Mais um episódio da série "Farra ambidestra"

Episódio de hoje: A Mulher-Corneta

O velho ditado diz que o vício do charuto deixa a boca torta. Em reportagem do Globo Online foi noticiado que até a Mulher-Corneta, Heloísa Helena, usou passagens do Senado para viagens de filho. Detalhe, as passagens foram emitidas depois do término de seu mandato como senadora. Segundo ela, os voos foram legais e sua consciência está “absolutamente tranqüila”. Ainda disse que não faz parte “do bando que patrocina orgias com o dinheiro público”, que não recebe aposentadoria parlamentar e nem usa o plano de saúde do Senado.

As palavras da ex-senadora são indicadores de que a classe política perdeu (se é que já teve) a mínima noção do que é certo ou errado. Heloísa Helena, é verdade, não patrocinou a orgia, mas de certa forma participou dela. É como comprar mercadoria roubada. Quem compra é tão culpado quanto quem rouba. É cúmplice. Ficar berrando no palanque, no rádio e na televisão não apaga a culpa. Suas notas estridentes sempre me irritaram, porque, além de desafinadas, elas soam como broma. Ela se defende do uso indevido com o não uso do constitucional ― no caso, a aposentadoria parlamentar. Se os termos dessa aposentadoria são questionáveis, é outra discussão.

Heloísa Helena, a Mulher-Corneta, usa um disfarce de eterna universitária de primeiro período (jeans e camiseta). Mas no fundo é mais um exemplo de como a visão dos políticos da esquerda estridente é distorcida. Quando estão fora da festa, eles berram porque não entram. Quando estão dentro, berram porque não querem sair mais. E não adianta vir com essa história de que não havia regra. Antes da regra vem a ética. Muitas vezes o delito, por ser comum, vira costume e o que é a lei, por ser inconveniente, cai em desuso.


A política se apressa em apagar as luzes, para que todos os gatos fiquem pardos.
José Ortega y Gasset

Comentários

  1. Sem dúvida alguma a banana está comendo o macaco. Mesmo sabendo que o rabo não pode balançar o cachorro, continuamos a ver esses absurdos, em que essa "corneteira do apocalipse", falsa moralista, disfarçada de fada madrinha, ou "maga patalógica" , protagoniza mais uma cena de assalto ao dinheiro público.
    Já que ela é tão fundamentalista, extremista de uma esquerda com alto desvio padrão, distante da média e mediana que equilibram a ética e a moral, poderia ter mandado o filho viajar em pau de arara.
    Só que seria mais caro, pois os bóias fria, lancham no caminho e não tem aeromoça.

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