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Mostrando postagens de março, 2009

Na madrugada com a Xuxa

Na madrugada do último domingo (29), a insônia me permitiu assistir o programa Altas Horas, apresentado por Serginho Groisman. O programa teve uma participação da Xuxa ― apresentadora e “vendedora de CDs e DVDs”. Em certa altura da entrevista, ela respondeu a pergunta de um internauta sobre a violência no Rio de Janeiro. Xuxa disse, categoricamente, que não tem mais esperanças de uma recuperação no quadro de violência na cidade. E mais grave, disse que, a tendência é só piorar. Minha reação automática foi concordar. Afinal, esse é o cenário que se revela. Contudo, essa seria uma análise superficial, de uma opinião superficial, dada num programa superficial. Xuxa faz parte da parcela da sociedade que forma opinião. Aí é que mora o perigo. Xuxa fala e a classe média ouve. A classe média é a motriz intelectual e produtiva. Nos últimos anos, tivemos exemplos claros disso. Se a classe média não comprasse a idéia do impeachment de Fernando Collor, nada teria acontecido. Se não acreditasse no

Uma Semana

E ste blog completou uma semana. É pouco, eu sei... Mas já estou jogando confetes. Nesse tempo, recebi e-mails e telefonemas de pessoas elogiando o blog, o que me deixa muito feliz. Algumas manifestações foram de surpresa com o fato do conteúdo do blog ser fornecido exclusivamente por mim ― pelo menos até agora. O ato de escrever tem me acompanhado há algum tempo. O bom de escrever é que se pode gritar sem assustar e ser ouvido sem falar alto. Escrever me liberta, tem sido minha terapia e minha arma contra o marasmo. A escrita tem se revelado uma boa amiga e nosso diálogo tem sido muito intenso. Só escreve quem lê. Ela me diz muito e eu tento responder à minha maneira. Escrever é um ato de prazer. Por isso publico no blog o que escrevo: prazer tem que ser divido. Nunca escreverei por obrigação, a obrigação tira a cor e aumenta o peso. Quero que seja assim sempre. Aos que gostaram do blog e vem acompanhando, torçam para que a alegria permaneça e a fonte não seque. O ZERO À DIREITA é a m

Desafinou

Se você insiste em classificar Meu comportamento de anti-musical Eu mesmo mentindo devo argumentar Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural. O trecho acima pertence à Desafinado , uma composição emblemática de Tom Jobim. O desafinado não tem desculpa. Cesar Maia deve ser desafinado. Se não é, parece. Pense bem, o sujeito se mete a fazer uma cidade de música. Cidade da música? Ela já está pronta, queridão. Você a governou por doze anos. O Rio de Janeiro sempre foi caracterizado pela música que sai de sua gente e por hospedar músicos de outras partes do Brasil e do mundo. Então, criar uma cidade da música é, no mínimo, redundante. Mas a redundância é uma característica dos megalômanos. A tal cidade custou R$ 500.000.000,00 (muitos zeros à direita, por sinal). Essa grana dava para fazer dez mil casas das que o Lula disse que vai fazer. Cada uma a um preço médio de R$ 50 mil. Dez mil famílias longe das favelas, dez mil mães que diminuiriam muito o risco de verem seus dez mil filhos ― pe

Olhos Azuis

“A crise foi causada por comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis, que antes pareciam saber de tudo, e, agora, demonstram não saber de nada.” Lula (presidente da república, ao receber o premier inglês Gordon Brown) “Tem coisas que o presidente Lula fala que não devem ser levadas a sério.” Lucia Hippolito (jornalista, no programa Estudio i , no Globo News, em 26/03/09) Admiro sobremaneira a jornalista Lucia Hippolito. Ela tem eloqüência e firmeza, típica dos grandes comentaristas políticos da história. Mas nessa ela bateu na trave. Esse é justamente o problema, temos que levar a sério o que o Lula fala. No momento quem que fizermos isso, perceberemos que não é admissível o chefe da nação falar uma coisa imprópria dessas, num momento impróprio desses.

Taís, Isabel e Helena

Não me perguntem onde, mas ouvi dizer que a atriz Taís Araújo será a protagonista de uma novela das oito. Acho que ela vai ser mais uma Helena do autor mais criativo para o nome de mocinhas da história. Essa notícia é melhor do que qualquer programa de cotas, ela representa uma vitória do conceito mais correto que existe, a meritocracia. E não há como negar que, para os padrões televisivos atuais, Taís tem seus méritos. Taís protagonista da novela das oito, o fato em si será assimilado rapidamente ― se já não o foi. Todavia, a coisa vai além. Mas antes de continuar quero deixar claro que não sou engajado em luta de raças ou similaridades. Ao contrário, quero igualdade, não reparação. Continuando... A coisa vai além se analisarmos pela ótica da referência inconsciente. Aquela que temos quando determinada ocupação ou função nos vem à cabeça. Por exemplo... Pense rápido num motorista de ônibus. Agora num juiz. Uma diarista. Uma gerente de agência bancária. Mude rápido para um neurocirurgi

Ciclos

Nos próximos anos, teremos um novo ciclo econômico. Essa é minha opinião. Os cientistas tem um nome bacana para isso, especulação. E especular é bom demais. Segundo os estudos, os ciclos econômicos são aqueles em que uma determinada atividade é a predominante. As demais atividades ou passam a ser secundárias ou complementares a essa principal. Aqui no Brasil, ouvimos muito falar dos ciclos do cana-de-açúcar, do ouro, da borracha e do café, mas nunca nos explicaram isso com profundidade. A globalização fez com que os ciclos tivessem alcance mundial, dada a integração das economias. Outro dado curioso é que os ciclos podem ser mais curtos do que antigamente, mas seu período médio é de dez a quinze anos. A observação de tais ciclos é muito utilizada pelos estudiosos do mercado financeiro. Nos anos 90, tivemos o ciclo das empresas de tecnologia (as “.com”). Fui quando a turma das do leste dos EUA ― e de outras partes do mundo ― ganhou dinheiro demais. Foram inúmeros os casos de garotos que

Duas Lições

Tem uma turma nos States dizendo que o Obama é comunista, que ele vai acabar com o sistema capitalista americano. O que me chama a atenção é que a maioria dos que falam isso tem menos de 80 anos. Ou seja, não passou o aperto dos anos 30 do século passado. E também não atenta que as medidas adotadas são, exclusivamente, para recuperar a economia americana. Surge então, a primeira lição: as pessoas, em todos os países, tendem a perder sua memória histórica e falam de coisas sem contextualizá-las. O capitalismo tem uma característica orgânica. E como todo o organismo, tem que passar pelas adaptações do meio e criar anticorpos. Algum desses defensores naturais são a liberdade de expressão, a livre imprensa, a democracia e a defesa dos direitos civis. Isso previne esse organismo do autoritarismo e da coerção da livre iniciativa, estimula o empreendedorismo e promove o progresso das famílias e estados. Contudo, ele está sujeito a doenças e necessita ser revisado periodicamente. Talvez essa c

O Filhote de Pombo.

O “filhote de pombo”, na linguagem popular, é a atribuição dada a algo que sabemos que existimos, mas ninguém vê. No blog da Mirian Leitão (Mirian Leitão.com) está salientado que o argumento da Petrobras mudou, quando questionada com relação aos preços praticados na gasolina nos últimos tempos. Ano passado, como preço do barril de petróleo chegando (e passando) aos US$ 100, a gasolina no Brasil não passou por reajustes drásticos. A pergunta que fica é por que o combustível não teve seu preço calibrado para baixo quando o preço do barril do petróleo chegou a US$ 30 ― hoje no patamar dos US$ 50. Em 2007 fui apregoado a nossa independência com relação ao petróleo. Não é bem assim. Não temos capacidade de refinar o óleo que extraímos no Brasil. A tecnologia de nossas refinarias é para o processamento de óleo leve (importado), o óleo brasileiro é pesado (exportado). Sendo assim, a Petrobras está sujeita às oscilações de mercado. Claramente, a gasolina é usada como instrumento político. Prin

A Fantástica Fábrica de Tapetes.

"Nosso sistema de representação está bambo, não representa mais nada. Isso é visível, o que provoca um efeito de desmoralização extraordinário. Como ter democracia se não há respeito pelo Congresso? E como ter respeito ao Congresso se todo dia a imprensa noticia coisas que não são corretas feitas no Congresso." Fernando Henrique Cardoso (SP, 23 de março de 2009) O ex-presidente falou isso hoje em São Paulo e já tem gente esperneando em Brasília. Eu tenho um amigo que uma vez me disse que ser chamado de desonesto incomoda até ao desonesto. Nessas horas, o mais provável é o seguinte: vão pegar um boi magrinho e entregá-lo às piranhas. Depois, varre-se o resto da sujeira para debaixo do tapete. Por falar nisso... Quem fabrica os tapetes do congresso (minúsculo)? Haja tapete!

Vai uma carteirinha aí?

A nova onda agora no meio esportivo (governo, políticos, imprensa especializada, cartolas) é discutir sobre as propostas para aumentar a segurança nos estádios brasileiros. Dentre as medidas, com certeza a mais polêmica é a da exigência de uma carteirinha de torcedor. Era só o que faltava. Se tal projeto entrar em vigor, seremos obrigados a ter uma carteirinha, para entrar em um estágio. Vamos fazer uma conta. Quantas carteirinhas um cidadão tem? RG, CPF, Cartão Cidadão, Carteira de Trabalho e Carteira de Habilitação são os oficiais. Mas também podemos ter crachá da empresa onde trabalhamos, da instituição onde estudamos, do clube, da locadora, da academia... O grande problema dessa nova carteirinha é que mostra a total incapacidade que o governo brasileiro tem de organizar coisas, ou mantê-las organizadas. É reflexo da polícia desorganizada, de cartolas que respeitam mais as torcidas organizadas do que aos torcedores comuns que levam suas famílias para os estádios. O torcedor comum va

Os Eutopagando

Brasileiro adora se meter na profissão dos outros. Nos automedicamos, sabemos com escalar uma seleção melhor que o Dunga, somos metidos à psicólogos, nutricionistas e arquitetos. Eu, engenheiro, adoro meter a minha colher na sopa dos sociólogos. Em meus “estudos”, vejo que tem um novo grupo social se formando, os eutopagando . Eles são aquelas pessoas que tem como argumento principal de insatisfação a célebre frase: Eu estou pagando. Os eutopagando são oriundos de um outro grupo social antigo, mas em extinção depois da abertura política brasileira, os sabecomquemtafalando . Eles não são descendentes diretos dessa antiga organização social, mas sim uma espécie de filho bastardo. E revoltado com essa condição de ter, mas não ser. Essa gente pensa que tudo é uma questão mercantil. Ele paga, você entrega. E isso não é o que se imaginava até então, mas sim entregar o que ele quer receber. Independente de ser bom ou ruim. Vamos aos fatos ― essa é a melhor parte. Já reparam como andam as rel

Bônus? Eu também quero o meu.

A notícia da semana, para mim, foi o Congresso Americano (isso mesmo, com maiúsculas) aprovar uma lei que taxa em 90% os bônus de executivos de empresas que receberam ajuda financeira do governo. Foi uma das lições mais agudas de como um país sério deve funcionar. Fazendo uma paródia com o nosso brasileiríssimo seqüestro relâmpago, podemos dizer que os políticos de Washington criaram o “resgate relâmpago”. Esse episódio tem desdobramentos não só políticos, mas éticos. Os políticos são de fácil digestão, todo mundo percebe no primeiro momento. Em tese, a política deve ser exercida para o bem comum, em todas as instâncias. Eu cedo, você cede no próximo passo. Nós cedemos nisso, eles cedem naquilo. No final o bem comum é o maior beneficiado. Como disse antes, em tese. Nas terras de cá, sabemos que a coisa não é bem assim... Quero atentar para os outros fatores que tal decisão atinge. Os éticos. Todo mundo fala que estamos passando por uma crise de confiança. Os economistas, empresários, p

Zero à Direita

Zero à direita é exatamente o que você me falou: agregar valor. Mas como isso funciona para mim? Nos últimos tempos, tenho visto muita coisa. Gente tirando proveito de situações de fraqueza e incerteza do próximo. Fingindo que estão ali para ajudar, amar, amparar e até sustentar. Estão, no mínimo, sugando as possibilidades de que está por perto. Se vão embora, e quando vão, não deixam nada. Somente uma sensação de que fomos usados, de que perdemos nosso tempo. E tempo, não volta, é um bem que não conseguimos recuperar. Recuperamos nosso dinheiro, nossa capacidade de amar e dividir, nossos relacionamentos, mas não o tempo. É duro, cruel, real. Sendo assim, decidir pautar minha vida sendo um zero à direita. Na matemática, o zero à direita, significa dez vezes mais. Logo, se eu sou um zero à direita, eu decuplico algo onde estou. No meu trabalho, nos meus empreendimentos, realizações, sentimentos ou relacionamentos. Quero ser quem vai agregar valor sempre. Valor monetário, de caráter, p