A Casa da Tijuca - 2: Nomes

Teve gente me perguntando o que era a tal casa da Tijuca. Teve gente que já conhecia a casa e entendeu na hora. Mas é necessário dar nome aos bois.

No caso, a casa é o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB). As notícias que de lá saem são as piores possíveis. Uma dívida de R$ 3 milhões. Seiscentos mil reais em mensalidades atrasadas. Pasmem, os estudantes — em grande parte assistidos por igrejas batistas — são parte do problema. Salários de funcionários atrasados. Estes, por sua vez, perdem o sono, o sossego, a paz e até as casas. As dívidas crescem, as do seminário e de seus funcionários.

E reclamar é proibido. Coisa do demo, já disseram...

No filme Advogado do Diabo, o próprio (interpretado por Al Pacino) diz o seguinte:
— O meu problema é que o assessor de marketing dEle é melhor que o meu.
Sinceramente, não acredito que o cramulhão tenha um marqueteiro. Mas estou começando a acreditar que tem gente querendo assumir a função. Sim, senhores, tem gente que acha que a insatisfação dos trabalhadores que prestam sua inteligência, força e capacidade ao seminário é coisa do capeta.

Do capeta, uma vírgula. O problema é a indiferença, a irresponsabilidade e a incoerência dos cardeais batistas. Protegidos em seus escritórios refrigerados, vestidos em seus ternos bem cortados, viajados em seus assentos confortáveis. Os cabeças da denominação, quando o bicho pega (e não é o satã), dizem logo que quem resolve o problema é a Associação denominada Batista. Alias, voltando aos nomes. Colocar a responsabilidade pela resolução de um grande problema em uma instituição é uma saída bem usual. Quando alguém é demitido em uma grande empresa, dizem que a redução dos quadros foi vontade dos “acionistas”. É a história do “eu ganhei, nós empatamos e vocês perderam”. “A culpa não é minha, mas do conselho diretor.” “Eu não decido isso sozinho”. E assim vai, são muitas as maneiras de sair pela esquerda, assim como o Leão da Montanha.

Só que tem um porém. Nas grandes organizações, os diretores e presidentes costumam ser nomeados em assembléia registrada em ata (alguma semelhança?). Contudo, seus respectivos CPFs não devidamente atrelados aos atos dessas organizações, fazendo com que estes titulares respondam legalmente por qualquer deslize. Na administração pública, idem. Os procuradores gerais tem entre suas atribuições preservar os secretários, ministros, governadores e presidente de qualquer ação que não esteja respaldado pela Constituição. Ou seja, chegou a hora dos cardeais batistas saírem das saias da tal Associação.

Eu sei, o STBSB virou um filho. E de filho feio ninguém quer ser pai. Mas, como no conto, o patinho feio é um belo cisne. Tem uma imagem na Copa de 58 que gosto muito. Na final, contra a Suécia, o Brasil toma um gol aos 3 minutos. O gênio Didi pega a bola dentro do gol, segura-a debaixo do braço e caminha até o grande círculo chamando a responsabilidade para si e incentivando o restante do time. O restante nós conhecemos. Está faltando um Didi no meio batista.

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