Vai uma carteirinha aí?

A nova onda agora no meio esportivo (governo, políticos, imprensa especializada, cartolas) é discutir sobre as propostas para aumentar a segurança nos estádios brasileiros. Dentre as medidas, com certeza a mais polêmica é a da exigência de uma carteirinha de torcedor. Era só o que faltava.

Se tal projeto entrar em vigor, seremos obrigados a ter uma carteirinha, para entrar em um estágio. Vamos fazer uma conta. Quantas carteirinhas um cidadão tem? RG, CPF, Cartão Cidadão, Carteira de Trabalho e Carteira de Habilitação são os oficiais. Mas também podemos ter crachá da empresa onde trabalhamos, da instituição onde estudamos, do clube, da locadora, da academia...

O grande problema dessa nova carteirinha é que mostra a total incapacidade que o governo brasileiro tem de organizar coisas, ou mantê-las organizadas. É reflexo da polícia desorganizada, de cartolas que respeitam mais as torcidas organizadas do que aos torcedores comuns que levam suas famílias para os estádios. O torcedor comum vai para o estádio atrás de diversão, de alegria, de sonho até. Lembro da primeira vez que entrei no Maracanã, eu tinha sete anos. Fiquei hipnotizado pelo verde imenso e intenso do gramado e pela alegria do gol. É a busca dessa sensação que me leva aos estádios ainda.

Não é necessário carteirinha para separar o joio do trigo. O bom torcedor chega com o semblante de alegria por poder assistir de perto o time do coração. É o pai que leva seu filho pela mão. É a moça com o rosto pintado com as cores do clube. É o senhor aposentado que tem histórias para contar das conquistas do passado. O torcedor em nada se iguala aos esquadrões organizados que chegam com cantos e atitudes de guerra.

A incompetência estatal se revela novamente. Ganhamos o direito de sediar uma Copa do Mundo e não sabemos o que fazer com ela. Não vemos os governos se mexerem para entregar uma infra-estrutura de deslocamento e acomodação de grandes públicos. Os estádios continuam precários e uns poucos continuam ganhando muito dinheiro. Por falar em dinheiro, quem vai fabricar essas carteirinhas? É a burocracia estatal levada ao esporte.

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