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Mostrando postagens de maio, 2009

Acabou

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Susan Boyle perdeu a final do Britains Got Talent. Susan Boyle não vai se apresentar para a Rainha Elizabeth. Susan Boyle não suportou a pressão da mídia. Susan Boyle ficou nervosa e semitonou. Susan Boyle já não tem tanta graça assim. Susan Boyle se vai do mesmo jeito que veio. Susan Boyle... Quem é Susan Boyle?

Começou o golpe

A articulação para a aprovação do terceiro mandato é a mais nova modalidade de golpe político. A imprensa vive mostrando que o Lula diz que é contra. Essa é a mentira da década, está mais que provado que o cara tem o ego inflado. A jogada é a seguinte: ele diz que não com a cabeça e que sim com o rabo. Na década de 1950, quando Getúlio Vargas concorreu à Presidência da República (depois do Estado Novo), tinha na sua campanha uma marchinha que dizia: “Bota o retrato velho outra vez. Bota no mesmo lugar.” Referência à foto do presidente que fica pendurada nas paredes dos órgãos federais. Lula (que adora dançar “quadrilha”), no fundo adoraria parodiar os versinhos do jingle de Vargas: “ Deixa o retrato do Lula outra vez. Deixa no mesmo lugar.” Não tenho a menor dúvida que o terceiro mandato é a tentativa de adiar o check-out no Palácio do Planalto para o dia de São Nunca. E como informação que presta nunca é demais, segue a listinha dos deputados que assinaram a PEC do terceiro mandato

O BNDES não!

Depois o aparelhamento das maiores instituições públicas, uma nuvem preta (ou seria uma estrela vermelha?) paira sobre o BNDES. Não bastassem os calotes do equatoriano Rafael Correa, há rumores de Chavez quer uma graninha do Brasil, via BNDES. Chavez pediu emprestado ao Brasil (apertem os cintos) US$ 4 bilhões. Pára a fita! Eu sei que o Lula se orgulha de ser o analfabeto mais funcional deste país, mas será que alguém poderia avisar ao comander in chief que a sigla citada significa Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social? A decisão de emprestar dinheiro para outros países é transgredir o objetivo maior do banco. Muitos não sabem, mas o BNDES é terceiro maior banco do país em operações diretas de empréstimo para a atividade produtiva, perdendo somente para o Banco do Brasil e o Bradesco. Os seus ativos e sua rentabilidade são maiores do que os do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Ao abrir o cofre do BNDES para outras nações, deixa-se de investir em projetos nac

Wayman Tisdale

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R aras são as pessoas no Brasil que conheceram Wayman Tisdale. Mas os que acompanham a NBA vão lembrar do ala-pivô que jogou no Indiana Pacers, no Sacramento Kings e no Phoenix Suns nas décadas de 1980 e 1990. Raros também são os casos de pessoas que são muito bem sucedidas em duas carreiras distintas, Tisdale foi um desses casos. Após jogar no melhor basquete do mundo, se aventurou pela música. Empunhando seu contrabaixo, o gigante mostrou que tinha o dom de alegrar pessoas não só nas quadras, mas também nos estúdios e palcos. Seus grooves alegres e dançantes são classificados como smooth jazz. Para mim é música boa e que se danem os rótulos. Gravou oito CDs muito bem recebidos pela crítica. Por uma dessas ironias da vida, o músico-atleta (ou seria o contrário?) foi acometido de um câncer justamente no joelho, que lhe custou a amputação de parte da perna direita. Isso não o impediu de continuar tocando e dando um testemunho de fé e esperança. No último dia 15 de maio, Wayman Lawrence

Maio e Miles (Capítulo 7): Epílogo

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O utra faceta da carreira de Miles Davis foi a composição de trilhas sonoras para o cinema. Nos últimos anos de vida, Miles compôs as trilhas dos filmes Street Smart, Siesta, The Hot Spot e Dingo . Neste filme ele também atua como... uma lenda viva do jazz. Dingo tem uma trilha sonora quente e empolgante. No mesmo ano (1990), Miles ganharia outro Grammy, pelo conjunto de sua obra. Um de seus últimos trabalhos, Doop-Bop (lançado em 1992, após sua morte), mostra claramente a aproximação de Miles com o hip-hop. Muitos achavam que Miles tinha abandonado seu ríquissimo repertório dos anos 50 e 60. Contudo, meses antes de sua morte, o trompetista subiu ao palco do festival de jazz de Montreux ao lado de Quincy Jones para uma apresentação de músicas desse período. Este show foi lançado em CD em 1993, com o título Miles & Quincy Live at Montreux . Miles Dewey Davis III morreu em 28 de setembro de 1991, vítima de um AVC, aos 65 anos. Apesar de ter morrido em Santa Mônica, Califórnia, seu

Britains Got Products

Eu já falei dela aqui no blog, numa época em que não era tão conhecida. Mas atualmente, Susan Boyle não habita mais nas discussões sobre o seu talento e sim nas que tratam do que vai acontecer com o produto Susan Boyle. Essa é uma das mazelas de nosso tempo, tudo tem que necessariamente gerar caixa. Sejamos realistas. Susan não vai posar nua, nem fazer um filme pornô. Não acredito que ela vai se adelgaçar no consultório do Dr. Hollywood. O truque está justamente ai, na especulação. Os tablóides ingleses estão faturando alto com isso. Sem contar as empresas que despejam milhões de euros para patrocinarem o Britains Got Talent - que bem podia se chamar Britains Got Products . Plantou-se na cultura ocidental, a semente do consumo da efemeridade. É assim na moda, nos produtos eletrônicos e nos relacionamentos. Descartamos e somos descartados muito facilmente. O grande pecado de Susan é ter um talento genuíno e não ser bela, o que não a torna um produto de venda fácil. Produtos são fabric

Maio e Miles (Capítulo 6): O exílio e o retorno

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E m 1975, Miles se afastou dos palcos. Rico e famoso, ele gastou seu dinheiro com uma vida completamente desregrada e, novamente, problemas com drogas. Osteoartrite, anemia falciforme, bursite, úlceras e depressão foram algumas das doenças que acometeram o músico neste período. Em 1976, depois de uma cirurgia para tratar da osteoartrite, a impressa especulou a sua morte. Mesmo sem se apresentar e tocar, Miles continuava a compor. Em 1979, reatou um antigo relacionamento com a atriz Cecily Tyson, que o ajudou a largar as drogas e o apoio em seu retorno definitivo para a música. Neste mesmo ano, ele iniciou as gravações do disco The Man with the Horn , cujo lancamento se deu em 1981. Para essa nova fase, Miles contou com um grupo de jovens músicos. O guitarrista John Scolfield e o baixista Marcus Miller eram alguns dos nomes apareceram nos trabalhos desse período. Miller se tornaria o maior parceiro de Miles, tocando e produzindo a maioria dos seus álbuns até o sua morte. Miles continuav

A PACareta

CARNAVAL FORA DE ÉPOCA Que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é fraco, muita gente sabe. Que ele é mal gerido e que serve de instrumento para catapultar Dilma Rousseff ao Planalto, está mais que provado. Como a coisa não anda de jeito algum, com os cronogramas atrasados e muitos projetos nem saíram do papel, a Máquina vai ser usada com mais potência. O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) vai pagar um bônus para os funcionários que fizerem os projetos relacionados ao PAC desempacarem. O valor estimado da festinha é de aproximadamente R$ 56 milhões e será pago em junho de 2010, para quem cumprir as metas até abril do mesmo ano. Olhando no calendário, abril de 2010 é o prazo máximo de descompatibilização de cargos executivos para os que pretendem concorrer à eleição. Dando assim a possibilidade de Dilma fazer palanque nas inaugurações de obras. As viagens turísticas de Lula e Celso podem parecer o contrário, mas estamos passando por um momento de cris

Pobre Diego...

D iego Hipólito, 22 anos, dois títulos mundiais, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, 28 medalhas em competições internacionais, um dos maiores atletas brasileiros da década. Atualmente Hipólito pena com a falta de dinheiro. Isso mesmo, senhoras e senhores. O sujeito não recebe o salário do clube que treina há aproximadamente dez meses. O clube é o Flamengo, para a tristeza de meu coração rubro-negro. Nesse caso, com uma tacada, acertamos duas moleiras. A do desvario dos Jogos Olímpicos em solo carioca e da falta de competência dos dirigentes da representação da Gávea. Um parágrafo para cada um. Os problemas estruturais do esporte brasileiro são claro. É o contraponto do talento e da desordem associada ao cinismo. No Brasil, esportes olímpicos são relegados a planos abaixo do nível do mar. Modalidades individuais são simplesmente ignoradas. Os caras treinam sem apoio, alimentação adequada, equipamentos decentes e, muitas vezes, sem o acompanhamento médico devido. Ficam de

O ensino no Brasil

Recebi um e-mail de uma amiga com a historinha abaixo. Não conheço o autor da mesma, mas não podemos negar que se trata de uma verdade indigesta. Em tempo de cotas nas universidades, serve para atentarmos para a raiz do problema. Não se esqueçam, a Constituição garante igualdade de condições a todos os cidadãos. Cumprir ou não a Constituição? É justamente aí que a coisa pega. Evolução do Ensino no Brasil Relato de uma Professora: Semana passada comprei um produto que custou R$ 1,58. Dei à balconista R$ 2,00 e peguei na minha bolsa 8 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha que me dar 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos, enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender. Por que estou contando isso? Porque me dei conta da evolução do en

Maio e Milles (Capítulo 5): A revolução elétrica

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A repercussão de Kind of Blue foi enorme. Tornou-se o álbun de jazz mais vendido da história e abriu fronteiras jamais pisadas. Contudo, Miles, mesmo reconhecido como ícone da música americana, sofria com as manifestações de racismo em seu país. Durante uma série de show no Birdland , em Nova York, ele foi atacado por policiais ao ser visto com uma mulher branca. O caso foi abafado e Miles desestimulado a levar o caso aos tribunais. A década de 1960 foi a década de Miles Davis. Sua música foi a bússola para a nova direção do jazz. Os músicos queriam ser como Miles, ser vestir como Miles, ser cool como Miles. Homem elegante e vaidoso, ele chamava a atenção por seus ternos bem cortados seus belos relógios e seus carros esportivos. Em 1963, o grupo que acompanhava o trompetista e que gravou Kind of Blue se desfaz definitivamente. Mais uma vez, Miles mostra que é um revelador de grandes talentos. Seu novo grupo é formado por George Coleman (saxofone tenor), Herbie Hancock (piano), Ron

Maio e Miles (Capítulo 4): Kind of Blue

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E m 14 de março de 1959 foi realizada a primeira seção de gravações do que seria a maior revolução da musica moderna, Kind of Blue . Miles Davis novamente se junta com John Coltrane, Julian “Cannonball” Adderley, Paul Chambers, Wynton Kelly e Paul Chambers (base de seu sexteto que gravou Milestones ) e arregimenta o baterista Jimmy Cobb e o jovem pianista Bil Evans. Evans é parte essencial. Seu piano e construções concebidas com Miles trouxeram um colorido especial aos arranjos. A ideia era  despretensiosa   os arranjos foram feitos momentos antes das gravações. Os temas eram curtos, pois Miles queria que os músicos  tivesse  liberdade para os improvisos. Ali se consolidava o modal jazz, conceito que já havia introduzido em seus trabalhos anteriores com o grupo antes de sua temporada na França. O local da gravação era o 30th Street Studio, uma igreja ortodoxa abandonada em Manhattan que foi transformado em  estúdio  pela Columbia devido seus problemas de espaço. O local era temido pe

Mercado das Peles

O ano é 2020. Em uma universidade pública do Brasil, quinze jovens mestiços perfilados adentram a uma sala e ficam de frente para uma banca examinadora. Eles estão nus, constrangedoramente nus. Alguns choram, outros tem os olhos tomados de ódio, alguns poucos riem do ridículo da cena. A banca é formada por um antropólogo, um biólogo uma psicóloga e uma pedagoga. Os quinze jovens tem suas cabeças, suas genitálias e membros medidos. O biólogo examina as gengivas, dedos e artelhos dos rapazes. O verdadeiro mercado de gente se instala. O que parece uma cena de duzentos anos pode ser a cena que nos espera no futuro. Não gostaria de cair no lugar comum, até porque minha opinião sobre questões raciais não é nada comum. Sou contra qualquer estatuto de igualdade racial no Brasil. Já temos um estatuto, a Constituição Brasileira. Nela estão assegurados todos os direitos de todos os cidadãos, independente da cor de sua pele. Cotas, ações afirmativas ou qualquer medida nessa linha não seriam necess

Maio e Miles (Capítulo 3)

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F irmado como bandleader , Miles Davis construiu seu primeiro quinteto em 1955. A escalação do time era John Coltrane (saxofone tenor), Red Garland (piano), Paul Chambers (contrabaixo) e Philly Joe Jones (bateria). Mais uma vez, a heroina perseguia Davis, só que desta vez era o vícios dos componentes da quinteto que causava instabilidade nos trabalhos do trompetista. Em 1957, Miles desfez o grupo e embarcou novamente para França, onde trabalhou como compositor de trilhas sonoras e se apresentou com músicos de jazz europeus. Retornando aos Estados Unidos em 1958, reuniu os músicos de seu antigo quinteto, que virou sexteto, com a entrada de Julian “Cannonball” Adderley no sax alto. Este grupo gravou o disco Milestones e foi a base para o registro que se tornaria na obra-prima da carreira de Miles Davis e o divisor de águas do jazz, Kind of Blue . Miles Davis - Milestones Nesse período, ele trabalhou paralelamente com Gil Evans. Arranjador inigualável, Evans trouxe uma nova sonoridade ao

Seu garçom, a conta.

A Petrobras divulgou seu resultado no primeiro trimestre de 2009. Queda de 20% em relação ao mesmo período no ano passado. Segundo Adriano Pires , se não houvesse monopólio poderia ser pior. Quem acompanha os números da economia e a cotação do barril do petróleo sabe que a estatal vem usando o preço dos combustíveis como instrumento político. Ano passado, se fossem respeitadas as regras de mercado, o preço-bomba seria muito maior do que se apresentou nos postos de combustíveis brasileiros. O preço do barril chegou a mais de US$ 120 em 2008. Hoje a cotação anda meu de lado, patinando na casa dos US$ 40/barril (considerando somente valores absolutos da moeda americana, sem as diferenças em real). Alguém notou alguma baixa significativa nos preços dos combustíveis? Provavelmente não. Ou seja, a Petrobras está cobrando a conta. Dado importante: 2008 foi ano eleitoral. Não existe jantar grátis. E, pelo visto, vem aí uma CPI da Petrobras. Promessa de fortes emoções para o pessoal da estrelin

Volta da alta de juros. Será?

Vocês já ouviram falar na Lei de Diretrizes Orçamentárias? Ela determina que o Executivo deve seguir o orçamento conforme o aprovado pelo Legislativo, de acordo com o parágrafo 2º do art. 165 da Constituição Federal. O problema é que as premissas para os orçamentos de 2009 e 2010 estão completamente fora da realidade da crise mundial, considerando uma arrecadação e uma taxa Selic acima do que o cenário atual mostra. No blog da Miriam Leitão, tem um post enviado por Leonardo Zanelli que faz uma análise bastante interessante sobre o assunto, baseado no relatório da Anefac. O governo não dá a menor pinta de que vai diminuir os gastos públicos. O congresso, ensimesmado em sua profusão de escândalos, não discute uma solução cabível para o momento tão crítico. Aliás, em assuntos de grande importância nacional, esse congresso é imprestável. A arrecadação já sofreu duros golpes, o que restaria seria aumentar a carga tributária e os juros, na tentativa de aumentar a atratividade dos títulos p

Já não vem tarde

Wellington Paulista que, diga-se de passagem, é a cara do Bob Sponja, fez uma coisa muito feia hoje. Sua reação exaltada para negar que poderia ser contratado pelo Flamengo foi, no mínimo, falta de profissionalismo. O atacante disse que ficou “desesperado” ao saber da possibilidade de sua transferência para o mais querido. Paulista é um jogador sem expressão alguma e que se apaga em competições de âmbito nacional. No Campeonato Brasileiro de 2008, o lateral direito do Leo Moura e os meio-campistas Ibson e Lucio Flávio (seu amiguinho de chororô) fizeram mais gols que ele. Hoje ele é banco no Cruzeiro. Mesmo com todos os problemas de salários atrasados que o Flamengo enfrenta, trata-se do clube de maior torcida do país. O Ronaldo (maior artilheiro em Copas do Mundo e que de bobo não tem nada), mesmo jogando do Corinthians, declara seu amor pela representação da Gávea. Ter uma reação assim, mostra que sua falta de habilidade dos grandes craques extrapola as quatro linhas.

Problemas sem solução: Favelas

Uma coisa que eu nunca entendi é o fato de favelas crescerem como capim aqui no Rio de Janeiro. Elas brotam, crescem e ninguém faz nada, nem antes, nem durantes ou depois. O Estado, em todas as suas esferas não se incomoda. As ONGs aplaudem, já que favela e necessidade das é o que sustenta essa gente. Favela, não podemos esquecer, é antes de tudo um problema de moradia. Necessidade básica do homem. Problema que o Brasil não consegue resolver de jeito nenhum. O advento da favela, no meu tacanho modo de ver, tem quatro fases. A primeira foi a da exclusão social, já que as primeiras favelas datam da primeira do início do século XX, após o fim da escravidão (formal) no Brasil. O papo foi mais ou menos assim: “Negão, você agora não é mais escravo. Então vai embora e arruma um lugar para guardar os seus trapos.” E assim foi feito. Não esqueçamos que no Rio de Janeiro havia um grande contingente de escravos que trabalhavam em serviços urbanos, nas fazendas e engenhos do que hoje faz parte do

Maio e Miles (Capítulo 2)

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D iferentemente da maioria dos músicos negros do jazz, Miles Davis veio de uma família rica do estado de Illinois. Seu pai era dentista e a família possuía terras no estado do Arkansas. Sua mãe era pianista e queria que o filho seguisse o mesmo caminho. Aos treze nos ganhou um trompete de seu pai. Posteriormente, Miles revelou que o presente não passou de uma provocação à sua mãe, que não gostava do instrumento. Desde as primeiras aulas, aprendeu o fundamento que seria uma de suas marcas, o som sem vibrato. Por conta disso, ele mesmo dizia que preferia o “meio termo”, referindo-se aos médios sem trêmulos. Em 1944, Miles se mudou para Nova York, após ganhar uma bolsa de estudos na conceituada Julliard School . Mas chegando à cidade, preferiu ir atrás da banda de Charlie Parker, o gênio fundador do bebop. Após seu “estágio” com Bird, começou a tocar num grupo com nove músicos. Essa formação era incomum no jazz e incluía instrumentos como tuba e trompa. Foi quando Davis teve contato com

Maio e Miles (Capítulo 1)

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M iles Dewey Davis III foi um dos artistas mais importantes do século XX, influenciando e revolucionando a música desde a segunda metade dos anos 1940. No jazz, deixou sua marca em estilos como o bebop e cool jazz . Sendo ainda considerado um dos fundadores do movimento do hard jazz e do modal jazz (esse tendo como marco o álbum Kind Of Blues). Davis se notabilizou como um descobridor de talentos, quiçá gênios. Músicos como Herbie Hancock, Chick Corea, John Coltrane, Wayne Shorter, Jack DeJohnette, Tony Willians, Jaco Pastorius, John Scofield e John Maclaughlin fizeram parte dos grupos que Miles Davis criou. O som do trompete de Davis sempre foi marcante. Num primeiro momento, o som puro, de solos de alta habilidade e precisão, na região dos timbres médios. Posteriormente, inaugurando o fusion , plugou o trompete, introduziu instrumentos elétricos em seus trabalhos e incorporou a surdina ao instrumento definitivamente. Miles Davis nasceu em maio de 1926. Durante o mês, dedicarei o e

Minha Mãe

Decidi quebrar um tabu. Vou falar de sentimentos particulares... E daí? A maioria dos que perseguem esse blog (ou são perseguidos por ele) não sabe que minha mãe morreu há aproximadamente dez anos. Foi de repente, rápido e cruel. O que seria um problema de simples resolução se tornou numa das maiores perdas de minha vida. Falar da dona Eunice em público nunca foi uma tarefa fácil. Sua personalidade fortíssima coabitava com um amor visceral pelos filhos. Ela era daquelas mães da comida quente e deliciosa, da roupa impecável, da casa organizada, da gargalhada alta, das chantagens emocionais, dos rompantes de raiva. Neta de ex-escravos por parte de pai e de colonos italianos por parte de mãe, contava com romantismo a saga de seus pais para se casarem numa época em que o Brasil não fazia questão alguma de disfarçar seus preconceitos. Minha mãe era uma figura de contrastes. Tinha a uma habilidade manual sem comparações e, ao mesmo tempo, tinha a letra feia. Era a primeira a nos colocar em p

Mais um episódio da série "Farra ambidestra"

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Episódio de hoje: A Mulher-Corneta O velho ditado diz que o vício do charuto deixa a boca torta. Em reportagem do Globo Online foi noticiado que até a Mulher-Corneta, Heloísa Helena, usou passagens do Senado para viagens de filho. Detalhe, as passagens foram emitidas depois do término de seu mandato como senadora. Segundo ela, os voos foram legais e sua consciência está “absolutamente tranqüila”. Ainda disse que não faz parte “do bando que patrocina orgias com o dinheiro público”, que não recebe aposentadoria parlamentar e nem usa o plano de saúde do Senado. As palavras da ex-senadora são indicadores de que a classe política perdeu (se é que já teve) a mínima noção do que é certo ou errado. Heloísa Helena, é verdade, não patrocinou a orgia, mas de certa forma participou dela. É como comprar mercadoria roubada. Quem compra é tão culpado quanto quem rouba. É cúmplice. Ficar berrando no palanque, no rádio e na televisão não apaga a culpa. Suas notas estridentes sempre me irritaram, porque

Problemas com a vizinhança

Como se não bastasse a horda de problemas que temos dentro do Brasil, temos que lidar com nossos péssimos vizinhos. Qualquer dor de barriga que a turma sente, a culpa é do Brasil. Quando não nos põem os responsáveis ― se é que já o fomos ―, querem que paguemos o pato. Desembarcou hoje em terras brasilianas o presidente do Paraguai, Fernando Lugo . A plataforma eleitoral de Lugo, assim como seu celibato, foi fundamentada numa fraude. Seu discurso principal era mudar as regras que regem o tratado feito entre Brasil e Paraguai (Tratado de Itaipu – 1973), por ocasião da construção da usina de Itaipu. O padreco chegou aqui para dar um aperto no cumpanhero Lula. Segundo os paraguaios, somos exploradores dos recursos hidrelétricos deles, verdadeiros imperialistas. Só para lembrar, o Paraguai consome 5% da energia produzida em Itaipu. Pelo tratado, este país se obriga a vender todo o excedente de energia para o Brasil. As duas nações são sócias da usina, mas o Brasil pagou a sua parte e finan

Não é coincidência

Em nosso tempo, domina o homem-massa; é ele quem decide. Não se diga que isto era o que acontecia já na época da democracia, do sufrágio universal. No sufrágio universal não decidem as massas, senão que seu papel consistiu em aderir à decisão de uma ou outra minoria. Estas apresentavam seus “programas” – excelente vocábulo –. Os programas eram, com efeito, programas de vida coletiva. Neles convidava-se a massa a aceitar um projeto de decisão. (...) O fenômeno é sobremaneira estranho. O Poder público acha-se em mãos de um representante de massas. Estas são tão poderosas, que aniquilaram toda possível oposição. São donas do Poder público em forma tão incontrastável e superlativa, que seria difícil encontrar na história situações de governo tão prepotentes como estas. E, entretanto, o Poder público, o Governo, vive ao dia; não se apresenta como um porvir franco, não significa um anúncio claro de futuro, não aparece como começo de algo cujo desenvolvimento ou evolução seja imaginável. Em s

Vale a pena ver de novo - 2

O filme não é novo, mas o final é ótimo. FLAMENGO PENTA-TRI CAMPEÃO CARIOCA! 1942 – 1943 – 1944 1953 – 1954 – 1955 1978 – 1979 – 1979 (Isso mesmo. Campeão duas vezes no mesmo ano, para desespero dos adversários) 1999 – 2000 – 2001 (Todos contra o Vasco e me 2001 com o gol antológico de Djean Petkovic) 2007 – 2008 – 2009 (Todos contra o Botafogo. Com direito a chororô, do presidente, do time todo e do torcedor) Eu teria um desgosto profundo, Se faltasse o Flamengo no mundo.

Rio 2016? Como assim? - 2

Os gringos do COI foram embora no domingo. O dia no Rio de Janeiro estava simplesmente lindo. Sol brilhante, temperatura agradável, mar azul e a cidade colorida por causa da final do Campeonato Carioca. A natureza e os habitantes fizeram seu papel, trataram bem os caras, como recomendou o Eduardo Paes. Hoje ouvi um depoimento muito interessante do Lauter Nogueira. Ele foi extremamente feliz em seus comentários sobre os aspectos que norteiam a escolha de uma cidade-sede. O critério mais importante para a decisão é o técnico. Nesse quesito, Nogueira destacou que Tóquio está em primeiro lugar. Chicago vem logo depois, seguida por Madri, um pouco mais distante. Nesse ponto, o Rio de Janeiro estava em quinto lugar (atrás de Doha, que perdeu pontos por propor uma alteração da data dos jogos para setembro). O que me chama a atenção é o fato de nosso projeto olímpico está muito ancorado no “vamos fazer” e no “vamos ter”. Reciprocamente, os executivos municipal, estadual e federal vinculam o “v