Rio 2016? Como assim? - 2

Os gringos do COI foram embora no domingo. O dia no Rio de Janeiro estava simplesmente lindo. Sol brilhante, temperatura agradável, mar azul e a cidade colorida por causa da final do Campeonato Carioca. A natureza e os habitantes fizeram seu papel, trataram bem os caras, como recomendou o Eduardo Paes.

Hoje ouvi um depoimento muito interessante do Lauter Nogueira. Ele foi extremamente feliz em seus comentários sobre os aspectos que norteiam a escolha de uma cidade-sede. O critério mais importante para a decisão é o técnico. Nesse quesito, Nogueira destacou que Tóquio está em primeiro lugar. Chicago vem logo depois, seguida por Madri, um pouco mais distante. Nesse ponto, o Rio de Janeiro estava em quinto lugar (atrás de Doha, que perdeu pontos por propor uma alteração da data dos jogos para setembro). O que me chama a atenção é o fato de nosso projeto olímpico está muito ancorado no “vamos fazer” e no “vamos ter”. Reciprocamente, os executivos municipal, estadual e federal vinculam o “vamos fazer” e “vamos ter” à escolha do Rio como sede das Olimpíadas. Ou seja, se a cidade não for escolhida, “não vamos fazer” e “não vamos ter”. A população que se lixe.

Sediar uma Olimpíada é uma conseqüência e não uma causa. Cidades que já cumpriram esse papel não se tornaram grandes e modernas por causa disso. É justamente o inverso. Temos exemplos claros disso, entre as cidades candidatas que concorrem com o Rio de Janeiro. De novo, Tóquio. Ela é famosa por suas linhas de metrô, pela infra-estrutura, pela capacidade de receber turistas e pela modernidade de suas instalações esportivas. Chicago é conhecida por sua extrema organização, oferta vasta de transporte e estrutura e tem no Lago Michigan o que todo carioca gostaria de ver no Aterro do Flamengo (segurança e limpeza dos parques e das águas). Todas essas vantagens já estão lá, com a passagem do teatro olímpico ou não. Estas cidades tem 70% de sua estrutura pronta. Se bobear, nossa proporção é inversa. Nosso projeto é mais caro de todos, justamente por isso.

Como disse no primeiro post sobre o assunto, sou apaixonado pelo Rio. Lauter Nogueira, disse que o Rio tem sido hostil com seus moradores. Concordo. Seria maravilhoso ver a cidade envolta pela atmosfera olímpica, tomada de atletas de todo o mundo. Não sou o único habitante apaixonado pela cidade, somos milhões. Por mais paradoxal que possa parecer, são os critérios técnicos que mostram se essa paixão dos habitantes pela cidade é correspondida. Acho que somos um bando de amantes não correspondidos.

Comentários

  1. Eu adiciono que muitas vezes o amor cega as pessoas e emburrece...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Atenção: Acusações insultuosas, palavrões e comentários em desacordo com o tema da notícia não serão publicados e seus autores poderão ter o envio de comentários bloqueado neste blog.
Pense antes de escrever. Assine depois de escrever

Postagens mais visitadas deste blog

Maio e Miles (Capítulo 4): Kind of Blue

Acredita

Uma Semana