Permanência

Hoje, mais uma vez, passei pela incômoda experiência de ter que ir a uma cerimônia fúnebre. Incômoda pelo fato de eu chegar naquela fase em que as pessoas que fazem parte da sua vida há muito tempo começam a morrer. Quando somos mais novos, o contato com a morte é mais raro, quase acidental. Conforme envelhecemos, esse contato passa a ser uma contingência. Fazer o quê? A condição humana não nos deixa alternativa.

Eu poderia parar por aqui, mas seria uma maneira simplista de ver a morte. Mais que isso, seria simplista a maneira de ver a vida. Uma coisa que me chama a atenção na hora da morte é o que somos enquanto vivos. Vida é diferente de permanência. A permanência é mais, já que tem relação com o legado que deixamos. Nossas obras, nossos exemplos, nossos amores e desamores, nosso jeito de ser e de olhar o outro. Comecei a perguntar a mim mesmo o que eu gostaria de deixar para as pessoas. Qual seria a minha herança, minha permanência além da minha vida terrena.

A morte é uma das lições mais contundentes para quem quer aprender a viver. Somos grandiosamente limitados. A morte é nosso lembrete que diz: Viva da melhor forma possível. Seja gentil, seja leal aos seus amigos. Esteja pronto para fazer o bem, não espere retorno e não tenha medida para isso. Assim, construa a sua permanência na mente e no coração dos que ficarem quando você partir.

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