Valsa com Bashir - Uma guerra nunca acaba

Está em cartaz nos cinemas a animação Valsa com Bashir (2008). Trata-se deu um documentário produzido por Ari Folman, um ex-combatente da guerra do Líbano, que ocorreu em 1982. Ele tenta juntar os fragmentos da sua memória através do depoimento de pessoas que estiveram com ele em combate. Poucas vezes vi tanta realidade em uma animação. Não somente pela sua construção e pelo seu traço. Mas pelas expressões retiradas dos personagens do documentário.

Em todos os depoimentos, o que se nota é uma angústia enorme. Seja pelo que se fez, seja pelo que se deixou de fazer. O certo é que o estrago que uma guerra deixa nas pessoas, não importa o lado. Todas as guerras são assim, qualquer guerra. Já tive contato de alguém que viveu na Angola pós-guerra civil, que ouviu de uma autoridade daquele país que todos os habitantes de lá tinham algum tipo de problema psicológico, resultante dos vinte e cinco anos de conflitos. Não sei se tais problemas podem ser comprovados, mas não duvido.

As guerras são uma constante na história humana. Contudo, nada justificou a sua existência. Hoje em dia, elas são mais rápidas, mais letais e (incrível) acompanhadas quase que em tempo real por todo o planeta. O novo agravante é a mistura do fanatismo com o ódio. Resultado? Cegueira, intolerância e crueldade aditivadas. Uma guerra iniciada não tem mais fim. Mesmo que as armas sejam dispostas ao chão, as mentes que testemunharam os horrores não podem ter seus registros deletados da mesma velocidade. O trauma e o medo continuam a rondar os pensamentos e os sonhos.

A humanidade é capaz de coisas admiráveis. Temos as artes, o talento empreendedor, a habilidade de amar e construir. Todavia, nossa aptidão para incrementar a máquina da guerra é extremamente exercitada. Maquina que destrói por dentro e por fora. Durante e depois.

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