Restos Mortais

As pessoas que convivem comigo sabem do meu profundo incômodo com os porcalhões que sujam as ruas e com os fumantes que fumam em locais fechados e que jogam suas malditas guimbas de cigarro no chão das ruas.

Há uns 15 dias, tive um baita prejuízo causado por um exemplar da espécie. O tal, ao entrar num edifício, atirou os “restos mortais” de seu cigarro na rua. O detalhe é que ainda estava acesso e acertou em cheio o meu paletó. Queimou. Lá se foi um belo paletó azul-marinho de lã fria. Hoje, mais uma cena bizarra. Um jumento (Ops! Desculpem-me.), um senhor termina sua sessão de suicídio e joga o raio da guimba no chão. O inesperado da situação é que ele estava ao lado de uma lata de lixo. Ele chegou a se apoiar nela, enquanto esperava o sinal abrir!

Tem gente que me diz que estou ficando neurótico com isso. E devo estar mesmo. Vamos lá, uma coisa é escolher fumar, outra é não obedecer a regras simples de convivência em grupo. Os espaços públicos deveriam ser tratados como algo de todos. Todavia, são confundidos como coisa de ninguém. Ninguém liga se vai sujar ou não, ninguém se importa com o custo aos cofres públicos para limpar ou reformar, e ninguém ― me parece ― faz questão de mudar a situação.

Alguns dizem: “É cultural, não tem jeito.” Eu discordo. É estrutural. E questões estruturais são resolvidas com educação e punição. A educação tem que ser intensiva e incisiva e a punição contundente e efetiva. Se não for assim, nunca seremos o que queremos ser. Ou será que queremos? Sinceramente, eu me pego duvidando desta vontade que nossa sociedade diz ter de ser mais evoluída, com maior sensação de bem-estar e melhores condições segurança e educação.

De qualquer forma, aqui vai o meu pedido. Se quiser fumar, o problema é seu. Mas antes de acender o cigarro, avalie se você não vai causar transtornos a sua volta. E depois de apagá-lo, não suje a rua.

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