Maio e Miles (Capítulo 6): O exílio e o retorno

Em 1975, Miles se afastou dos palcos. Rico e famoso, ele gastou seu dinheiro com uma vida completamente desregrada e, novamente, problemas com drogas. Osteoartrite, anemia falciforme, bursite, úlceras e depressão foram algumas das doenças que acometeram o músico neste período. Em 1976, depois de uma cirurgia para tratar da osteoartrite, a impressa especulou a sua morte. Mesmo sem se apresentar e tocar, Miles continuava a compor. Em 1979, reatou um antigo relacionamento com a atriz Cecily Tyson, que o ajudou a largar as drogas e o apoio em seu retorno definitivo para a música. Neste mesmo ano, ele iniciou as gravações do disco The Man with the Horn, cujo lancamento se deu em 1981.

Para essa nova fase, Miles contou com um grupo de jovens músicos. O guitarrista John Scolfield e o baixista Marcus Miller eram alguns dos nomes apareceram nos trabalhos desse período. Miller se tornaria o maior parceiro de Miles, tocando e produzindo a maioria dos seus álbuns até o sua morte.

Miles continuava com o desejo de aproximar a sua música do grande público, principalmente dos jovens que tinham interesse pela música instrumental e pelo jazz. Conseguiu. São enúmeros os registros do trompetista tocando para grandes plateias. Suas gravações de Time After Time (grande sucesso de Cindy Lauper) e de Human Nature (de Michael Jackson), em You're Under Arrest, sou como uma heresia para o mundo do jazz. Miles, com sua espirituosidade de sempre, disse que estava somente renovando seu repertório de standards da música americana. Isso influenciaria muito outros músicos de jazz. Em 1995, Herbie Hancock gravou o álbuns New Standard, com composições de autores populares (Prince, Baby Face, Beattles, Steve Wonder, ect.).

Miles Davis - Human Nature




You're Under Arrest , de 1985, foi o último compromisso de Miles com a Columbia. O fim da longa parceria com a gravadora teve como pivô o trompetista Winton Marsalis. Marsalis, uma estrela que despontava na época, defendia que Miles estava desvirtuando o “verdadeiro jazz”. Sinceramente, a música de Marsalis é sensacional. Contudo, o legado que Miles ainda em vida já havia deixado para o jazz era enorme. Miles não deu muita importância aos comentários do jovem trompetista, mas, ao perceber que a Columbia estava dando preferência à Marsalis decidiu assinar com a Warner Brothers. Em 1987, em seu primeiro registro pelo novo selo, Tutu (1986), Miles é premiado com um Grammy. O album seguinte, Amandla (1989), é marcado por uma homenagem ao baixista Jaco Pastorius.


Miles Davis - Tutu


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