E agora, Doutor?

A Medicina é uma carreira especial, intrinsecamente. O médico nos ajuda a evitar as doenças. Se essas são inevitáveis, ele nos conduz no tratamento e na cura. Se não há cura, ele vai nos mostrar o caminho para uma melhor possível vida. Se não existe a expectativa de vida, ele vai cuidar para que nossa morte seja o mais digna possível. Pelo menos é isso que esperamos de um médico. Talvez seja para isso que um sujeito escolha ser médico.

O caso do obstetra plantonista do Getúlio Vargas que escreveu no braço de uma paciente o local (e a linha de ônibus) onde ela deveria dar a luz a sua filha choca não somente pela frieza e certa crueldade, mas pela condição de exceção. Conheço muitos médicos, alguns deles são amigos queridos. Por isso, vejo que a coisa não bate. Sei da dificuldade do atendimento público, que o profissional de saúde tem que criar certo distanciamento dos pacientes até por uma questão de proteção do seu estado psicológico. Mas um caso grave deve ser cuidado como um caso grave, seja no leito mais luxuoso da cidade, seja na combalida rede pública, seja no campo de batalha. A falta de recurso não pode ser confundida com a falta de escrúpulos.

Nada vai trazer de volta a alegria do sonho e dos planos daquela mãe que perdeu seu bebê. Tratava-se de uma criança cuja vinda tinha a expectativa de toda uma família. Espero sinceramente que a prefeitura apure e aplique uma punição proporcional e exemplar. Do CREMERJ espero que nem o corporativismo, nem o excesso de critério esbarrem na leniência.

Comentários

  1. É lamentável... Discordo de que um médico tenha que manter distância.. não tem não! Ele deve ficar bem perto e entender principalmente seus próprios limites... não são deuses, nem magos... são e devem ser humanos... que pena que este não era!! Pobre mãe.

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