo Macedo. Ninguém me responde por que uma instituição religiosa tem que ter uma rede de televisão (a não ser que esta fale de sua doutrina o tempo todo). Por que tem que ter um partido político, ou investir pesado em instituições financeiras. Bispo Macedo e sua turma representam a nata da hipocrisia r

Oinc-Oinc

Antes eu me horrorizava com o que Eduardo Paes dizia, agora eu até me divirto. A sua última pérola foi chamar os cariocas de porcalhões, devido à grande quantidade de lixo produzido na cidade. Num primeiro momento, o pronunciamento revolta. Mas depois, eu lembrei que papeis, embalagem, latas de refrigerante e cerveja, guimbas de cigarro e tantos outros detritos são objetos inanimados. O cara tem razão. As pessoas não dão a mínima para o lixo que espalham pelas ruas. É só ver a quantidade de latas de lixos que existem versos a quantidade de sujeira no chão. Não podemos dizer que a Comlurb não atua com relativa eficiência. Basta ver como a praia de Copacabana está inacreditavelmente suja no final de um dia de sol e como ela desperta no dia seguinte (linda e pronta para mais um dia de desrespeito). Um dia desses, assisti um sujeito que reformava a sua casa jogar as telhas velhas em um poste há 50 metros de sua casa, na tentativa de se livrar do problema. Só que o cascão nem se atentou par

Vai de retro, Barrichello

O verdadeiro motivo da barração do Imperador no jogo de domingo. PLANTÃO DO GLOBO ONLINE 14h38: Barrichello ironiza rivais são-paulinos no kart: 'Sou Flamengo desde criança' 16h46: Queimadura no pé esquerdo pode tirar Adriano do jogo em Campinas. 18h03: Adriano está fora do clássico Rubens Barrichello colocando seu pé frio a serviço do Curintcha.

Tirem as crianças da sala.

Entrará em cartaz o filme chapa-branca, contanto uma suposta história de Lula. Um verdadeiro culto à personalidade. Alguns dizem que existem paralelos forjados com a história de Cristo. Nascimento em lugar paupérrimo, criança prodígio, líder carismático que vai conduzir o povo à salvação. São claras as distorções. Sabemos que filme faz parte da arquitetura para tentar eleger a discípula Dilma. Mas o perigo maior não está aí, mas sim na percepção das futuras gerações. O grande mérito de Lula — e talvez o único — foi não mexer nos fundamentos econômicos, que não foram construídos pelo seu governo. Foi não se aventurar, cedendo aos apelos delirantes das bases de seu partido. Foi entender que isso seria fatal para seu plano de poder. Contudo, o mensalão foi articulada na sala ao lado de seu gabinete, por seus companheiros José Dirceu, Genuíno, Delúbio e Silvinho, além de mais um bando de gente que foi classificada como quadrilha. Reescrever a verdade é atrofiar a identidade de uma sociedad

Elis Regina

Não adianta. Antes dela era uma expectativa, depois dela restou carência. Elis Regina foi a maior cantora brasileira de todos os tempos. Nada se compara a Elis. Nem tentem achar paralelo, desistam de achar uma sucessora. Nem Maria Rita, nem ninguém. Elis é uma espécie de alinhamento de planetas. Pena ter morrido tão cedo. Pena as novas gerações não terem sido levadas por seus pais aos shows de Elis. Energia, talento, senso de palco e de grupo. Artista, não celebridade. Coloco abaixo, dois vídeos interessantíssimos. Um ao vivo no festival de Montreaux e outro retirado do programa Ensaio, da TV Cultura. No primeiro, uma mostra do que Elis fazia ao vivo. No segundo, vemos a cantora contando como as Águas de Março apareceram em sua vida. Ivetes, Danielas, Claudias, Anas Carolinas e tantas outras. Como diria o Capitão Nascimento: Peçam pra sair.

Inconsciência Negra

No final do 20 de novembro, eu me sentia e me via mais negro. A praia estava ótima. O sol brilhante, e a água refrescante. Cheguei cedo e achei uma vaga para o carro facilmente. Feriado estranho esse: Dia da Consciência Negra. Criado no Rio de Janeiro e que vem se espalhando por vários locais, ele é um deleite para os grupos da militância negra e para os oportunistas de plantão. Todo ano é a mesma coisa. Um mega despacho nas cercanias da estátua de Zumbi dos Palmares na Avenida Presidente Vargas, gente fantasiada com aquelas roupas coloridas e, claro, muitos discursos engajados. Pelos outros lugares onde existe o feriado a coisa não é muito diferente disso. A data é uma das distorções mais sutis de nossa sociedade. Temos esta marca na história de nosso país, a escravidão. Primeiramente foram os índios e depois os negros — mais duradoura e marcante. Sabemos de todos os males que a escravidão causa, em qualquer sociedade ou em qualquer país. Ela é sinônimo e motivo de preconceito, faz es

Cadê a música?

Inspirado no post “ ...que a música me perdoe ”, no blog O rio corre para o mar . Stella Junia, a dona soberana do blog citado acima, quando fala de música é bom que todos fiquem calados. Ela tem muita moral para alertar sobre banalização da música, de sua transformação em produto de qualidade duvidosa e da falta de cuidado com tão bela expressão. Impulsionado pela leitura “stellar” e por mera observação, vou tocar no assunto mais de outro ponto de vista. Aliás, pela falta de vista. Não vejo mais lugares onde se apresentavam os grupos instrumentais no Rio. Tirando uma ou outra casa que funcionam quase à margem da vida cultural carioca. Nelas ainda se apresentam músicos de primeira linha, alguns foram ícones da música instrumental brasileira nos anos 1980 e 1990. Conversando com um amigo contrabaixista profissional, tive a impressão que os músicos cariocas quase se estapeiam para tocar nesses lugares. Muitos migram para São Paulo, outros para fora do país mesmo. Muita gente acha que mús

Professor, me tira uma dúvida?

Inspirado no post REFORMA AGRÁRIA, do blog Leite de Pato . Nos meus tempos de cursinho pré-vestibular, ouvia de professores de História e de Geografia que a solução para o Brasil era a reforma agrária. Virava e mexia, eles falavam do assunto como uma nova descoberta da penicilina ou do transistor. Eles pregavam sobre uma tal de agricultura familiar, que era descrita como uma bela cena de um pai, uma mãe e seus filinhos trabalhando e vivendo da terra. Vendendo seus frutos para abastecer os centros urbanos, gerando fartura na oferta de alimentos, evitando a migração para as cidades e contribuindo para o equilíbrio social. Que lindo. Agricultura familiar... Ela não seria também o caso daquele gaúcho que largou uma lavourinha e desbravou o centro-oeste brasileiro? Tirou a sua família de um relativo conforto e a submeteu à privação da ausência de seus parentes, cultura de ter que cuidar de uma vasta extensão de terra. Hoje ele é um dono de uma grande fazenda, seus filhos estudaram e adquiri

Simon é o cara.

Ele é o único arbitro do na Brasil que não tem medo dos quatro grandes paulistas. Ele tem coragem de expulsar o Rogério Ceni. Ele anula um gol legítimo do Palmeiras (Melhor para o Fluminense, a "lanterna assassina", e ajudou o Mengão). Ei, ei, ei. O Simon é nosso rei...

Auto-choque de Ordem

Apareceu no Jornal da Globo , de 04/11/2009. Carros das Secretaria de Ordem Pública da município do Rio de Janeiro estacionam na calçada, impedindo a passagem de pedestres. E não dá nem para dizer que foi uma situação de exceção. A equipe de reportagem acompanhou o movimento dos carros durante um mês. O Rio de Janeiro tem uma espécie de vício de origem, fruto de uma história colonial, burocrata e cartorial. Aqui, a qualquer sinal de proteção estatal, uma turma se acha no direito de romper com qualquer fronteira legal ou moral. O exemplo mais comum são os casos de truculência e corrupção na polícia e chega nas viaturas públicas que não respeitam as leis de trânsito e por servidores que tratam com desdém a população que paga por seus serviços e espera o mínimo de atenção. O caso dos carros (picapes enormes) nas calçadas é emblemático por se tratar de um dos problemas mais incômodos que os pedestres cariocas têm que enfrentar. Além disso, em todas (eu disse todas) as campanhas para eleiçã

A morte de Helena

Não acompanho a novela das oito. Mas é claro que sei que a Taís Araújo é a protagonista da trama. Um dia desses, vi numa banca de jornal uma revista que estava na capa: “O povo quer a morte de Helena.” Pensei: Já?! Não dá para dizer que a Helena é chata. As Helenas de Manoel Carlos são sempre meio chatas. Não dá para dizer que a Helena tem um vidão e reclama de barriga cheia dos problemas que tem. Quase todas as Helenas de Manoel Carlos têm esse perfil. Quase todas moram ou no Leblon ou na Barra da Tijuca, são profissionais competentes e algum problema na família com o qual elas têm que lidar até o final da trama. Então por que raios o povo que matar a Helena 2010? Tudo bem que a Helena de Taís Araújo é diferente. É jovem demais, é bonita demais e... tem melanina demais? Será? Não... Sintomático.

Mesocarpo

O babaçu é uma espécie de palmeira muito comum no nordeste brasileiro. O seu palmito é de boa qualidade e seu coco tem algumas utilidades. Da amêndoa se tira o óleo e da casca se faz carvão. Quem explora esses subprodutos ganha algo em torno de R$ 0,90 por quilo. Contudo, há no coco do babaçu o mesocarpo, uma massinha que fica justamente entre a amêndoa e a casca, pode ser usado como um rico complemento alimentar. Seu valor é mais de dez vezes maior do que os outros elementos. Como tudo na vida (ou quase tudo), o que vale mais é mais difícil de se conseguir. A edição de domingo no jornal O Globo traz uma reportagem falando sobre o Bolsa Família na cidade de Getúlio Vargas, no interior do Maranhão. Lá, até a Secretária de Assistência Social está desanimada com o programa. Ela já concluiu que o Bolsa Família atrapalha mais que ajuda. Onde entra o babaçu nessa história? Ele poderia mudar a vida de 70 mulheres da região. Com recursos federais, foi realizado um curso que as ensinava a extra

Dúvida Bíblica

Então Lula, o profeta de Catés, disse: Em verdade, em verdade vos digo. Se Jesus Cristo viesse para o Brasil e Judas tivesse votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão. Eis a minha dúvida: Lula se acha Jesus Cristo ou se acha Judas?

Palpite Infeliz

Era para ser um sábado chuvoso, daqueles que só nos restam a pizza por telefone, o shopping e o cineminha. Mas não foi nada disso, foi muito pior. Mais um episódio da guerra do tráfico, na modalidade bandido contra bandido, depois na modalidade bandido contra polícia. O epicentro da crise foi Vila Isabel. A Vila é famosa por vários (bons) motivos. É o bairro de Noel Rosa, o Martinho é da Vila, tem uma tradição da boa vivência e tem uma escola de samba tradicional e campeã. A Vila é um daqueles bairros que são mais cariocas que outros. Não sei se por causa de seus botecos, suas pedras portuguesas na 28 de Setembro ou por causa dos tantos sambas feitos em homenagem ao bairro. Como toda a região da grande Tijuca, Vila Isabel é uma síntese carioca. Tem de tudo. Como ouvi de um paulista uma vez, é tudo misturado. Gosto da Vila, moro na Vila. Hoje a Vila sofreu um duro golpe. Ficou assustada, acuada, dentro de casa temendo o pior. Somos gente do bem, que gosta de passear pelas pequenas praça

Pequeno Grande Incômodo

Início do século XX. A humanidade penava e morria com doenças como a tuberculose, pneumonia e outras advindas da falta de saneamento nos grandes centros urbanos. Crianças eram vitimadas pelo vírus da poliomielite. Avanços na medicina e reformas sanitaristas mudaram essa história. Foram descobertos os motivos de doenças cardíacas e neurológicas seus tratamentos mais eficientes. Até o câncer, que ainda tanto mata, tem algumas de suas modalidades aplacadas pelos avançados tratamentos oriundos de diagnósticos precoces. Tudo parecia ir muito bem para o homem urbano ocidental — mesmo com o HIV, que está mais associado a um comportamento de risco. Mas sorrateira e discretamente outras doenças se apresentam em nosso meio. Muitos de nós já ouvimos, pelo menos uma vez na vida, algo sobre a LER (Lesão por Esforço Repetido), uma verdadeira praga nos escritórios, nas centrais de atendimento e nas salas de aula. Na verdade a LER não é uma doença, mas sim um conjunto delas: tenossinovite, tendinites

La Isla de la Fantasia

A revista Veja , edição 2133, trás uma entrevista que, se não reveladora, é muito pertinente aos tempos atuais. Yoani Sánchez, 34 anos, é a timoneira do blog desdecuba.com/generaciony. O depoimento é rico por ser cheio de amor ao seu país e por ser de um realismo contundente. Mas pode ser sintetizado em uma frase: “Convido quem vê Cuba como um exemplo a vir para cá, sentir na pele o que vivemos.” Coincidência ou não, há tempos venho pensando dos nossos comunistas “red label”. São aqueles caras que exaltam Cuba como o último recanto do comunismo no estado da arte. Mas que não largam suas vidas confortáveis nos países capitalistas. No Brasil, temos alguns exemplos notórios, tais como Chico Buarque e Oscar Niemeyer. Dois homens ricos e turistas na ilha caribenha. A grande verdade é que os cubanos passam privações. São alfabetizados, mas só lêem o que o regime deixa. Dizem que a medicina de lá é desenvolvida, mas os velhos vivem de forma lastimável e os abortos clandestinos tem números ass

Rio 2016. Feliz, mas com restrições.

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Fato consumado, o Rio de Janeiro é a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Se eu disser que não estou feliz, estarei mentindo. Quando ouvi o anúncio, segurei no peito um impulso enorme de auto-estima e de orgulho por ser carioca. O Rio é a minha terra, minha referência, meu ponto cartográfico no planeta. Não conheço somente o Rio das belas imagens, por motivos pessoais e profissionais acabei conhecendo todos os bairros da cidade. Quando estou fora do Rio me sinto fora de casa. Todas as vezes que chego de avião, vem a mente o Samba do Avião . Meses atrás, falei das enormes restrições que tenho com relação à realização das Olimpíadas. Elas ainda existem. Mas talvez seja a chance que o Rio precisava para mudar a sua história, principalmente a parte dos últimos vinte anos. Desde que a capital nacional foi transferida para Brasília, o Rio ficou meio perdido no seu jeito de ser. A era Brizola inaugurou uma espécie de funeral em vida da tanto da cidade quanto do estado. Chegamos a um ponto

Queimando o filme até a última ponta

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso encontrou uma nova bandeira. Agora ele defende publicamente a descriminalização das drogas. Segundo ele e muitos outros que defendem a causa, os países da América Latina falharam nas suas tentativas de combate ao uso. Sendo assim, o mais eficiente seria tratar quem usa como um problema de saúde do que um caso de segurança. Isso é perfeito... Na Suíça. FHC, se não sabe, deveria saber as condições dos sistemas de saúde nos países da América Latina, principalmente no país do qual ele foi presidente por oito anos seguidos. Não conseguimos dar conta de um mosquito miserável, que mata um bando de gente todos os verões. Já somos os campeões de mortes de H1N1. Como vamos cuidar dos viciados que vão invadir os leitos e sugar o pouco recurso que se dispõe para a saúde? Concordo quando ele diz que falhamos na tentativa de vencer o tráfico de drogas. Qual país pobre não falhou? Está na cara que país pobre nunca vencerá o tráfico, seja ele de drogas, de arm

Eu Já Ouvi Isso Antes

Don’t You Worry ‘Bout A Thing A versão original é de Steve Wonder, original do album Innervisions (1973), e se tornou um hit. Steve Wonder - Don't You Worry 'Bout A Thing.mp3 Depois foi regravada pelo grupo britânico Incognito (aqui em versão ao vivo). Incognito - Don't You Worry 'Bout A Thing.mp3 Por último, o cantor e compositor John Legend bebeu da fonte. Sua versão está na trilha sonora do filme Hitch (cujos créditos do envio são da minha querida amiga Carolina Guerra). John Legend - Don't You Worry 'Bout A Thing.mp3

Peixe podre

Romário agora é político. Isso mesmo, senhoras e senhores, o cara se filiou ao PSB do Rio de Janeiro e concorrerá nas próximas eleições. Pelo mesmo caminho está indo Edmundo, fazendo chapa com Eurico Miranda. O que mais me chama a atenção numa democracia (o melhor modelo de governo, inquestionavelmente) é que qualquer um pode ser o que quiser, principalmente político. A despeito de preparo, plano ou ideologia, é possível se filiar a um partido e se candidatar a um cargo no legislativo. Se o sujeito for famoso, mais fácil ainda. Romário está endividado, falido e com problemas de pensão com a primeira mulher — andou dormindo na cadeia por conta disso. Uma fonte de renda fixa durante quatro anos cairia muito bem. O PSB no Rio de Janeiro tem pouca expressão.Ter Romário nos seus quadros é um chamariz e tanto dos votos de quem não está nem aí para a hora do Brasil. E como tem gente que não está nem ai para a hora do Brasil. Depois, é aquela multidão reclamando do transporte, da violência, da

Dignidade: o elo quase perdido

O número de pessoas que dormem nas ruas aumentou assustadoramente. Gente de todas as idades, crianças sozinhas e acompanhadas de outras crianças ou adultos. Estes, espalham-se em qualquer lugar. Enfiam-se em qualquer buraco, ou se deitam meio da calçada mesmo. Noite dessas, saí do trabalho bem mais tarde que o usual e me assustei o ver a marquise na esquina da Rio Branco com a Nilo Pessanha se transformar num albergue ao ar livre. Para mim, que passo ali na hora do rush, foi um susto. Os “hóspedes” arrumavam seus ninhos, uns comiam uma quentinha, outros se acomodavam em colchões improvisados. A cena rude se espalha por grande parte da cidade. A pobreza assusta, a falta de ação governamental também. Do que essas pessoas precisam? Trabalho? Casa? Se os tem, falta dinheiro e tempo para voltar para seus lares? O que é um lar? Muitas questões, mas nenhuma delas me é maior do que onde estaria ou quanto mediria a dignidade dessas pessoas. Talvez essa seja a maior falta de todas elas. Dormir é

Eu e o governo

Eu estou na situação. Agora eu trabalho para o governo do Rio de Janeiro. Há mais dois meses fui nomeado para um cargo na Secretaria de Planejamento e Gestão e toco um projeto que é considerado estratégico para o órgão. Alguns ao lerem estas primeiras frases devem estar pensando que o ZAD vai afinar e perder uma certa acidez em seu gosto. A estes digo que não. Mas a todos digo que é uma experiência pela qual muitos deveriam passar. Trabalhar para o governo, antes de qualquer coisa, tem o pressuposto de se trabalhar para a sociedade. E quem critica, deve fazer a sua parte, mesmo que pequena. Outro ponto interessante é constatar de muito perto que há pessoas sérias, com vontade genuína de melhorar as coisas — ou pleno menos tentar manter o que é bom. Após uma das primeiras reuniões das quais participei, uma pessoa se aproximou e me perguntou, com um largo sorriso: “Qual a sua impressão sobre o que está vendo? Você não sabia que existia gente séria na administração pública, confessa.” Ti

Permanência

Hoje, mais uma vez, passei pela incômoda experiência de ter que ir a uma cerimônia fúnebre. Incômoda pelo fato de eu chegar naquela fase em que as pessoas que fazem parte da sua vida há muito tempo começam a morrer. Quando somos mais novos, o contato com a morte é mais raro, quase acidental. Conforme envelhecemos, esse contato passa a ser uma contingência. Fazer o quê? A condição humana não nos deixa alternativa. Eu poderia parar por aqui, mas seria uma maneira simplista de ver a morte. Mais que isso, seria simplista a maneira de ver a vida. Uma coisa que me chama a atenção na hora da morte é o que somos enquanto vivos. Vida é diferente de permanência. A permanência é mais, já que tem relação com o legado que deixamos. Nossas obras, nossos exemplos, nossos amores e desamores, nosso jeito de ser e de olhar o outro. Comecei a perguntar a mim mesmo o que eu gostaria de deixar para as pessoas. Qual seria a minha herança, minha permanência além da minha vida terrena. A morte é uma das liçõe

Hino Nacional Brasileiro: Desconstruindo um símbolo

Está circulando na Internet o vídeo com a cantora Vanusa destruindo o que seria uma tentativa de entoar o Hino Nacional. Essa coisa de versões alternativas para o Hino Nacional começou a Fafá de Belém que, numa das jogadas mais oportunistas da indústria fonográfica brasileira, gravou uma versão na morte de Tancredo Neves. Sempre torci o nariz para versões heterodoxas para coisas que são clássicas. O hino nacional brasileiro é um clássico. No Brasil, ou se rejeita um clássico ou o desova numa vala comum. O nosso hino é lindo, emocionante e admirado por músicos de todo o mundo. E não precisa dessas desventuras. Fui pesquisar e descobri que existem tentativas de muita gente que deu seu “jeito” ao hino. De Luiz Gonzaga a João Gilberto, passando por Sandy e Junior. Isso tudo é muito motivado pela macaquice de querer fazer igual aos americanos fazem com o seu hino. Diferentemente do nosso, o Star Spangled Banner parece um hino de igreja protestante, o que tem tudo a ver com cultura daquele

Cada um na sua.

Kaká jogou muito no sábado. Participou de dois dos três gols que a Seleção fez nos argentinos, sendo que no terceiro, deu um passe primoroso para o Luiz Fabiano. Kaká tem sido merecedor da camisa 10 do time canarinho, seja por seu futebol, seja por sua postura. Ele é respeitado no mundo do futebol pelo seu profissionalismo e talento. Tanto que já foi eleito o melhor jogador do mundo e vive na lista dos possíveis eleitos desde então. Só que cismaram de implicar com o que o Kaká faz de sua fé. Desde que ele declarou ser membro da igreja Renascer em Cristo, não deixam o rapaz sossegado. Especula-se o dízimo que ele oferta na igreja, se ele doou o troféu de melhor do mundo, se ele dá dinheiro para os Bispos que dirigem a organização. No Globo Online , tem uma manchete que mostra o jogador participando de um culto comemorativo da reconstrução do templo que ruiu em São Paulo. Os comentários sobre a notícia, muitos deles induzidos pela própria imprensa, são jocosos até. As pessoas dizem que K
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Futebol Brasileiro. O único presente em todas as Copas do Mundo. Garantir a participação em 2010 vencendo a Argentina, no caldeirão que eles armaram foi maravilhoso. Já assistir o Maradona roendo as unhas, perdido no comando do time portenho, é impagável. Parabéns, Seleção Canarinho. Parabéns ao Dunga. Dou o meu braço a torcer: com ele, a Seleção voltou a ter gana de vitória.

Cadê?

Caetano Veloso, Chico Buarque, Ivan Lins, João Bosco, Aldir Blanc e tantos outros que passaram trinta anos cantanto, compondo e berrando contra a ditadura e os supostos governos de direita no Brasil estão calados. Cadê vocês? O partido, o homem, as cores e as idéias que vocês sempre defenderam chegaram ao poder. Gil, mais um da sua turma, virou ministro. Pelo visto, foi um excelente cala-boca. Ele inclusive grava DVD com o dinheiro do governo. Cadê vocês? Quando a Regina Duarte disse que tinha medo do Lula, Djavan, Gil e Chico gravaram um jingle que dizia: "Sem medo de ser feliz. Lulá lá." No mensalão, ninguém gravou jingle e o medo da Regina Duarte passou a ser o medo de muita gente. Cade vocês? Lula colocou o Senado Federal no bolso, fechou os olhos para as armações do Sarney e de tantos outros. Virou amiguinho de quem ele sempre criticou duramente. Nem uma declaração dos menestreis da pseudo-intelectualidade brasileira. Nem um discurso em shows, heim, seu Caetano? Nem uma

Robin Hood da Silva

Lula parece não ter mais limites, se é que já os teve. A última é comprar barulho com um de seus maiores aliados, Sérgio Cabral. Um ano antes da eleição, o “prisidenti” balança as estruturas de seu palanque nas terras fluminenses, ao propor que distribuição dos royalties pagos a estados e municípios seja revista para a exploração do pré-sal. Sérgio Cabral é notadamente um articulador que, ao se aproximar de Lula, aglutinou uma série de vantagens que governos anteriores não conseguiram. É histórico o quebra-pau entre Rio de Janeiro e Brasília. Desde que Brizola foi eleito em 1982, as torneiras federais se fecharam. Cabral virou cabo eleitoral de Lula, que o enche de afagos e ajudou colocar Eduardo Paes na prefeitura carioca. Tudo levava a crer que o caminho de Dilma nos recantos do Rio estava sendo construído. Mas o caldo pode desandar. A mim parece que Lula precisa tirar dinheiro de algum lugar para dar aos estados do nordeste. Lá estão os currais eleitorais da gente que dá sustentação

Suplicy, pede pra sair.

Suplicy, mostrou um cartão vermelho para o Sarney, numa das cenas mais hilárias do Senado Federal. Suplicy com cara de bravo é hilário. Suplicy cantado Cat Stevens e Bob Dylan é hilário. Em suma, Suplicy é hirálio. Suplicy, ficou na dele antes do Conselho de Ética arquivar as denúncias contra Sarney, numa das atitudes mais patéticas do Senado Federal. Suplicy dizendo que se pudesse votaria contra, mas que podia fazer nada, foi patético. Suplicy se dobrando ao generais do partido foi patético. Em suma, Suplicy é patético. Suplicy, agora é tarde. Pegue seu cartão e repita o gesto na frente do espelho.

O plano de Obama para os ricos e doentes

O americano clássico é patriota, conservador, protestante, tem arma em casa, come mal e tem problemas cardíacos. Ele é bem diferente do americano “tipo exportação” que estamos acostumados a ver nas séries de TV e nos filme de Hollywood. As mulheres não costumam parecer como a personagem da magrinha Sarah Jessica Parker e suas amigas, no seriado Sex And The City . Os homens não tem aquele glamour do George Clooney, em qualquer personagem que ele interprete. São pouco informados sobre o mundo fora dos Estados Unidos e os negros de lá se acham melhores que os negros de outras partes do planeta. A eleição de Barack Obama, às vezes, parece mais uma opção contra a mesmice da política americana do que quebra de preconceitos ou entendimento que era a hora de uma real mudança no american way of live . E Obama já começa a amargar o final do gosto da bala Juquinha. Além da queda de seu índice de popularidade, enfrenta a oposição ao seu plano para criar um serviço de saúde pública. Acreditem, nos

Choque de Ordem Vascaíno

Hoje os vascaínos tomaram o Maracanã. Comemoração dos 111 anos da agremiação esportiva e jogo pela segunda divisão do Campeonato Brasileiro, contra o Ipatinga. Aos meus olhos rubro-negros nada demais. A não ser pelo fato de que as calçadas das redondezas foram invadidas por carros dos torcedores cruzmaltinos. Aí é que está a contradição. Desde que iniciou seu governo, Eduardo Paes tem tomado algumas ações pela cidade que ele denomina de Choque de Ordem. Algumas são absurdas, pois são contra o melhor do espírito carioca e não melhora em nada a rotina da cidade. Já outras se fazem necessárias e devem ser apoiadas. Uma delas é inibir a bagunça de carros que se instala toda vez que tem jogo no Maracanã. O estádio foi construído numa época em que muito pouca gente andava de carro e sua localização é num bairro hoje ocupado por muitos prédios residências e ruas não muito largas. Quem mora perto do estágio, como eu, sabe que é um martírio não ter por onde passar, por conta das calçadas cheias

Tinha que ser preto...

Januário Alves Santana, 39 anos, baiano, mas mora em São Paulo há dez anos. Lá ele se casou, e teve dois filhos. Trabalha duro para dar uma vida digna à esposa e às crianças. Como qualquer pessoa, foi ao supermercado fazer compras. Sua filha mais nova estava dormindo e Januário decidiu ficar no carro enquanto a esposa e o outro filho entraram na loja. Até aí, tudo bem. Qual o problema de um pai de família ficar no carro com a filha pequena, no estacionamento de um supermercado esperando a esposa? Nenhum. Mas Januário tinha que ser preto. E, pelo visto, no Carrefour, pretos não podem ter Ecosport ou qualquer outro carro que não seja o meio de transporte esperado no imaginário coletivo dos jagunços que fazem a segurança da rede varejista. Ele foi acusado de ser um ladrão de carros, levado para uma sala e agredido, a ponto de ter o seu maxilar comprometido. Depois dos socos, veio um policial executar a agressão moral. Você tem cara de quem tem umas três passagens pela polícia, disse o PM.

Estrela Cadente

Caiu a casa. Ou seria a máscara. O PT não tem mais o direito de botar a mão no mastro da bandeira da moral política, da isenção e todo aquele blá-blá-blá. Se alguém achava que os políticos do partido iriam dar bola para a ingênua militância que vai às ruas, usa camiseta vermelha, paga o carnê e sua a estrelinha na blusa, agora não tem mais como se iludir. Sinto muito, petistas. Vocês foram enganados. Seus senadores são iguaiszinhos aos senadores deles. Não percam mais seu tempo, sua energia e seus sonhos com essa gente. Se eu fosse vocês, esvaziaria o partido, rasgaria a carteirinha e queimava a bandeira. A turma que vocês colocaram lá em Brasília é do esquema, joga o jogo, senta na mesa dos escarnecedores. E não se esqueçam de que os escarnecidos também são vocês. Parem de defender essa gente, pedir votos para eles, brigar com os militantes de outras visões políticas. Seus pastores roubaram a sua igreja, rasgaram a sua bíblia. Tenho mais uma má notícia. Como vocês comprovadamente não

Gatos Mestres

Um dia desses, estava eu no deleite de um cafezinho, no centro do Rio de Janeiro. Quando me aparecem dois senhores bem vestidos, aparentando serem de boa situação social, não só pela aparência, mas pelo linguajar. O assunto da conversa deles (impossível não ouvir) era o esquema que um dos honrados cidadãos tinha conseguido para colocar um gato da NET na sua casa. “Paguei cinqüenta pratas para o técnico e tudo resolvido. Agora eu assisto aos jogos em pay-per-view, sem pagar nada. É só colocar no canal, uma maravilha.” Ou seja, o que era pay-per-view se transformou em free-per-view, se é que o termo existe. Há alguns anos, numa festa de uma amiga do trabalho, algo similar aconteceu. Uma daquelas figuras que se metem em todas as conversas e falam sobre todos os assuntos, com a imprudência típica dos ignorantes metidos a enciclopédias humanas, contava com detalhes como fez a ligação clandestina do ponto adicional da TV a cabo em seu humilde chateou, na zona sul carioca. Há alguns meses, a

Feito Para Afundar

Realmente é o ano da França no Brasil. Nada contra os franceses, mas contras alguns brasileiros sim. Foi noticiado hoje que o Ministério da Defesa vai comprar quatro submarinos convencionais Skorpène , fabricados pela francesa DCNS. O valor da transação é de 6,8 bilhões de euros (R$ 19 bilhões). A decisão surpreendeu até o comando da marinha, principalmente porque havia outra opção técnica e financeiramente mais viável. A proposta francesa impõe a construção de um estaleiro no Rio de Janeiro. Em 2007 entrou em pauta uma parceria similar com a Alemanha. A proposta germânica incluía a venda de cinco submarinos e a modernização de outros cinco da frota brasileira. Isso tudo em parceria com o Arsenal da Marinha e sem precisar levantar uma parede sequer. Custo da operação? Algo em torno de 2,1 bilhões de euro. Estranho o rumo que certas coisas tomam nesse país. Decisões que atropelam qualquer embasamento técnico. Tudo é motivo para conseguir apoios internacionais. Aceita-se qualquer propost

Infância Forçada

Parece questão fechada. As pessoas estão desistindo de envelhecer. Envelhecer é complicado. Tem a limitação, o incômodo e a sensação de final. Mais que isso, as pessoas estão desistindo de crescer. Homens e mulheres feitos, em determinado momento, viram a chave ao contrário e iniciam um processo de reversão. Querem fugir das suas responsabilidades, decidem vestir as roupas dos filhos ou de quem teria idade para tanto, invadem as clínicas de estética e confundem bem-estar e saúde com impedimento de processos naturais. Tudo bem... Quem não quer ficar bem na foto e no espelho? Isso é legítimo e louvável até. Mas não dá para levar essa busca às últimas conseqüências. Como crianças, não sabemos mais criar nossas crianças. Delegamos isso à creche, à escola, à Discovery Kids ou qualquer coisa que nos alivie a responsabilidade de orientar uma pessoa e ajudar decisivamente na formação de seu caráter. Sempre se tem a sensação de alguém cuidará de resolver nossos problemas. Os pobres acreditam n

Bons Tempos

No Programa do Jô desta terça-feira, assisti uma das entrevistas mais prazerosas dos últimos tempos. A dupla Adílio e Julio César, ambos jogadores da geração de ouro do Flamengo, contaram detalhes de suas carreiras. Que maravilha de entrevista. Histórias, piadas, lembranças e reflexões de um tempo que não existirá mais no futebol. Era o tempo de um futebol belo, nas imagens e nos princípios. Quando os jogadores amavam seus times e respeitavam suas camisas. Numa época em que os times não terminam o ano com os jogadores que começaram, é bacana conhecer jogadores que passaram décadas defendendo o mesmo clube. Os dois craques são daquela espécie quem tem a cara do clube. Que eram pequenos torcedores, que se tornaram jogadores e depois voltaram a ser torcedores. Adílio (cuja capacidade de driblar em pequenos espaços era admirada por Zico) e Júlio César (apelidado Uri Geller , pela sua capacidade de “entortar” os adversários) tratam o Flamengo por, simplesmente, Mengão. Do mesmo jeito que eu

Stella Junia - Songbook

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Música religiosa, música gospel, música dos “bíblias”, música de igreja, música do padre da moda. Esqueça isso tudo. Há muito tempo, o maior pecado desse estilo é não conseguir aliar a sua mensagem a alguma riqueza musical. Pouquíssimos casos escapam. Perdão, Senhor. Eles não sabem o que fazem. Stella Junia sabe. Sua história musical remete aos tempos de berçário, literalmente. Oriunda de uma família de músicos, desde muito cedo despontou como um talento especial, jóia que precisaria de muito pouco trabalho de lapidação. Seus arranjos e suas composições a levaram a concorrer e ganhar vários festivais e a fizeram uma musicista respeitada tanto no meio sacro, quanto fora dele. Além de lecionar no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, ela é a pianista do coral da TV Globo, entre outras tantas contribuições. Sempre com uma influência marcante de ritmos brasileiros em suas composições, levou isso para os cultos protestantes, oferecendo um novo frescor à liturgia. Sua música é o seu

Na Inglaterra, até os ladrões falam Inglês.

O plano era simples: dar um golpe no país onde os golpistas existem em profusão. Férias perfeitas: aproveitar as belezas do Rio de Janeiro, pagando tudo mais barato do que na Europa e com a temperatura amena do inverno tropical. Só um detalhe foi esquecido. Nesse mesmo país dos golpistas, boa parte da polícia está com um olho no padre e outro na missa. As inglesas Shanti Andrews e Rebecca Turner tentaram aplicar a o “golpe do seguro” , dando queixa da perda de suas bagagens. Afinal, nada mais insuspeito do que ter suas malas desviadas no Brasil. Erraram no cronograma, fizeram depois o que era para fazer antes, foram pegas com a boca na botija. Trocaram um confortável albergue na zona sul carioca pela carceragem de uma delegacia na Baixada Fluminense e depois seguiram para o conjunto penitenciário de Bangu. Conseguiram um habeas corpus e devem estar gastando uma baba com serviços advocatícios. O caso é relativamente simples, coisa de ladrão de galinhas. A indenização para quem realmente

Mussum Forevis II

Esse é um lado que poucas pessoas conhecem, ou lembram. O Mussum músico, com seu grupo Os Originais do Samba. Este vídeo é uma raridade, um registro e tanto do carisma e talento desse artista.

Mussum Forevis

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Há quinze anos morria Antonio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. É, até hoje, o integrante mais cultuado dos Trapalhões. Mesmo com toda a exposição de Renato Aragão, Mussum é o cara que mais está na lembrança da rapaziada que era criança nas décadas de 70 e 80, principalmente dos cariocas. A maior prova disso são as camisetas com a sua esfinge que desfilam pelo Rio. Uma das lembranças mais divertidas que tenho de Mussum, curiosamente, não é com os Trapalhões e sim com o seu grupo musical Os Originais do Samba. Eles apareciam na televisão cantando um samba que narrava o aniversário da Mônica, personagem do Maurício de Souza (acho que era isso). O refrão era com Mussum cantando fino e com a língua presa, imitando o Cebolinha. Eu chorava de rir. Mussum era politicamente incorreto, o que essencial para um humorista. Hoje, no mundo castrado dos politicamente corretos, não se pode fazer humor sobre a condição social, a cor da pele ou problemas com alcoolismo. Mussum não estava nem aí para iss