Voto Cabresto Gospel

O que seria mais relevante para o Brasil? Aprovação do casamento entre homossexuais ou diminuição da violência nas grandes cidades e melhores índices de educação, moradia, saneamento básico e saúde pública?

Pois bem, a turma dos pastores neo-pentecostais está doutrinando os seus respectivos rebanhos a votarem em determinados candidatos há bastante tempo. Contudo, nesta eleição a coisa passou dos limites. Talvez pela difusão causada pela Internet e pela força política e financeira que eles adquiriam, o que estamos assistindo é uma verdadeira enxurrada de mensagens, sermões e afins tentando, digamos, direcionar a escolha de candidatos.

Na visão deste arremedo de cronista que vos escreve, um “pastor” deveria orientar a sua “igreja” analisar as propostas de um candidato e avaliar se aquilo será bom para o presente e o futuro de seu povo. Povo quer dizer nação e não uma parcela da sociedade que defende esta ou aquela posição. Se um governante é a favor da eutanásia, por exemplo, não quer dizer que (se isto se transformar numa prática permitida) as pessoas tenham obrigação de fazê-la. Isso é uma escolha pessoal, diferente de uma educação de uma rede de saúde de qualidade, que é uma medida de efeito universal (no bom sentido, é claro). Uma lei que permita o aborto nunca irá definir a convicção ou de uma pessoa sobre o tema. É uma questão de livre arbítrio. Além do mais, o aborto é praticado clandestinamente a torto e à direita no Brasil.

Os políticos, que de bobos não tem nada, já sacaram o lance e estão tirando proveito. Dilma quando se encontra com a cúpula dos evangélicos não toca nos assuntos casamento gay e aborto. Sabidamente, os partidos de esquerda defendem a causa e contam com a simpatia dos movimentos feministas e homossexuais. Marina é da Assembléia de Deus, mesmo sendo verde é natural que ela se alinhe com os evangélicos. Serra fica na dele...

O que me deixa triste é que se continuarmos nesta marcha, muito em breve, assuntos como infra-estrutura, saúde, segurança, educação, emprego e renda serão trocados por temas ligados à fé e á religiosidade. O Estado deve ser laico. Como bem disse a evangélica Marina Silva, o governo tem que ser para todos, pois Deus ama a todos.

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