Postagens

Mostrando postagens de março, 2013

Outono

Chegaste Com tuas brisas prazenteiras Tuas manhãs levemente cinzas Tens jeito de recomeço De onde te conheço? Aqui estás com tuas folhas castanhas Como castanhos são os olhos da amada Pouso em tuas tardes azuis de não querer nada Volto para meus livros e discos antigos Fechas o verão e preparas o inverno Cheguei aqui uma semana depois de uma de tuas partidas Passei por ti dentro de ventre materno  Talvez por isso o jeito de casa, de velho conhecido É isso, eu e você somos amigos Então, meu caro outono, seja bem-vindo

Feliciano e o Zepelim

Deu o que tinha que dar. Marcos Feliciano foi mantido na presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Não adiantaram a chiadeira, os protestos e nem as manifestações dos mais variados setores da sociedade. Prevaleceu a lógica política brasileira, onde, para se governar, é necessário costurar os mais heterodoxos acordos. Vale lembrar que Marcos Feliciano é um representante legítimo de um setor da sociedade. Gostemos ou não, ele chegou à Brasília através do voto direto. É um animador de massas, que usa a fé e a ignorância de muitos para angariar seus votos e (principalmente) suas ofertas. Vale lembrar também que (poucos pensaram nisto) Marcos Feliciano foi o maior beneficiário de toda esta confusão. Feliciano é pastor e com seu discurso nos púlpitos faz seu rebanho acreditar que os que são contra ele querem o seu mal. Se querem o seu mal, querem o mal de um servo de Deus. Todos ingredientes para que ele se torne um mártir vivo entre seus liderados. Quanto mais

Mal-Aventuranças

Pobre de quem confunde o amor com qualquer outra coisa. Não sabe o que perde, porque não sabe o que procura Tem a vida em meio recipiente e, quando tem, a emoção é morna Faz força para acontecer o normal e não sorri à toa Coitado de quem não se entregou a uma paixão Vive na linha, obedecendo à regra do previsível Tem tudo ensaiado para uma hora H que nunca chegará Se esconde e não prova como a coisa de apaixonar é boa Ai da pessoa que beija pensando em outra Não se realiza e se impede de ser inteira Vai de um lado para o outro, constrói coisas e junta para si Mas não tapa o buraco onde o pensamento em ainda ressoa Infeliz de quem deixa o tempo passar, a oportunidade escapar A vida é uma só para no final se perguntar o que se fez do amor Encontra o ocaso dos dias sem conhecer o tal amor, viver a tal paixão ou provar o tal beijo Só vai se sentir que o tempo tem asas e rápido voa

Dias seus

Foram dias que eu respirava você Era você em todo pensamento meu Eu... Quem era eu? Nada além de seu Apenas pronome possessivo E assim me sentia vivo Nada antes era igual, nada antes era você Foram dias em que fui maior do que jamais fora Mais feliz e mais disposto Era do antes o oposto Bastava ver seu olhos O sorriso que estampa seu rosto Você, personificação do tudo, ali  Agora, eu aqui  E você... É lembrança espalhada, foto roubada Em segredo guardada  Foram dias... Que dias! Foram-se

F***

Uma vez ouvi: Penso, logo mudo de opinião. É verdade. Eu mesmo não tenho o menor problema em mudar de opinião. Um bom exemplo era uma certa antipatia que nutria por Caetano Veloso. Sei que ele jamais vai saber da minha existência e que eu não influenciaria em absolutamente nada na existência dele. Mas a antipatia existia. Ando mudando a minha opinião sobre ele. Eu, este "comédia", querendo falar de Caetano... Ontem, assisti um video de Caetano no YouTube. Uns cinco minutos de um desabafo, onde ele solta os cachorros encima de um jornalista que fala mal dele. Em certo momento, ele solta a pérola: " Deve ser porque eu sou f***. Chico Buarque é f***. Milton é f***. Gil é f***. Djavan é f*** É isso. É porque eu sou f*** e ele não consegue ser." Depois do susto e das gargalhadas, veio a reflexão. O que esse cara quis falar? Porque se fosse um exemplo de auto engrandecimento ele não colocaria mais gente na afirmação. Ele seria o único f***. Mas não. Ser f*** tinha outr

Dançar

Deixa eu te levar para dançar Põe teu vestido mais bonito Tuas sandalhas mais lindas Deixa eu te apresentar ao luar Deixa eu te conduzir e cercar   Passos suaves, o meu no teu olhar  Envolver-te nos braços Possuir-te em compassos Deixa... eu sei o que faço Deixa eu te levar pra qualquer lugar Deixa o amor testemunhar Tudo que tenho a dar Deixa, solta, larga o que prende Vê se aprende  Deixa eu te levar 

Desculpas.

Desculpe meu jeito Minha mania de abrir o peito Às vezes sem respeito Vontade de ser aceito Na tua vida e no teu leito Desculpe meu defeito De querer te causar efeito  Ao não me acomodar com o que é estreito.  Desculpe esse meu jeito... Jeito que não tem jeito Do qual o amor, risonho, tirou proveito E para mim nem deixou direito Também pudera... O que fiz está feito

Gente-trator

Tem gente que não deveria nascer gente E sim trator  É gente que causa mas não sente dor Essa gente estraga mais que trator Porque dessa gente não se pode desligar o motor. 

Caminho

Cada dia, um passo Eu traço, eu leio O mapa que achei  Do caminho que desviei Mais perto, mais livre Eu certo do que quero  Cabeça erguida, vislumbro o que espero.  Meu tesouro, minha certeza Requer destreza, saber andar na escuridão Deixar o estreito e mergulhar na imensidão.  Caminho longo, de conhecimento Jornada cheia de lembrança e esquecimento  Prazeres e algum arrependimento Estrada de encontrar o que não se sabe  E o que se se perdeu.  Chega no melhor lugar que tenho: Eu.  

Sessenta Anos do Rei Rubro-Negro

Imagem
Te vi a centenas driblar Pelos campos do mundo a correr A jogadas genias fazer E a alegria de uma nação fazer Galinho de Quintino Herói de homens em meninos Em tardes dominicais Com seus gols celestiais Obrigado, Rei Artur Antunes Líder de Junior, Adílio, Leandro, Andrade e Nunes Me ajudaste a entender O que é ser Flamengo até morrer Se és para sempre da Gávea camisa dez Que Deus permita tu esteja por muitos anos Entre nós, teus súditos fiéis Que o rubro, o negro, o branco e o caboclo Saiba que para ti, sessenta anos é pouco

Beijo teu

Beijo teu Beijo que eu quero Beijo inteiro e cheio de verdade Daqueles que dão o tamanho da vontade Forte e suave, com gosto de ti Beijo teu Beijo que sonho eu Acompanhado de abraço Amasso... Entregue eu. Quem sou eu? Sujeito sem compasso. Não me refaço Do gosto do beijo teu

Antes do pó.

Um dia seremos um punhado de anos, pele fustigada e, por fim, viraremos pó.   Ai de nós, sermos pó, se antes disso não formos alegria, tristeza, amores, prazeres, bem de alguém e bem para muitos.  Ai de nós se, antes do pó, não formos trabalho, realização, crescimento e vontade.  Aí de nós se, antes do pó, não formos emoção, desejo, libido, energia, suor e gozo.  Ai de nós... ai de todos nós.  Se, antes do pó, não formos alma.