Entre o Barranco e a Legalidade

Depois da tragédia das chuvas, muitas famílias serão transferidas para casas populares espalhadas pela cidade do Rio de Janeiro. Nessas casas, as pessoas estarão protegidas das enchentes e dos deslizamentos de terra nas encostas cariocas. É uma boa notícia, sem dúvida, já que isso preserva vidas. A discussão sobre distância do local de trabalho e estrutura de transporte é importante, sem dúvida, mas não cabe na analise em foco.

Ao entrarem nas casas oferecidas pela prefeitura, essas famílias entrarão também no mundo da legalidade e da formalidade. Eis aí a dicotomia. Antes, muitos desses núcleos familiares não arcavam com suas despesas de gás, luz, água, IPTU e tantas outras despesas que para uma grande parcela da população fazem parte de sua rotinas de pagamentos. As casas antigas funcionavam com “gatos” de energia, água e TV à cabo e o alimento destas pessoas eram oriundos de doações e programas assistenciais.

E agora? Como vai ser a vida dessa gente? Qual será a reação quando chegar a primeira fatura? Além disso, qual o risco de favelização dessas novas moradias? A legalidade e a cidadania têm um custo. Alto, às vezes. E não sabemos se estas pessoas acostumadas a viver à margem estarão dispostas a pagar. E se estiverem, se terão condições.

(Outros) Problemas à vista.

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