Mussum Forevis

Há quinze anos morria Antonio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. É, até hoje, o integrante mais cultuado dos Trapalhões. Mesmo com toda a exposição de Renato Aragão, Mussum é o cara que mais está na lembrança da rapaziada que era criança nas décadas de 70 e 80, principalmente dos cariocas. A maior prova disso são as camisetas com a sua esfinge que desfilam pelo Rio.

Uma das lembranças mais divertidas que tenho de Mussum, curiosamente, não é com os Trapalhões e sim com o seu grupo musical Os Originais do Samba. Eles apareciam na televisão cantando um samba que narrava o aniversário da Mônica, personagem do Maurício de Souza (acho que era isso). O refrão era com Mussum cantando fino e com a língua presa, imitando o Cebolinha. Eu chorava de rir. Mussum era politicamente incorreto, o que essencial para um humorista. Hoje, no mundo castrado dos politicamente corretos, não se pode fazer humor sobre a condição social, a cor da pele ou problemas com alcoolismo. Mussum não estava nem aí para isso, se chamava de crioulo, em seus esquetes davam a entender que ele morava no morro, na favela (hoje conhecida com o nome macio de comunidade carente) e vivia num balcão de bar.

Mussum foi um dos últimos humoristas que riam e faziam rir de sua condição social. Falava errado de propósito, criava verbetes e plurais descabidos. Cacildis, forevis, baguncis e mais uma infinidade de palavras e terminadas em “is”. Sinto falta do negão na televisão. Mussum dava a impressão que a qualquer momento poderíamos encontrar com ele, principalmente no boteco. Mussum é uma das melhores recordações da minha infância. Pena minha descendência não ter alguém para ver tão engraçado como ele. Quem viu, viu.

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