Rio 2016. Feliz, mas com restrições.

Fato consumado, o Rio de Janeiro é a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Se eu disser que não estou feliz, estarei mentindo. Quando ouvi o anúncio, segurei no peito um impulso enorme de auto-estima e de orgulho por ser carioca. O Rio é a minha terra, minha referência, meu ponto cartográfico no planeta. Não conheço somente o Rio das belas imagens, por motivos pessoais e profissionais acabei conhecendo todos os bairros da cidade. Quando estou fora do Rio me sinto fora de casa. Todas as vezes que chego de avião, vem a mente o Samba do Avião.

Meses atrás, falei das enormes restrições que tenho com relação à realização das Olimpíadas. Elas ainda existem. Mas talvez seja a chance que o Rio precisava para mudar a sua história, principalmente a parte dos últimos vinte anos. Desde que a capital nacional foi transferida para Brasília, o Rio ficou meio perdido no seu jeito de ser. A era Brizola inaugurou uma espécie de funeral em vida da tanto da cidade quanto do estado. Chegamos a um ponto em que a coisa está insustentável. Ou mudamos, ou mudamos. O Rio de Janeiro que existe não combina com o perfil alegre e realizador do carioca. Agora o momento é de avaliar o que queremos para o Rio (e para o Brasil, de certa forma).

Chegou o momento de diferenciar e entender as políticas de governo e políticas de estado. A política de governo acaba no horizonte de um mandato. A de estado pensa e age num horizonte de longo prazo. Tudo é feito para que uma cidade, um estado e um país sejam melhores nos seus próximos 20 anos e continuem melhorando. Se for decidido fazer uma política de estado, teremos grandes vantagens sediando os jogos. Se uma política de governo for adotada, continuaremos a penar com os problemas que temos e mais, ficaremos endividados.

Temos tudo para fazer uma bela Olimpíada, mas temos tudo para fazê-la dar errado. Por isso temos que ser cuidadosos, atentos, fiscais. Se um país na América do Sul tinha que sediar as Olimpíadas, esse país era o Brasil e a cidade tinha que ser o Rio de Janeiro. Espero, sincera e fervorosamente, que sejamos — todos nós, cariocas e os brasileiros — muito bem sucedidos nessa aventura. Que realmente tenhamos um legado, um motivo duradouro para nós orgulhar. Que venham os Jogos Olímpicos de 2016 e que seus benefícios fiquem para sempre.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crocodilo falante

I Dreamed A Dream

Maio e Miles (Capítulo 4): Kind of Blue