Deus seja louvado.


O MPF (Ministério Público Federal) pede a exclusão da frase “Deus seja louvado” nas notas de real. A frase foi introduzida nas notas de cruzado, no governo Sarney, quando foi lançada uma nota com a esfinge de Machado de Assis ― o autor usava expressões como esta em passagens irônica de seus personagens, diga-se. Poderíamos analisar filosoficamente sobre o “Deus” da nota. A qual deus se faz referência? Para muitos, o dinheiro é um deus. Para outros, Deus não existe. Nem Deus, nem outro deus algum. Então, para os ateus, a frase tem efeito nulo. 

Porém, o mais curioso para mim é o MPF se debruçar sobre assunto tão... pequeno. Isso! Pequeno, rasteiro, dissonante com a grandeza que se espera de uma instituição como esta. A alegação do MPF é que, como estado laico, o Brasil não pode fazer referência a Deus. Eu pergunto: Existe algum caso de um ateu, ou crente em outra entidade, que tenha rejeitado uma nota de real por conta dos dizeres “Deus seja louvado”? Alguém que lê este texto já entrou em algum estabelecimento comercial que só aceitava pagamento em cartões de crédito, porque estes não possuem a frase em suas tarjetas? Dinheiro é dinheiro e ponto. Somos um país capitalista e a maior representação de uma economia é a cédula monetária. E as pessoas não estão nem aí para os símbolos que estão nas notas. Se fosse assim, as notas de dólar e seus símbolos maçônicos seriam execrados pelos evangélicos americanos do Tea Party. Imaginem Sarah Palin rasgando notas de dólar em praça pública...

Vieram-me algumas sugestões para o MPF gastar seu tempo:
  • Trabalho escravo;
  • Falta de qualidade da rede pública de saúde;
  • Recursos empregados na educação e na segurança;
  • Problemas de transporte público nas grandes cidades;
  • O preço absurdo dos carros, frente à sua baixa segurança;
  • Os desvios de recursos públicos através de algumas ONGs de fachada.
E que Deus seja louvado.

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