Pobre Diego...

Diego Hipólito, 22 anos, dois títulos mundiais, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, 28 medalhas em competições internacionais, um dos maiores atletas brasileiros da década. Atualmente Hipólito pena com a falta de dinheiro. Isso mesmo, senhoras e senhores. O sujeito não recebe o salário do clube que treina há aproximadamente dez meses. O clube é o Flamengo, para a tristeza de meu coração rubro-negro. Nesse caso, com uma tacada, acertamos duas moleiras. A do desvario dos Jogos Olímpicos em solo carioca e da falta de competência dos dirigentes da representação da Gávea. Um parágrafo para cada um.

Os problemas estruturais do esporte brasileiro são claro. É o contraponto do talento e da desordem associada ao cinismo. No Brasil, esportes olímpicos são relegados a planos abaixo do nível do mar. Modalidades individuais são simplesmente ignoradas. Os caras treinam sem apoio, alimentação adequada, equipamentos decentes e, muitas vezes, sem o acompanhamento médico devido. Ficam de pires na mão e contam com a ajuda de empresas particulares, parentes e amigos para custeio de inscrições, passagens e hospedagens. Quando ganham uma prova de projeção internacional, aparece logo um dirigente ou um político para tirar uma foto. Se houvesse o esporte papagaio de pirata, nas categorias prefeito, governador, ministro e presidente seríamos imbatíveis. Os investimentos para uma Olimpíada dão e sobram para descobrir, ensinar, formar e sustentar uns trezentos Hipólitos, Daianes, Cielos, Maurrens e tantos outros que se destacam em esportes individuais. O problema é que isso não dá voto e não existe licitação para atleta.

E o Flamengo? Deveria vender o Obina e o Josiel. Uma operação dessas, além de fazer bem ao futebol, seria salutar aos cofres da instituição. Já que deixaria de gastar uma fortuna com um gordo e um moribundo em campo. Não consigo aceitar um centro-avante gordo (exceto o Ronaldo) e nem um parado (exceto o Romário). É economia para o clube e salário para o Diego Hipólito. A incompetência mora numa suíte presidencial na Avenida Borges de Medeiros, 997.

Esse negócio de Olimpíada no Rio é uma piada. De mau gosto, obvio. O nosso negócio é comprar tapioca com o cartão corporativo do ministro dos esportes.

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