La Isla de la Fantasia

A revista Veja, edição 2133, trás uma entrevista que, se não reveladora, é muito pertinente aos tempos atuais. Yoani Sánchez, 34 anos, é a timoneira do blog desdecuba.com/generaciony. O depoimento é rico por ser cheio de amor ao seu país e por ser de um realismo contundente. Mas pode ser sintetizado em uma frase: “Convido quem vê Cuba como um exemplo a vir para cá, sentir na pele o que vivemos.”

Coincidência ou não, há tempos venho pensando dos nossos comunistas “red label”. São aqueles caras que exaltam Cuba como o último recanto do comunismo no estado da arte. Mas que não largam suas vidas confortáveis nos países capitalistas. No Brasil, temos alguns exemplos notórios, tais como Chico Buarque e Oscar Niemeyer. Dois homens ricos e turistas na ilha caribenha.

A grande verdade é que os cubanos passam privações. São alfabetizados, mas só lêem o que o regime deixa. Dizem que a medicina de lá é desenvolvida, mas os velhos vivem de forma lastimável e os abortos clandestinos tem números assustadores. Não se faz um programa habitacional desde a década de 1950 e as famílias e suas gerações se amontoam e casas antigas e precárias. Os casais se divorciam por não ter privacidade e os suicídios por falta de perspectiva acontecem em profusão. Tudo escondido por números oficiais do governo dos Castro.

Cuba é uma alegoria. Parecida com um carro de escola de samba do segundo grupo depois da chuva. Tudo que se fala de bom daquele lugar tem um porém. Dizem que o regime cuida dos cidadãos, porém a maioria parece com nossos favelados. Dizem que todos lá sabem ler, porém a Internet é censurada, os livros são controlados e os jornais só falam o que o governo quer. O país se transformou numa grande senzala, como uma casa grande habitada pela família Castro, seu pai Fidel e seu séquito. Quem se rebela ou é devidamente cuidado pelos capitães do mato, ou vai para o grande quilombo estadunidense.

Estou para ver um desses defensores de Cuba se mudar para lá, de mala e cuia. Imagem Chico Buarque trocando seus passeios pela praia do Leblon, seus jantares em restaurantes caros e suas belas companhias femininas por um salário ditado belo governo e suas letras passando pelo crivo do censor. Ou então Niemeyer, aos 101 anos, trocar seu leito em um hospital de primeira linha pelos cuidados dos hospitais cubanos.

No dos outros é refresco.

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