De mal a pior


A cidade é onde vivemos. Nossa rotina é vivida nela. Moramos, trabalhamos, usamos os meios de transportes, passeamos, estudamos, praticamos esportes, buscamos ser felizes e tantas outras coisas inerentes à vida cotidiana numa urbis, por menor que ela seja. Pressupõe-se que o zelo por esta organização geográfica seja feito por pessoas que realmente desejem não só a sua preservação, mas a melhoria de seus espaços urbanos. É somente um pressuposto. 


As eleições municipais de 2012, no Rio de Janeiro, têm surpreendido pelo baixíssimo nível (até intelectual) dos candidatos a vereadores. De um lado, a turma de sempre. Aquela que diz que tapa o buraco, que promete a iluminação da rua e o asfalto do bairro. Do outro, a minoria. Aqueles que pensam numa cidade com os pés no chão e olhos do futuro, com modernidade e de justiça social. Mas a grande maioria é de gente nova com modos (quando os tem) tão velhos quanto o nosso passado colonial e cartorial, de um lugar que não foi feito pra dar certo. 



Ser vereador, parece-me, deixou de ser uma espécie de emissário das boas idéias, dos anseios de melhoria, das questões do dia-a-dia da cidade para ser somente a chance da arrumar uma boquinha. Elege-se vereador, e inicia-se o salvo conduto para empregar os amigos e pupilos que ajudaram na campanha e que serão importantes peças para o próximo passo, leia-se próxima eleição. Nas falas do horário gratuito, semi-analfabetos e analfabetos funcionais nos prometem coisas que jamais serão capazes de fazer. Tanto pela baixa capacidade cognitiva, quanto pela impossibilidade da função de vereador. Vereadores não sem quem aumenta o salário-mínimo, não combatem o narcotráfico, não baixam a inflação e nem os juros. Ou seja, prometem fazer o que lhes é impossível. Vereadores cuidam da cidade, ajudam o poder executivo a viabilizar a governabilidade, criam leis voltadas para a população do município e deve estar intimamente familiarizados com os problemas da cidade para resolvê-los com eficácia.



Cada eleição a coisa se repete. Com o falso pretexto de pluralidade e inclusão, temos visto uma quantidade enorme de candidatos sem preparo (e sem pudor) angariando votos em quantidades absurdas. Tiririca, o palhaço deputado, angariou mais de 1 milhão de votos de eleitores abestados, como assim ele os chamava em sua campanha. Beneficiou-se do tal "voto de revolta" e ainda arrastou mais um punhado de deputados de um partido nanico para o Congresso Nacional. Pelo que vejo, nossas revoltas estão indo de mal a pior. Estamos jogando nossas armas fora.

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