Feliciano e o Zepelim


Deu o que tinha que dar. Marcos Feliciano foi mantido na presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Não adiantaram a chiadeira, os protestos e nem as manifestações dos mais variados setores da sociedade. Prevaleceu a lógica política brasileira, onde, para se governar, é necessário costurar os mais heterodoxos acordos.

Vale lembrar que Marcos Feliciano é um representante legítimo de um setor da sociedade. Gostemos ou não, ele chegou à Brasília através do voto direto. É um animador de massas, que usa a fé e a ignorância de muitos para angariar seus votos e (principalmente) suas ofertas. Vale lembrar também que (poucos pensaram nisto) Marcos Feliciano foi o maior beneficiário de toda esta confusão. Feliciano é pastor e com seu discurso nos púlpitos faz seu rebanho acreditar que os que são contra ele querem o seu mal. Se querem o seu mal, querem o mal de um servo de Deus. Todos ingredientes para que ele se torne um mártir vivo entre seus liderados. Quanto mais ataques, mais forte ele fica. Mais ofertas, mais poder, mais influência e mais votos. 

Claro que a figura de um presidente de uma comissão como a de direitos humanos requer características como a conciliação e a tolerância com os diferentes, mesmo que por questões republicanas. Nem Feliciano nem Jean Willys servem para a cadeira. Ambos são intolerantes. Só mudam de lado. Mas, Feliciano mostra ser um intolerante mais esperto e mais poderoso. Esperto porque falou pouquíssimo e poderoso porque se manteve no mesmo lugar. Quanto tempo ficará não sabemos. Mas ele ainda está lá.

Feliciano se deu bem. Foi a maldita Geni, que, como na letra de Chico Buarque, de tanto apanhar que ser cuspida, um dia foi agraciada pelo comandante do zepelim gigante. Neste caso, o zepelim serão as próximas eleições. Não duvido nada se, como na canção de Chico, clamarem à Geni por interceder suas vidas junto ao comandante. 

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