Pegadinha

Ontem, dia 21, aconteceu um evento na Lagoa Rodrigo de Freitas, por ocasião da abertura do ano da França no Brasil. Uma apresentação que teve como ápice uma queima de fogos maior do que já tradicional realizada no revellión em Copacabana. A Lagoa é um excelente lugar para caminhar, correr, encontrar amigos, brincar com as crianças, namorar, menos para estacionar em grande eventos. Apesar de ter espaços reservados ― e pagos ― para carros, qualquer aglomeração diferente gera transtornos. Ontem não foi diferente. O engarrafamento começou no túnel Rebouças. Era carro na calçada, na grama, uma farra para os flanelinhas.

Os caminhões-reboque do Eduardo Paes estavam lá. Na espreita, esperando todo mundo se distrair com o festival pirotécnico, para então levar os carros para os pátios da prefeitura. No Rio o que acontece é punir, para depois educar. É mais fácil, mais rápido e (melhor) mais rentável. É assim no Maracanã, na praia, nos espetáculos. Ao ter seu carro apreendido pela prefeitura, o cidadão passa por uma série de transtornos. Leva um susto e pensa logo que o carro foi roubado. Quando se dá conta que o veículo foi “guardado” em outro lugar, ele perde dois dias para recuperar seu carro, além do desembolso da multa. Não defendo o estacionamento em local proibido, mas a prefeitura é incompetente para criar infra-estruturas especiais para eventos e faz dinheiro com isso.

Já foi dito que no Brasil, sempre alguém aparece com uma solução simples para um problema complexo. Essa solução geralmente é desastrosa. A prefeitura tem obrigação de dar condições de deslocamento para as pessoas. Sejam através de linhas especiais de ônibus, ou locais alternativos para estacionamento. Mas isso é caro, demanda tempo para planejar, competência e boa vontade.

A pegadinha é assim: você é atraído para um evento, que na verdade é uma armadilha. Vai de carro, estaciona em local proibido por falta de opção, é intimidado pelo flanelinha e quando volta, ele seu carro sumiram. No final das contas, tem que pagar o resgate do seu carro à prefeitura.

Comentários

  1. Ainda chamam esta cidade de "Maravilhosa"...

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  2. Já faz tempo que ouvi essa história de ação emergencial, na qual teria uma atitude ostensiva a fim de coibir o estacionamento proibido. E o reboque seguido de multa, diária e muita apurinhação, era a principal ferramenta para isso. E também que paralelamente, a Prefeitura faria correções e expansões, criando assim, novos locais para estacionamento de veículos.
    Esse é um dos grandes problemas do Brasil: O que é emergencial e transitório, vira a própria regra, e aquilo que realmente educa e muda a situação, jamais é feito.

    Sem polemizar: A cidade é "maravilhosa" sim. A Prefeitura é "horrorosa".

    Abraços

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