Infância Forçada
Parece questão fechada. As pessoas estão desistindo de envelhecer. Envelhecer é complicado. Tem a limitação, o incômodo e a sensação de final. Mais que isso, as pessoas estão desistindo de crescer. Homens e mulheres feitos, em determinado momento, viram a chave ao contrário e iniciam um processo de reversão. Querem fugir das suas responsabilidades, decidem vestir as roupas dos filhos ou de quem teria idade para tanto, invadem as clínicas de estética e confundem bem-estar e saúde com impedimento de processos naturais. Tudo bem... Quem não quer ficar bem na foto e no espelho? Isso é legítimo e louvável até. Mas não dá para levar essa busca às últimas conseqüências.
Como crianças, não sabemos mais criar nossas crianças. Delegamos isso à creche, à escola, à Discovery Kids ou qualquer coisa que nos alivie a responsabilidade de orientar uma pessoa e ajudar decisivamente na formação de seu caráter. Sempre se tem a sensação de alguém cuidará de resolver nossos problemas. Os pobres acreditam na personificação governamental. Sempre se coloca alguém numa posição de pai. Getúlio, Juscelino, agora Lula e quem sabe Dilma — a primeira mãe. Se você está triste, frustrado, carente ou indeciso, o cartão de crédito cuida disso. Afinal, sua felicidade não tem preço. Se você não se sente mais seguro com o passar do tempo, botox por todos os lados. Senhoras desfiguradas e remendadas desfilam por salões de beleza, academias e boates. Senhores, em caro esforço, tentam competir com os mais jovens na disputa pelas gatinhas saradas. Mentes cada vez mais medonhas em sua burrice e lógica torta. Abandonaram a boa leitura, fui ridicularizado por dizer que estava lendo Hamlet. Todos querem mesmo é do “segredo”, às dez maneiras de fazer qualquer coisa chegar mais rápido, o segredo de tirar o gás da Coca-Cola sem abrir a tampinha. Presas fáceis para os marqueteiros.
E as crianças, querem ser adultos mais cedo. Mini mulheres, meninos machinhos com seus peitos pelados e carinhas lisas. Todos donos da verdade. Consumidores vorazes de qualquer coisa que os façam primeiro se diferenciar do grupo e depois torná-los iguais. Celulares, tênis, bolsas, maquiagens, videogames fazem a alegria dos pequenos e a dívida de seus pais. Pais estes que não sabem dizer não, que não colocaram os limitem e são os súditos de seus próprios feudos.
Esse mundo novo, nada admirável, me deixa assustado. Às vezes, sinto-me cercado, angustiado mesmo. Bombardeado por várias direções, tenho medo de sucumbirem minhas trincheiras. Ando meio melancólico, parece-me, com muita coisa que me cerca. Como o futebol, com os valores, com a música. Deve ser o sinal do meu processo de envelhecimento. Se tiver que ser assim, não fugirei.
Como crianças, não sabemos mais criar nossas crianças. Delegamos isso à creche, à escola, à Discovery Kids ou qualquer coisa que nos alivie a responsabilidade de orientar uma pessoa e ajudar decisivamente na formação de seu caráter. Sempre se tem a sensação de alguém cuidará de resolver nossos problemas. Os pobres acreditam na personificação governamental. Sempre se coloca alguém numa posição de pai. Getúlio, Juscelino, agora Lula e quem sabe Dilma — a primeira mãe. Se você está triste, frustrado, carente ou indeciso, o cartão de crédito cuida disso. Afinal, sua felicidade não tem preço. Se você não se sente mais seguro com o passar do tempo, botox por todos os lados. Senhoras desfiguradas e remendadas desfilam por salões de beleza, academias e boates. Senhores, em caro esforço, tentam competir com os mais jovens na disputa pelas gatinhas saradas. Mentes cada vez mais medonhas em sua burrice e lógica torta. Abandonaram a boa leitura, fui ridicularizado por dizer que estava lendo Hamlet. Todos querem mesmo é do “segredo”, às dez maneiras de fazer qualquer coisa chegar mais rápido, o segredo de tirar o gás da Coca-Cola sem abrir a tampinha. Presas fáceis para os marqueteiros.
E as crianças, querem ser adultos mais cedo. Mini mulheres, meninos machinhos com seus peitos pelados e carinhas lisas. Todos donos da verdade. Consumidores vorazes de qualquer coisa que os façam primeiro se diferenciar do grupo e depois torná-los iguais. Celulares, tênis, bolsas, maquiagens, videogames fazem a alegria dos pequenos e a dívida de seus pais. Pais estes que não sabem dizer não, que não colocaram os limitem e são os súditos de seus próprios feudos.
Esse mundo novo, nada admirável, me deixa assustado. Às vezes, sinto-me cercado, angustiado mesmo. Bombardeado por várias direções, tenho medo de sucumbirem minhas trincheiras. Ando meio melancólico, parece-me, com muita coisa que me cerca. Como o futebol, com os valores, com a música. Deve ser o sinal do meu processo de envelhecimento. Se tiver que ser assim, não fugirei.
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