Maio e Miles (Capítulo 7): Epílogo

Outra faceta da carreira de Miles Davis foi a composição de trilhas sonoras para o cinema. Nos últimos anos de vida, Miles compôs as trilhas dos filmes Street Smart, Siesta, The Hot Spot e Dingo. Neste filme ele também atua como... uma lenda viva do jazz. Dingo tem uma trilha sonora quente e empolgante. No mesmo ano (1990), Miles ganharia outro Grammy, pelo conjunto de sua obra.

Um de seus últimos trabalhos, Doop-Bop (lançado em 1992, após sua morte), mostra claramente a aproximação de Miles com o hip-hop. Muitos achavam que Miles tinha abandonado seu ríquissimo repertório dos anos 50 e 60. Contudo, meses antes de sua morte, o trompetista subiu ao palco do festival de jazz de Montreux ao lado de Quincy Jones para uma apresentação de músicas desse período. Este show foi lançado em CD em 1993, com o título Miles & Quincy Live at Montreux.

Miles Dewey Davis III morreu em 28 de setembro de 1991, vítima de um AVC, aos 65 anos. Apesar de ter morrido em Santa Mônica, Califórnia, seu corpo foi sepultado no Bronx, em Nova York. Miles deixou um legado não só para o jazz, mas também para a música e para a arte com um todo. Inspirou e inspira seguidas gerações de músicos. Sua voz rouca e seu trompete preciso ainda podem ser ouvidos tanto nos antigos reprodutores de vinil, como nos mais avançados aparelhos de MP3. A sua música ainda é jovem, cheia de força e de cores, com muitas novidades a serem descobertas. Não imagino a música moderna sem Miles Davis. Hoje, Miles (meu artista predileto) completaria 83 anos. Por uma grata coincidência, hoje também é aniversário de meu pai. Agradeço a Deus por meu pai e por ter conhecido e me tornado um adulto ouvindo a música de Miles.

Termino minha singela homenagem a Miles Davis, repartindo com vocês uma de suas composições da trilha de Dingo, Paris Walking II. Um dos últimos registros do músico em estúdio. Obrigado, Miles.

Miles Davis - Paris Walking II (Dingo)