Preguiça.


Desejamos. Sempre estamos buscando algo, seja conforto, dinheiro, poder, cura para as doenças do corpo e da alma, sossego, superação, paz, poder, satisfação, amor, reconhecimento, felicidade. Buscamos incessantemente. Incansavelmente. Parece que nossa existência se resume a isso. Na verdade, somos reflexo do que procuramos, do que não encontramos e até do que perdemos.

Afinal, o que queremos de verdade? Será que não estamos sendo engolidos por buscarmos coisas impossíveis? Quando digo “impossível”, não me refiro se perseguimos algo inalcançável, mas ao fato de muitas vezes estarmos completamente ocupados em ter algo que não é o que realmente nos satisfará. Pior, podemos ter abandonado a busca no meio do caminho. O famoso “não tem tu, vai tu mesmo”.

Um dia desses, uma grande amiga, em sua definição para a preguiça, disse: ”Preguiça é a pessoa se contentar em ser menos do que ela realmente pode ser.” Eu extrapolaria e diria que preguiça é a pessoa se contentar em ser, sentir, ver e viver menos do que ela realmente pode ser, sentir, ver e viver. Preguiça é ser com uma folha ao sabor do vento, ao sabor dos acontecimentos determinados pelos outros. Preguiça é viver a vida que não é sua, trabalhar o trabalho que não é seu, amar o amor que você não sonhou em amar. Preguiça é dizer por aí que está velho demais para deixar de receber menos do que você gostaria de receber. Preguiça é a expressão "fazer o quê?". Preguiça é se adequar ao lugar estreito, sabendo que o lugar largo é possível. Preguiça é auto-sabotagem.

Muda-se a pergunta, então: O que realmente podemos ser, sentir, ver e viver? Pergunta difícil. Que admite as respostas simples mas não permite as simplistas. Sermos exatamente o que podemos ser. Sentirmos o que sempre quisemos sentir. Largar a preguiça que nós corrói silenciosamente. Responder esta pergunta é essencial. É o que torna a nossa busca exatamente do tamanho que somos. 

Xô, preguiça! 

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