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Mostrando postagens de abril, 2013

Crise

Quanta crise... Crise financeira. Dinheiro gasto com besteira. Crise de opinião. Se diz que sim, é crise.  É crise, se que não. Crise moral. Se confunde comum Com normal. É usual tratar mal. Crise. Quanta crise! O jornal é reprise.  Gente-lixo dormindo na marquise. Humanos e sua crise Eterna, paterna e materna Crise em casa. Crise de quem casa, Para se livrar d'uma  E se meter n'outra... Crise. Tanta crise! De identidade, Nada é mais verdade.  Crise de idade.   Em gente que não viveu  E quando vê, já é tarde Garçom, por favor, Uma crise.  Mas de algo que realmente se precise.

Bom (como tem que ser)

Inexplicavelmente bom.  Como se nada similar houvera acontecido até então Bom para dois. De renovar, de clarear, de alegrar.  De rir do nadar, de suspirar. Erradamente bom. De tirar a concentração. Gastar horas... Pensando, imaginando, conversando, conhecendo Apaixonado, aprendendo. Atrasadamente bom. Como vestido perfeito, visto na vitrine da loja em frete, Depois de ter saído de onde gastou todas as economias Em outro vestido, óbvio apenas. Apressadamente bom Rápido como chuva surpresa Molhou, refrescou, fez verdejar a grama Deixou cheiro de molhado na terra E deixou paz Deixa saudade o que é bom De pegar de surpresa, sem permissão De lembrar o que foi, que não é mais Onde estará? O que pensará? Outra vez o bom virá? Bom...

Viagem de Si

Ele pegou um avião e partiu Foi ver o que nunca viu Desatou a armadilha em que caiu Olhou o horizonte e sorriu.  Ele pegou um trem e foi olhar O que só conhecia de ouvir falar Deixou a visão no êxtase marejar Queria histórias para contar. Ele pegou um barco e mares foi conhecer Em novos portos abastecer Outras terras conhecer Entender o sentido de ser.  Ele pegou uma estrada e caminhou Lembrou de tudo que amou E do que abandonou Em água boa a alma lavou  Novo ele voltou.

Variação

Variação De cor, sabor, Odor De lugar, de visão Viajar. Variação De normas, alternativas, Formas De sensação, de emoção E condição. Variação De tema, de acorde, Da harmonia De andamento, agora andante Ao perceber que a vida se esvaia.

Olhos

Existem certos olhos, em que a gente se encontra ou se perde de vez.

Plebeu

Esse seu jeito  Imperfeito  Pra mim perfeito De manias que quero todas De mesmo restaurante Do cotidiano batom rosa Da demorada prosa  De auto-penitências De exclamações e reticências  Me vem Me invade a vida Bagunça os planos Eu me fazendo de esperto Tudo certo, no meu inútil engano Você, castanha, roubou meu sono Virei um insano insone Chamando seu nome  De madrugada Do nada Nada Você? Nada Muda, não muda Aprenda, ninguém muda Se faz de surda Cama gigante  Peito enorme pra você  Deitar a cabeça  Adormecer  Vou embora Pro Japão  Butão Cazaquistão  O coração, coitado Na sua mão  Ou numa gaveta guardado  Perdeu, plebeu Perdeu O plebeu sou eu. 

Posso Tudo.

Ao longo dos anos, tenho visto muita gente citar o Apóstolo Paulo, para justificar as mais variadas coisas. É comum lembrarem de uma frase sua, "Posso todas as coisas naquele que me fortalece." (Fp: 4-13), para se assumir uma atitude ousada ou desafiadora. O curioso de tudo isso é notar que, numa analise mais detalhada do texto da carta que Paulo escreveu ao cristãos da cidade de Filipos (na antiga Macedônia), veremos que o contexto se refere às intempéries pelas quais o apóstolo passou em sua peregrinação missionária. Vejamos: "Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece. Apesar disso, vocês fizeram bem em participar de minhas tribulações. Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se refe

Ver-te dançar

Queria te ver dançar. Mas dançar antes da dança... Como te preparas Do modo que tu pões teu vestido que contornam e reverenciam tuas formas. Teus cabelos sendo cuidados frente ao espelho. O mundo pára e vira simples moldura. Teu batom rosado, cobrindo a carne suave de tua boca. O modo como calças tuas sandálias baixas que adornam teus belos pés e artelhos.  A música toca, teus olhos se fecham como se tu entronizasses os acordes e ritmos. E tu mesma transforma-te em música. Teu suor tem sabor de Salsa... Quente e viciante Teus sorriso tem luz, de teus olhos sai o mel da vida. Como será te ver dançar?  Tocar teu corpo molhado, possuído por compassos e alegria. Deusa encarnada em ritmos, movimentos e calor. És mulher em perfumes e sons. Abraça-me. Dança. Faça-me morrer e reviver.

Especial.

Achar uma pessoa especial é uma das coisas mais gratificantes nesta vida. É como um presente. Um alívio que recebemos durante a caminhada. Uma pessoa especial pode não ser nossos pais e irmãos, ou nem mesmo quem escolhemos para namorar ou casar (por mais que insistamos em não escolher pessoas especiais para serem nossas parceiras e depois amarguemos num cotidiano claudicante).   Esta pessoa especial pode se revelar nas mais variadas formas. Geralmente, ela tem bom humor e pensamento rápido. O que não significa que ela seja apressada no falar e no agir. É sábia. Já repararam que uma pessoas especial olha nos olhos, presta a atenção no que dizemos e, vez por outra, recorda de coisas que falamos há tempos e nem lembrávamos mais? E não lembra para nos acusar ou julgar, mas sim para esclarecer, exortar e até para nos fazer rir.  Uma pessoa especial nos percebe pelo olhar, tom de voz e até pelo silêncio. Ela tem amigos de todas as tribos, de idades va riadas e das mais diferentes c

"Eles" (poderia ser "Nós")

Eles se curtiam E nem sabiam Eles se conheciam E nem percebiam Eles por mesmos lugares transitaram E nunca se cruzaram  Na mesma escola estudaram  Mas no tempo descompassaram  Eles um dia se encontram  Sem querer se enxergaram Eles se descobriram  E mutuamente se atirariam  Era lindo o que sentiram Um para o outro especiais se diziam Eles num mundo particular viviam  E parecia que as barreiras não os impediriam  De repente, as paredes ruíram Eles quase não se viam Sentimentos represados não fluíam Os carinhos impedidos seriam Então, como inoportunos se viam  Mesmo com toda paixão que sentiam Ela foi, ele ficou e não mais se abraçaram  Ele foi, ela ficou e já não se beijaram Cada um do seu modo, uma enorme saudade alimentaram E, vez ou outra, percebiam que para o mesmo lugar retornaram

Decepção e Crescimento

É impossível ser alguém em sua plenitude, sem que haja decepção. Decepcionar-se e provocar a decepção de outrem fazem parte da busca pelo espaço próprio. E tal busca implica em diminuir o espaço e a influência exercidos por pessoas que nos cercam, sejam elas parentes, amigos, maridos, esposas, namorados namorados, colegas de trabalho, etc..  Decepcionar não é querer o mal, como fomos acostumados a avaliar. É, antes de tudo, não corresponder a uma determinada expectativa que nos é imputada, que muitas vezes não tem nada a ver com nossos sonhos personalidade e necessidades. O curioso (e perigoso) é que se, em certa medida, não decepcionamos, podemos nos frustar por não termos vivido e experimentado situações que gostaríamos.  Não decepcionar tem a ver com zelo e cuidado. O mesmo zelo que se tem ao se cuidar de um jardim, por exemplo. Só que não se pode esquecer que, num jardim, cada flor tem seu tempo e seu ciclo. Podemos no máximo prolongar este ciclo, mas não podemos impedí-l

Meu Salmo.

Muitas vezes, eu não sei o que está por vir em meu caminho. Mas tu sabes. Muitas vezes, sinto-me inseguro. Mas nas tuas asas me abrigo. Quando é escuro e frio, o teu amor me aquece. Tu salvas a minha vida, guardas meus passos. Obrigado, meu Deus.  Por teu cuidado e amparo.  Pelo livramento dos males que nem sei. Tão pequeno sou, nada mereço. Mesmo assim te importas comigo. De ti vêm meu socorro diário, minha paz perene e minha alegria verdadeira. Obrigado, meu Deus.  Pela sensação de segurança. Por minha saúde e minha família. Por meus amigos tão preciosos. São tantas coisas, tantos motivos. Tamanho amor, que constrange e que ultrapassa o entendimento Para que entender? Hoje, quero somente agradecer.  Obrigado. Muito obrigado, meu Deus!

Tem gente que diz que te ama...

Tem gente que diz que te ama, mas que critica quando tu fazes algo que gostas.   Tem gente que diz que te ama, mas quem tem o sorriso menor que o teu, quanto a tua vitória é maior que a dela.  Tem gente que diz que te ama, mas que se sente ameaçada quando tua luz brilha intensamente.  Tem gente que diz que te ama, mas tenta cercear teu contato com teus amigos.  Tem gente que diz que te ama, mas que ao ser contrariada não argumenta, berra.  Tem gente que diz que te ama, mas que tem um ciúme irascível e sufocante.  Tem gente que diz que te ama, mas que te faz sentir medo com certas atitudes e palavras.  Tem gente que diz que te ama, mas que, quanto tu erras, esquece teus inúmeros acertos.  Tem gente que diz que te ama, mas que te trata como serviçal nos afazeres domésticos.  Tem gente que diz que te ama, mas que há muito tempo não te olha nos olhos ternamente e te diz o quanto tu és importante.  Tem gente que diz que te ama, mas deixa muitas dúvi

Moleca Carioca*

Ipanema, ela Praia, ela A areia é dela O vendedor do mate esquece o peso e sorri De servir ao sorriso dela Na Lapa ela se faz É samba e risada Elegante, sempre bem apresentada Olhares, pra ela Desejo deles Inveja delas A zona norte é seu quintal Ônibus, metrô, tudo natural Salto alto ou rasteirinha  Muito normal Criança grande Loura que se acha neguinha  Mulherão, mas parece bonequinha  Cheia de saúde, assim ela vai Matando papais e filhinhos Quisera eu ter um pouquinho *Uma homenagem à Neila Souza (uma das amigas mais zero-à-direita que eu tenho).    Valeu, Neiloca! 

Ávida

A hora exige Não parar E assim se corrige O que é para não mais errar Abrir asas, voar alto Não ter medo salto Vai ter dor, alguma dor... Quem disse que não? Às vezes, doe menos partir do que se opor Mas tem que deixar ir O que é difícil parir Aquele amor que não deu Que foi só seu Ou, se foi de dois, um à altura não correspondeu  Relaxa, isso passa Se foi, por pouco tempo chore Se voltar, é seu, comemore! Sorria! Você está sendo filmado Pela beleza que passa ao lado Pela graça que lhe abraça Por ser de amigos verdadeiros cercado Refaça, a vida é sua Reconstrua, ela é dádiva  Por você ávida

Ano Bom*

Às vezes chega um ano Em quem é tempo de mudar Subir o patamar  Para um novo horizonte vislumbrar E perceber o real lugar a chegar Às vezes chega um ano Que a gente nem liga se o fulano Vai falar ou vai fazer Se vai concordar ou vai querer O que vai importar é se a gente sabe viver Às vezes chega um ano Daqueles melhores que plano Que a gente muda o tom Aí lembra que a vida é dom Ano assim é ano bom.  *Inspirado em música homônima de Stella Junia Ribeiro

Conjugação

Tu, da oração a segunda pessoa  Que seria a minha primeira Que comigo andaria pela Havana que não conhecemos Que leria meus bilhetes em garranchos apaixonados Que dividiria a mesa e a cama Que multiplicaria os sonhos Que casaria comigo numa manhã de setembro  Adornada com flores de primavera Num lugar que já nem lembro Tu, singular pessoa Que para mim seria a única A quem contaria meus segredos A quem entregaria minhas chaves Que conheceria meus medos Mas que desfrutaria comigo belas tardes Da brisa que invade  Sim, serias minha companheira Na noite que arde Terias em mim teu cavaleiro Teu homem e fiel parceiro Tu, da conjugação a segunda e a terceira Para mim sempre a primeira  Que usaria a aliança que não te dei Que seria a musa dos contos de amor que não criei Que até hoje o porquê não sei O que sei é que tu parecias ser meu maior mérito Mas algo tomou nosso futuro e entregou ao pretérito