Mais do mesmo. Infelizmente.

Na última quarta-feira, o que deveria ser um clássico do futebol brasileiro se tornou um clássico do racismo brasileiro. O jogador Elicarlos, do Cruzeiro, relatou ter sido chamado de macaco por Maxi Lopez, do Grêmio. Tudo leva a crer que o que o cruzeirense está dizendo a verdade, até porque fica claro nas imagens a reação companheiros de time, numa espécie de devesa (ou revolta).

O gremista, mesmo sendo argentino, usou uma das desculpas mais fajutas ― e comuns ― do repertório brasileiro. Disse que no ânimo da partida é comum uma discussão. Elicarlos denunciou o caso à polícia. Maxi negou, dizendo que era contra qualquer forma de racismo. Só faltou dizer que seu melhor amigo de infância era preto. Paulo Autuori, técnico do Grêmio, disse que isso era besteira, que existem outros atos de racismo cometidos por pessoas de posições de influência na sociedade e que ninguém faz nada. Autori era técnico do São Paulo quando outro argentino, Leandro Desábato, proferiu palavras de racismo contra o Grafite. Mas teve aquela atitude de botar panos quentes na situação por pura conveniência. Maxi é um dos jogadores principais do time que dirige.

Na verdade, essa história é somente uma de tantas outras que acontecem diariamente no Brasil. Situações de competição deixam essas coisas mais latentes, principalmente nos esportes e nos ambientes de trabalho. Não se é racista até o negro (ou nordestino, ou judeu, ou oriental) não ocupar um posto que “incomode”. Pode tudo, menos ser o chefe, o concorrente, o auditor, o fiscal, ou o namorado da filha. Eu me forço a crer que esse tipo de comportamento é minoritário. Dessa forma, vivo melhor, sem prejulgamentos ou pilhagem. Mas o comportamento dessa gente me entristece.

Acho que Elicarlos deve insistir em sua denúncia. Se houver comprovação e punição, será um grande exemplo para o esporte no Brasil e para o mundo.

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