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Mostrando postagens de 2010

De 2010 para 2011 (como diz a música, nada será como antes amanhã)

No ano que se acaba Eu vi muita coisa. Decidi muita coisa. Mudei muita coisa. Senti dores, chorei, fiquei alegre, gargalhei. Aprendi a velha lição que não se pode agradar a todos o tempo inteiro. E que, por uma questão se sobrevivência (física, mental e espiritual), a gente tem que tomar decisões difíceis e definitivas. Continuei aprendendo sobre a incondicionalidade do amor de um pai para com seu filho (a). Percebi que, maior do que qualquer fortuna, ter amigos é um tesouro inigualável. Ganhei mas cabelos brancos, que disfarço religiosamente com uma máquina zero. Contudo, não nego que eles são fruto das minhas histórias, tragédias e comédias. Eu corri... Corri muito. Corri na rua, na esteira, no trabalho, na vida. Voltei a estudar ― aviso: estudar rejuvenesce e faz crescer. E o mais importante de tudo, eu tive a certeza que seu eu não buscar a minha felicidade, ela não vai cair no meu colo. Daqui a pouco começa um novo ano. Eu verei coisa. Decidirei muita coisa. Mudarei muita coisa.

“Quem tem fome tem pressa.” Quem tem medo também.

Ontem, a famosa frase de Betinho veio à tona numa discussão na pós-graduação. Já sob os efeitos dos ataques dos traficantes à cidade, as pessoas começaram a refletir sobre a situação que aflige os fluminenses há quase trinta anos. Vieram as perguntas sobre como os bandidos tiveram tanta facilidade e o que deve ser feito para solucionar o problema. A verdade é simples: tudo começou com o governo Brizola. Por motivos populistas e familiares, ele simplesmente ignorou o fato dos bandidos se esconderem nas favelas, fazendo os moradores (já tão sofridos) de escudos humanos e dando a contrapartida de ações que um estado ausente não lhes oferecia. Com o passar do tempo, as coisas se agravaram, já que, além da omissão estatal, vieram os defensores dos (direitos humanos) bandidos e a capilaridade dos canais de distribuição das drogas. Artistas, descolados, playboys, hippies chiques e toda a sorte de gente tiveram acesso aos traficantes e às drogas com muita facilidade. Nos anos 90, um movimento

O que o Brasil vai ser quando crescer? E outras perguntas.

Década de 1970. Brasil e Coréia do Sul são detentores do mesmo IDH* (Índice de Desenvolvimento Humano). Trinta anos depois, a Coréia do Sul tem um dos melhores índices de qualidade de vida, é uma economia de grande porte e seu povo tem um alto grau de educação e renda. O Brasil consome vorazmente produtos eletrônicos e carros (eles já são 25% da frota licenciada em 2010), ainda padece com uma desigualdade social enorme, muito concentração de renda, violência e pobreza. O que aconteceu neste período para que os dois países se tornassem tão diferentes? Alguém pode dizer: a Coréia do Sul é minúscula perto do Brasil e tem muito menos gente lá para se melhorar a vida. Eu responderia: mas o Brasil tem uma infinidade de possibilidades, espaço e posição logística estratégica e não temos um vizinho nos apontando armas. Temos muito mais vantagem que a Coréia. Falta-nos na verdade um projeto de país. Um projeto consistente, respeitado por todas as correntes políticas e governos. Um alvo, uma met

Um presente que dure.

Hoje é dia das crianças. Quem tem crianças por perto sabe do bombardeio que elas recebem nessa época. São propagandas e mais propagandas por minuto, estimulando o desejo de ter, comprar, usar e ostentar. É sabido também que os brinquedos estão cada vez mais instigantes, coloridos, interativos e (lógico) caros. Mas será que é isso mesmo que queremos para nossos pequenos? Qual o presente que você vai dar (ou já deu hoje) para a criança que está perto? Eu faço um mea culpa, dei um presente que não é dos melhores. É de plástico e usa — ou melhor, desperdiça — água. Depois que a caixa foi aberta e o brinquedo montado, eu me dei conta. Está feito... Mas aí veio o questionamento. Se formos pensar nas respostas usuais, lembraríamos que amor, atenção e presença seriam os melhores presentes a se dar a uma criança. Contudo, para essa geração que vive no limite de uma nova fronteira ambiental, possam existir outros presentes tão importantes quanto. Educação ambiental, princípios de respeito ao pró

Perdoar a mim mesmo.

Não li o livro, mas no filme Rezar Comer Amar tem uma cena em que o personagem de Julia Roberts, Liz Gilbert, ouve a seguinte frase de seu mentor espiritual durante sua passagem pela Índia (interpretado por Richard Jenkins): “Perdoe a si mesma.” Aquela frase me veio como um grito aos meus ouvidos. Eu presido me perdoar. Nem tudo que não deu certo na minha vida foi necessariamente por culpa minha. E mesmo nas coisas que eu tive responsabilidade total, errei na tentativa do acerto. Perdoar a si mesmo — e trocar a dor da culpa pelo alívio da lição aprendida com a falha — pode ser uma experiência libertadora. Os erros, assim como os acertos, trazem conseqüências. Fica muito mais difícil lidar com essas conseqüências e seguir a vida com o peso de uma auto-condenação. Perdoar a si mesmo tem tudo a ver com amor próprio. Logo, seu eu me amo, não vou ficar me condenando, mas sim buscar a solução e tentar achar meios de não errar novamente. Tentar. Porque nunca estarei livre de errar. Vou perdoa

O herói e os vampiros: Um eposídio na história de Zico

Os usurpadores do Flamengo venceram novamente. Desferiram um golpe covarde em nosso maior ídolo. A torcida deve protestar de forma veemente, porém pacífica, contra estes vampiros encastelados na Gávea. O que Zico fez pela história e pela glória do Flamengo não será alcançado por estas pessoas nem se todos eles juntos mais de mil anos. Os verdadeiros rubro-negros sabem diferenciar o joio do trigo. É preciso que haja um movimento de moralização dentro e fora do Flamengo. Todas as tentativas de organizar as contas, moralizar a administração e profissionalizar o futebol são frustradas por causa desta gangue travestida de servidores rubro-negros. São, na verdade, uma grande fraude. Zico, você sempre será o nosso maior herói, o nosso Galinho de Quintino. O craque, o lider, o homem honrado, o exemplo. Eu teria um desgosto profundo não somente se faltasse o Flamengo no mundo, mas se faltasse você na história do Flamengo. Força sempre, Galinho. Muito obrigado por tudo.

Voto Cabresto Gospel

O que seria mais relevante para o Brasil? Aprovação do casamento entre homossexuais ou diminuição da violência nas grandes cidades e melhores índices de educação, moradia, saneamento básico e saúde pública? Pois bem, a turma dos pastores neo-pentecostais está doutrinando os seus respectivos rebanhos a votarem em determinados candidatos há bastante tempo. Contudo, nesta eleição a coisa passou dos limites. Talvez pela difusão causada pela Internet e pela força política e financeira que eles adquiriam, o que estamos assistindo é uma verdadeira enxurrada de mensagens, sermões e afins tentando, digamos, direcionar a escolha de candidatos. Na visão deste arremedo de cronista que vos escreve, um “pastor” deveria orientar a sua “igreja” analisar as propostas de um candidato e avaliar se aquilo será bom para o presente e o futuro de seu povo. Povo quer dizer nação e não uma parcela da sociedade que defende esta ou aquela posição. Se um governante é a favor da eutanásia, por exemplo, não quer d

Já pra casa, menino!

Neymar, bom de bola, campeão paulista e da Copa do Brasil, garoto da Vila. Ai é que está o ponto: apenas um garoto. E bem mimado. Se não foi pelos pais na infância, tem sido pelo clube, pela mídia e pelo público. Quando Dunga não convocou nem ele — e nem o Ganso — para o Mundial da África do Sul, a coisa poderia ter dois rumos, ou o cara amadurecia e baixava a bola ou, (como ocorreu) no caso de fracasso do Brasil, se acharia o tal. Para piorar, veio o Chelsea com a mala cheia de dinheiro querendo levar o menino. Há pouquíssimo tempo, uma reportagem mostrava Neymar na auto-escola, tomando aulas de direção e parando para dar autógrafos. Há menos tempo ainda, vi outra matéria com ele dirigindo Volvo XC60 (carrão daqueles de entortar pescoços). É tudo muito rápido, da pobreza para a sobre abundância num piscar de olhos. Como garoto, Neymar joga brincando. Gramado para ele é o play. Garotos no play brincam, mas também fazem bagunça, xingam e, por vezes, saem dos limites. Só que tudo não pas

Etiquetas na testa

Na última quarta-feira, participei de uma atividade que discutia sobre rótulos. Era basicamente assim: colocava-se uma etiqueta na testa das pessoas com uma característica que poderia ser ou não condizente com ela. As demais pessoas deveriam tratar umas as outras de acordo com o que estava escrito na etiqueta. Notadamente, algumas pessoas portaram etiquetas (e, conseqüentemente, rótulos de personalidade) muito diferentes do que realmente eram. Isso gerou uma discussão muito rica. Contudo, fica sempre a reflexão que fazemos sozinhos depois que a atividade acaba. Eu, por exemplo, fiquei pensando nos rótulos que me foram impostos e nos que eu mesmo os impus a mim. Rótulo é uma síntese, uma redução — e como tal corre o risco de ser erronia. Rotulamos as pessoas ou grupos sociais e, via de regra, não damos espaço para alterações destes rótulos ou para a agregação de outras características. Depois de rotularmos, esperamos um comportamento e um estereótipo determinado. Assim, o rotulado é ac

Uma mensagem para a torcida do Flamengo (Rubro-Negrismo Racional)

Achei excelente o post de Arthur Muhlenberg, em seu Urublog. Sendo assim, reproduzo o texto aqui no ZAD. " Mais Uma Boiolagem Que Chegou de Nova York" "Todo mundo sabe que graças à um punhado de nova-iorquinos com diploma superior cheios de complexo de culpa e com muito tempo livre existe hoje no mundo uma ditadura do pensamento politicamente correto que engessou nossa linguagem, estimulou a nossa falsidade e ocultou as nossas opiniões. No submundinho do futebol em que vivemos rola quase a mesma coisa, é fácil perceber que existe uma acanalhada posição futebolisticamente correta. A exemplo de seu cínico primo nova-iorquino, o pensamento politicamente correto, o pensamento futebolisticamente correto tem a profundidade, a consistência e a transcendência análoga a de uma poça d’água formada pelo pinga-pinga de um aparelho de ar condicionado se evaporando sob o sol no pátio de um estacionamento. O pensamento futebolisticamente correto se resume em duas ou três frases com a p

Para o meu pai.

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Levava na escola, na igreja, no ensaio do coral, no futebol, no Circo Orlando Orfei, nas apresentações do Hollyday on Ice, no zoológico. Desmontava bicicleta, colocava a bicicleta no carro, montava novamente para gente andar. Depois fazia o roteiro inverso para o retorno a casa. Cinema? Incontáveis vezes. Maracanã? Depois de muita insistência, mas está valendo. Fez de tudo para que nos formássemos em boas escolas, pagou caro por isso. Adiou seus sonhos em prol dos nossos. Nesse final de semana comemora-se o dia dos pais. Vou aproveitar a data, para dizer o quanto amo meu pai. Não quero ficar gastando palavras. Só quero dizer isso: eu amo o meu pai. Por muitas vezes, o filho só entende o pai depois que vira pai também. O que parecia sem sentido é aclarado de forma escancarada. Obrigado, pai. Por muitas coisas, todas elas. Obrigado até hoje. Eu e minha irmã devemos muito a você. Espero saber retribuir tudo o que você fez e faz por mim. Hoje, somos homem e mulher feitos. Somos diferentes

Toda a unanimidade é...

Eu tinha me prometido que não tocaria mais nesse assunto de envolvimentos de jogadores do Flamengo com o crime (organizado ou não). A promessa foi motivada por achar que o futebol deve ser analisado do ponto de vista dos resultados e dos fatos envolvendo os jogos e as instituições. Vou quebrá-la agora Pausa para os fatos: o Flamengo foi campeão da Série A do Campeonato Brasileiro em 2009, ao passo que clubes que se julgam os guardiões da moral e dos bons costumes saíram da degola no apagar das luzes do campeonato. Sigamos... A galhofa que se faz do resultado das partidas, a brincadeira do dia seguinte é bacana. Mas o caso Bruno fez as pessoas perderem as estribeiras. Não bastasse o prejuízo à imagem do clube de maior torcida do país, há de se aturar gente que mistura um delinqüente formador de quadrilha — que, convenhamos, é um excelente goleiro — com a torcida do Flamengo. Verdades absolutas e instantâneas são perigosas. Mais ainda se formuladas sob os efeitos da paixão. O crime choca

Stevie Wonder - Too High

Faz tempo que não se fala única e exclusivamente de música por aqui. Não vejo momento melhor. Vamos então de Stevie Wonder. Não vejo alguém melhor. Innervisions (Tamla/Motown, 1973) é um dos discos mais interessantes de Wonder. Está recheado de sucessos. E sucesso é aquilo, sempre tem regravações e novas versões. Deixo aqui a versão original de Too High uma leitura mais recente, de 2008, gravada por Dwele, um artista do neo-soul americano. Stevie Wonder é um dos artistas mais importantes da história da música do século XX. Sua música é soul... é alma. Too High... Stevie Wonder - Too High Dwele - Too High (Stevie Wonder Cover)

O que mata é o goleiro...

Bruno, o goleiro do Flamengo, entregou-se. Pudera, já não era sem tempo. Se for comprovada a culpa (e pelo visto não há mais o que negar), meu desejo é que ele pague o preço de tamanha barbárie nos rigores da lei. Como se fosse pouco, Bruno não só mandou matar a Eliza Samudio. Ele deu cabo da moça, fez picadinho desta e a serviu de alimento aos cachorros. Para terminar, concretou os restos do banquete. É o supra-sumo da maldade. Coisa que nem nos filmes mais macabros costumamos ver. Piadinhas a parte, fico triste por este monstro estar no meio esportivo brasileiro. Mais ainda, por ele ter defendido as cores do meu time de coração por tanto tempo. O goleiro é um personagem peculiar nos campos. Ele se veste diferente, joga com as mãos e geralmente impõe respeito. Tem até um ar de super-herói. A camisa de Bruno é uma das mais vendidas nas lojas de esportes. Meninos de todas das idades, dos quatro aos quarenta, vestem a malha amarela com a assinatura do jogador. E agora? Para o Flamengo, p

Bola pra frente.

Acabou. A segunda Era Dunga está terminada. Nada demais, tudo de bom. Muito provavelmente, nos livraremos de Felipe Melo, aquele jogador com alma de Caveirão da PM. Estaremos libertos também de um técnico que, mesmo sendo coerente, era descompensado e rancoroso ― nada explica não ter dado uma última chance a Ronaldo Gaúcho, só mesmo os dribles que este dera em Dunga quando ainda na ativa. Poderemos ver se Neymar e Ganso são isso tudo vestindo a amarelinha, ou se são somente suposições. Surgirão outros craques que farão jus à tradição brasileira no futebol. Teremos a obrigação de ter uma seleção espetacular, haja vista a realização do mundial em nosso solo. Seleção Brasileira não é local de apostas e de tribos. Sendo assim, o cargo de técnico certamente não será ocupado por alguém que tem pinta de estagiário que não agüenta a pressão. Técnico da Seleção é isso aí, pressão 100% do tempo. Cobrança atrás de cobrança. Todo mundo se metendo e dando palpite. O incomodado que se mude. A vida c

Good luck, Nigeria.

A agência de notícias Reuters anunciou: a seleção de futebol da Nigéria ficará dois anos fora de competições. Determinação do presidente do país, Goodluck Jonathan, que não ficou nada contente com o desempenho do time da Copa 2010 e visa uma revisão da estrutura do futebol nigeriano A Nigéria é um país com certa freqüência nas últimas competições internacionais. É medalhista olímpica no esporte, batendo o Brasil (com Ronaldo e Rivaldo em campo). Tem jogadores espalhados pela Europa é tinha uma grande expectativa dos africanos de passarem, pelo menos, a primeira fase da Copa. Mesmo dividindo o grupo com a Argentina. No final das contas, foram desclassificados pelo arremedo de time de futebol grego. Olha, se a medida não passar de demagogia e surtir efeito, será um grande exemplo para africanos e alguns medalhões do futebol internacional. Principalmente, a França, pagadora do maior mico deste mundial. O nome do presidente nigeriano é sugestivo. Goodluck, não é nada mais do que “boa sorte

Restos Mortais

As pessoas que convivem comigo sabem do meu profundo incômodo com os porcalhões que sujam as ruas e com os fumantes que fumam em locais fechados e que jogam suas malditas guimbas de cigarro no chão das ruas. Há uns 15 dias, tive um baita prejuízo causado por um exemplar da espécie. O tal, ao entrar num edifício, atirou os “restos mortais” de seu cigarro na rua. O detalhe é que ainda estava acesso e acertou em cheio o meu paletó. Queimou. Lá se foi um belo paletó azul-marinho de lã fria. Hoje, mais uma cena bizarra. Um jumento (Ops! Desculpem-me.), um senhor termina sua sessão de suicídio e joga o raio da guimba no chão. O inesperado da situação é que ele estava ao lado de uma lata de lixo. Ele chegou a se apoiar nela, enquanto esperava o sinal abrir! Tem gente que me diz que estou ficando neurótico com isso. E devo estar mesmo. Vamos lá, uma coisa é escolher fumar, outra é não obedecer a regras simples de convivência em grupo. Os espaços públicos deveriam ser tratados como algo de todo

A chata bajulação aos argentinos

Tudo bem, a Argentina teve uma vitória inconteste sobre a Coréia do Sul. Tem um ataque perigosíssimo e um cracaço de bola, Messi. Mas eu não compreendo essa adulação de alguns setores da imprensa brasileira com os argentinos. Começa com essa mania de chamar nossos vizinhos de “hermanos”, coisa que eles não são. E se bobear, eles não nos consideram como tais. E vai até o apontamento precoce da Argentina como favoritíssima ao título. Estamos somente na segunda rodada. A Alemanha, que ganhou de goleada com um futebol vistoso, foi atropelada pela zebra sérvia. O futebol tem dessas coisas. Como apreciador e acompanhante do futebol, jamais desmereceria a Argentina numa Copa do Mundo. Em 1990, com um lance (de Maradona) ela tirou o Brasil da competição, veio a empolgação e ela só foi detida na final pela Alemanha. Mas, muita calma nessa hora... Se o ataque da Argentina é um trator, a defesa é uma peneira. Quem conseguir passar pelo meio-campo, chegará ao gol facilmente. Lembremos do 3X1 do Br

Morninha, morninha.

A Copa está morna. França e Uruguai fizeram um jogo que em nada deixaram a dever uma partida ruinzinha do Campeonato Carioca — com direito ao botafoguense Loco Abreu e a cara-de-pau de Thierry Henry ao reclamar de um toque de mão do adversário. De bacana mesmo ontem foi o golaço de Tshabalala e a belíssima camisa da seleção mexicana. Mas camisa bonita e golaços não ganham campeonato. Hoje, estréia dos medalhões Argentina e Inglaterra. Messi arrebentou, era para ser um passeio da Argentina, mas não combinaram com o goleiro nigeriano. Enyeama, vestido de amarelo (lembra alguma coisa?), fechou o gol e impediu uma goleada do hermanos. Ingleses e americanos fizeram um jogo interessante. A Inglaterra (com mais uma bela camisa em campo) fez o que a cartilha manda, mas abriram a porta da granja e um frango atrapalhou os planos dos súditos de Elizabeth II. Resultado, outro empate na primeira rodada. Brasil... Mas um treinozinho, em segredo, fechado à imprensa. O que será que Dunga esconde tanto

Protejam os Craques

Em todas as versões da Copa do Mundo vemos casos de cortes por contusão. Mas, geralmente, são os cabeças-de-bagre que se machucam e são cortados de suas respectivas seleções. Há exceções, como os casos do zagueiro Mozer (1990 e 1994) de Romário (1998). Só que parece que a exceção é regra nesta edição da competição. Baixas como David Beckham (Inglaterra), Michael Ballack (Alemanha), John Obi Mikel (Nigéria) e Michael Essien (Gana) são nomes que desfalcarão os campos da África do Sul. Isso sem contar o paraguaio Salvador Cabañas, carrasco do Flamengo na Libertadores, convocação certa, que foi vitimado por um tiro na cabeça, numa confusão de bar na cidade do México. A bruxa parece continuar solta. Ontem, um japonês maluco acertou o cotovelo de Didier Drogba, da Costa do Marfim, que agora corre o risco altíssimo de não participar da Copa. Hoje, o holandês Arjen Robben, meio-campista de primeira linha, caiu sozinho e lesionou os ligamentos do joelho esquerdo. É realmente uma pena, menos cra

Uma Exaltação à Elegância

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Caros leitores deste humilde sítio virtual, os que me conhecem mais proximamente sabem do meu apreço pela elegância. Elegância no sentido completo. No tratamento ao próximo, nos modos, nas relações comerciais e de trabalho e (claro!) na maneira de se vestir. Os ingleses sempre foram mestres neste quesito. É só observar a maneira como a família real se veste, são modelos a serem seguidos. Até o desengonçado ex-premier Gordon Brown tem os ternos bem cortados e exibe uma bela coleção de gravatas. A seleção de futebol inglesa embarcou para a África do Sul dando uma lição de elegância. Enquanto os escretes* de outros países desfilam seus moletons das marcas de material esportivo, os súditos de Elizabeth II dão um banho em sua indumentária. A foto ao lado mostra o momento do embarque. Ternos (trinômio calça-colete-paletó) na cor cinza, camisas azuis e gravatas pretas, todos muito bem ajustados. As belíssimas aeromoças em vermelho (a de cabelo castanho, à esquerda, com seu olhar intrigante, p

O Professor e o Imperador

Ontem foi anunciada a seleção que vai representar o Brasil na Copa do Mundo. Independente das opiniões se o time é bom, se tem muito cabeça-de-bagre ou se o Neymar e o Ganso deveriam estar na lista, Dunga já nos deu uma grande lição. Nos últimos tempos, a palavra coerência andou sumida. Ao responder as perguntas dos repórteres e, principalmente, ao explicar a ausência de Adriano no plantel canarinho, o técnico deu uma aula de princípios. Nesses quase quatro anos, Dunga não abandonou sua maneira de pensar como deve ser o jogador de uma seleção brasileira. Ele testou mais de oitenta jogadores e (lógico) errou em muitos dos testes. Contudo, se passarmos uma linha de medida, todos os jogadores que embarcarão para África do Sul tem um perfil parecido: foco no objetivo. A lição de Dunga nos mostra que num grupo a credibilidade de um líder está intimamente ligada a sua maneira de viver o que prega. Dunga sempre pregou o comprometimento, a vontade e o mérito. Dessas três, o mérito me ressalta

Racismo Metodista

Prezados leitores do ZAD, acabo de ficar sabendo de uma das maiores aberrações dos últimos tempos. Está acontecendo, na Gamboa (RJ), nos dias 07 e 08 de maio o 1º Encontro da Juventude Negra Metodista, cujo tema é “Testemunhado os sinais da graça: Resgatando a negritude na unidade do corpo de Cristo.” A divisa (texto bíblico que fundamenta usado para fundamentar esse delírio) está no livro do profeta Isaías, capítulo 18, versículo 7, teve suas palavras retiradas de um contexto completamente diferente. Trata-se de uma profecia contra a Etiópia, que na época de Isaías era um povo muito diferente do que conhecemos hoje: muito forte e (já) violento. Por falar em contexto, nada mais descontextualizado do que este encontro. O mundo deveria caminhar em outro rumo, o da união e não o da separação. Quando um grupo de acha no direito de promover um encontro somente com temas raciais, fundamentam-se em preceitos religiosos, estamos assistindo a armação de uma bomba-relógio. Luta contra o racismo

Entre o Barranco e a Legalidade

Depois da tragédia das chuvas, muitas famílias serão transferidas para casas populares espalhadas pela cidade do Rio de Janeiro. Nessas casas, as pessoas estarão protegidas das enchentes e dos deslizamentos de terra nas encostas cariocas. É uma boa notícia, sem dúvida, já que isso preserva vidas. A discussão sobre distância do local de trabalho e estrutura de transporte é importante, sem dúvida, mas não cabe na analise em foco. Ao entrarem nas casas oferecidas pela prefeitura, essas famílias entrarão também no mundo da legalidade e da formalidade. Eis aí a dicotomia. Antes, muitos desses núcleos familiares não arcavam com suas despesas de gás, luz, água, IPTU e tantas outras despesas que para uma grande parcela da população fazem parte de sua rotinas de pagamentos. As casas antigas funcionavam com “gatos” de energia, água e TV à cabo e o alimento destas pessoas eram oriundos de doações e programas assistenciais. E agora? Como vai ser a vida dessa gente? Qual será a reação quando chega

De Novo...

Partida entre Palmeiras e Atlético Paranaense. Escanteio a ser cobrado, disputa dentro da pequena área, cabeçada do negro Manuel no (nitidamente descendente de nordestino) Danilo. Resultado: cusparada e xingamento, “Macaco!”. O futebol é um dos retratos 3X4 das sociedades. Temos vários exemplos. A proximidade dos gaúchos com os argentinos se reflete na hora de comemorar o gol, quando a torcida desce até os alambrados, num movimento muito similar ao dos portenhos. Nos momentos de crise econômica, os torcedores de países europeus hostilizam os jogadores estrangeiros. O craque francês Zidane encerrou tristemente sua carreira, dando uma cabeçada num zagueiro italiano, ao ser chamado de “terrorista sujo”, reflexo do preconceito com relação a sua ascendência árabe. Na quinta-feira passada não foi diferente. Basta uma situação de competição, de pressão ou de contradição e essa face feia das relações humanas é revelada. O futebol é um tubo de ensaio, um campo amostral do que ocorre na vida co

Sobrepeso

Corintiano é um ser engraçado. Eles mesmos se dizem loucos... Ontem, reclamaram muito do Ronaldo. Xingaram o craque adiposo. Dizem que ele está perdendo muito gols e acima do peso. Parece piada, mas é verdade: estão reclamando porque o Fenômeno está gordo. Ué! Mas ele já foi para o Curíntia gordo. Mais até do que atualmente. Estão reclamando do que, então? Não era bonitinho o fofinho fazendo gol? Perdeu a graça? Como diria o saudoso Bussunda, o Ronaldo do Casseta & Planeta: Fala sério!

A Casa da Tijuca - 2: Nomes

Teve gente me perguntando o que era a tal casa da Tijuca. Teve gente que já conhecia a casa e entendeu na hora. Mas é necessário dar nome aos bois. No caso, a casa é o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB). As notícias que de lá saem são as piores possíveis. Uma dívida de R$ 3 milhões. Seiscentos mil reais em mensalidades atrasadas. Pasmem, os estudantes — em grande parte assistidos por igrejas batistas — são parte do problema. Salários de funcionários atrasados. Estes, por sua vez, perdem o sono, o sossego, a paz e até as casas. As dívidas crescem, as do seminário e de seus funcionários. E reclamar é proibido. Coisa do demo, já disseram... No filme Advogado do Diabo, o próprio (interpretado por Al Pacino) diz o seguinte: — O meu problema é que o assessor de marketing dEle é melhor que o meu. Sinceramente, não acredito que o cramulhão tenha um marqueteiro. Mas estou começando a acreditar que tem gente querendo assumir a função. Sim, senhores, tem gente que acha que a ins

Mãos ao Alto, Rio!

A aprovação da emenda Ibsen pela câmara federal nesta semana foi uma bela facada nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Não sou capixaba, não moro por aquelas bandas. Portanto não me sinto à vontade para falar por parte de quem é daquele estado. Mas sou carioca até (ou melhor, desde) o osso, então me sinto no direito de falar o que penso da traquinagem aprontada em Brasília. Como não bastasse o estrago prenunciado e assinado por Ibsen Pinheiro. Dizer que é injusto o Rio de Janeiro receber os royalties de petróleo, ao invés destes serem distribuídos por todos os estados da federação é um sinal de leviandade. Mais injusto ainda é o deputado gaúcho dizer que a manifestação de 150.000 fluminenses o fez lembrar a passeata que aconteceu no Rio quando os militares tomaram o poder em 1964 e as manifestações populares contra Oswaldo Cruz. Chega a ser insultante. Ainda mais se lembrarmos dos movimentos das Diretas Já e dos “cara-pintada”, no processo de impeachment de Fernando Collor

A Casa da Tijuca - Parte 1

Era uma vez, certo lugar na Tijuca, cercado por uma paisagem bucólica, bem aos pés do Maciço. Esse lugar era considerado uma referência na formação de lideres de uma denominação protestante. De saíram grandes exemplos de respeito, postura e como ajudar as pessoas a se aproximarem genuinamente de Deus. De uns tempos para cá, este lugar vem sendo mal tratado. E não falo somente do mato que cresceu ou do campo de futebol enlameado. Falo do que estão fazendo da instituição. Lá é uma casa de ensino, sendo assim, seus mestres e demais servidores são partes essenciais no seu existir. Entretanto, essa gente tão importante está perdendo o sono, chorando pelos cantos, sem palavras para explicar o (em tese) inexplicável. O livro mais estudado daquele lugar é a Bíblia. E nela está escrito: Digno é o trabalhador de seu salário (Lc. 10:7). Ensinaram a lição, mas não têm exercitado a aplicação. A penúria da casa não vem de hoje, arrasta-se há quase duas décadas. O que parecia ser não era. Como dever

Bial pensa que é miau

Nesta semana, assisti o BBB 10 e descobri que a coisa mais esdrúxula desse programa está do lado de fora da casa. Pedro Bial está se transformando no maior velho babão da televisão brasileira. Ele não perde a oportunidade de cantar as mocinhas do programa. Uma das coisas mais honrosas que um homem pode escolher para si é saber envelhecer. Isso não significa adotar o pijama e se alojar numa cadeira de balanço. Até porque tem muito velho cuja vida é bem mais interessante do que em seus tempos de juventude biológica. Há gosto para tudo. Tem mulheres que gostam de homens mais velhos, tem as que gostam de homens mais novos, tem os que não suportam gente mais velha e os que não têm a menor paciência e interesse pelos mais novos. Todas essas opções são passíveis de respeito, mas quem se aventura em gostos heterodoxos deve ter um pingo de semancol. O Bial já é um cérebro desperdiçado na ancoragem daquele programa de miolos moles. Se entrar numa de ficar cantando as mocinhas em busca da fama va

Taxa de serviço

Já disse antes: o Rio não pode errar. Ter sido escolhida sede das Olimpíadas de 2016 e ser, muito provavelmente, o palco da final da Copa de 2014 faz da cidade mais vitrine que nunca. Já tivemos alguns exemplos disso. O faturamento com turismo no verão chegou a quase R$ 1 bilhão. Reflexo do que a perspectiva de um evento mundial pode nos trazer de bom. Mas temos ainda um longo caminho. Além de aprender a não sujar as ruas e mantê-las limpas, é preciso resolver o caso de mendigos e pedintes, organizar os transportes e aumentar a sensação de segurança da população. Entretanto, se existe algo que estamos a anos-luz de melhorar, é o atendimento nos serviços oferecidos na cidade. No Rio, a gente tem que conviver com uma sensação de que os prestadores de serviço não estão nem aí em nos atender e nos tratar bem. É só reparar como os cobradores e motoristas de ônibus, bilheteiros de trens e metrô e muitos taxistas tratam que utiliza estes serviços. Os garçons merecem um comentário especial: at

Sol na Terra

Carnaval ensolarado. Na verdade, uma chance de aproveitar o Rio de Janeiro sem o trânsito fustigante sob o calor senegalês que nos ataca nos últimos tempos. A lagoa Rodrigo de Freitas pouco freqüentada, fácil achar uma vaga. Ela anda no carrinho elétrico conduzido pela prima, é alegria. Depois tem a cama elástica, gargalhada farta aos pulos e tombos macios. Chora ao se despedir da prima (a qual chama de irmã), dorme exausta... Dia seguinte, praia. A areia branca e quente da Barra da Tijuca é arrefecida pela tradicional água gelada. Para ela não existe a menor diferença, é tudo diversão pura. Aponta e diz: “Quero ir lá! Na água.” Pula as ondas, descobre as pequenas conchas, fica intrigada com as pegadas apagadas pelas marolas. Cabelos de ouro enrolados brilham ao reflexo de seu sorriso largo. Ela é luz, é sol. Meu sol na terra. Deveria ser sempre assim. Mas tudo se acaba na quarta-feira.

Maconha Ltda.

Antes de qualquer coisa, quero declarar que sou contras as drogas. Mais que isso, sou contras a hipocrisia das classes média e alta, que são os maiores consumidores de drogas no Brasil e depois ficam chorando carambolas aos ter seus filhos entregues ao bel prazer dos traficantes ou mortos pelas overdoses ou pelas balas perdidas. Sou a favor da prisão de quem cultiva, processa, distribui, compra e consome. Para mim, são todos elos nesta corrente nefasta. Na Revista do jornal O Globo de domingo, 07 de fevereiro de 2010, a reportagem da capa (Causa Própria) fala sobre a nova moda entre os maconheiros: cultivar em casa a própria maconha. O personagem principal é um marmanjo de 34 anos, que mora com a mãe em Copacabana e planta canabis no banheiro da suíte. O sujeito é emblemático. Bem nascido, mora em bairro nobre, estudou na Escola Corcovado e ainda deu a entender que alguns de seus coleguinhas de sala de aula freqüentavam também a de boca de fumo. Seu projeto é uma loja especializada em

"Papai, xixi!"

Pai de menina sofre. Essa não é uma afirmação machista. Mãe de menino sobre também. O motivo é simples: não existem muitos dos chamados banheiros familiares espalhados pela cidade. A gente o encontra nos shoppings mais movimentados, mas não nas grandes lojas e hipermercados. Dias desse, estava no Extra da Tijuca com a minha pequena. Tudo ia bem, até eu ouvir a seguinte frase: “Papai, xixi!”. Quem está acostumado com criança pequena sabe que isso não é uma frase simples, é quase um alarme. Carrinho cheio, na fila do caixa. Olhei para um canto esquecido e estacionei o bólido. Fui atrás de um banheiro e tinha três alternativas: masculino, feminino e de deficientes. A terceira me pareceu menos traumática. Mas essa experiência me fez lembrar o sofrimento que alguns pais têm que se submeter para poder ajudar seus filhos pequenos no momento do aperto. Outro exemplo bizarro é o Mc Donald’s. A cadeia de lanchonetes atrai as crianças com suas bugigangas e as entope com seus lanches felizes, tem

Haiti? Quem?

O terremoto no Haiti destruiu não só o país, mas também revelou o não construído. Em situações limite, é possível observar o nível de estruturação das instituições de uma nação. No caso haitiano, ficou comprovado que não há estrutura. Parece que nem os haitianos gostam do Haiti. Numa catástrofe dessas, um país deve ter o mínimo para prestar os primeiros socorros aos seus habitantes. É assim no Brasil, por exemplo. Temos organismos de defesa civil, contingente preparado para situações de salvamento, conhecimento tecnológico razoável e dinheiro para iniciar qualquer movimento de amparo aos cidadãos vitimados e recuperação dos locais atingidos. Já o Haiti provou ser um bando de gente (quase uma manada) cercado por fronteiras legais. Se era dependente da ajuda de outros países, agora precisa se tornar um país de fato. Pela história que tem, o Haiti é uma espécie bandeirinha de movimentos negros e de esquerda. Conversa. O Haiti é um inconveniente que não tem ideologia. Ou melhor, um inconve

Geografia Bolivariana

"O sismo do Haiti foi um claro resultado de um teste da Marinha americana com uma de suas armas de (provocar) terremoto" Esta pérola é de Hugo Chavez, que mostrou mais uma vez ser um imbecil em altíssimo grau. Uma máquina de provocar terremotos... Uma idiotice sem tamanho. Pensa bem, Chapolim: Se os americanos têm uma máquina de fazer terremotos, por que não criaram uma para parar com os terremotos na Califórnia? Ou Chavez fugiu das aulas de Geografia, ou teve aulas com o mesmo professor que postulou a Teoria da Terra Cúbica propagada por Lula. Ninguém merece...

O Haiti não é aqui.

Hoje (para mim ainda é quinta-feira), vi na primeira página do jornal Extra uma das fotografias que mais me chocaram em toda a vida. Um homem chorava e carregava o cadáver de sua pequena filha, cuja vida foi ceifada no terremoto que aconteceu no Haiti. Talvez aquela imagem nunca mais saia da minha lembrança. Por sua agressividade e por toda a dor contida nela. Um pai impotente diante de uma tragédia sem proporções. O Haiti foi o primeiro país das Américas a se tornar independente. Um processo sangrento e sanguinário. Já que, diferentemente dos outros casos de independência na Pan-América, quem liderou o processo foram os escravos africanos, revoltados e sedentos de vingança de tantos anos de maus tratos. Um país marcado pela pobreza, pela corrupção de seus líderes e pelas catástrofes naturais. Tudo para dar errado. E deu. Um haitiano médio vive com menos de um dólar por dia, depende de ajuda humanitária de outros países e morre cedo por não ter acesso aos avanços da medicina e do sanea

A Filha Que Eu Quero Ter

É comum a gente sonhar, eu sei Quando vem o entardecer Pois eu também dei de sonhar Um sonho lindo de morrer Vejo um berço e nele eu me debruçar Com o pranto a me correr E assim, chorando, acalentar A filha que eu quero ter Dorme, minha pequenininha Dorme que a noite já vem Teu pai está muito sozinho De tanto amor que ele tem De repente o vejo se transformar Numa menina igual a mim Que vem correndo me beijar Quando eu chegar lá de onde vim Uma menina sempre a me perguntar Um porquê que não tem fim Uma filha a quem só queira bem E a quem só diga que sim Dorme, menina levada Dorme que a vida já vem Teu pai está muito cansado De tanta dor que ele tem Quando a vida enfim me quiser levar Pelo tanto que me deu Sentir-lhe a barba me roçar No derradeiro beijo seu E ao sentir também sua mão vedar Meu olhar dos olhos seus Ouvir-lhe a voz a me embalar Num acalanto de adeus Dorme, meu pai, sem cuidado Dorme que ao entardecer Tua filha sonha acordado Com o filho que ela quer ter Os versos acima são