Perdendo a Partida.


Eduardo Paes, prefeito reeleito do Rio de Janeiro, talvez usando de seu cacife político, soltou o verbo:
Ou o Brasil se apercebe de que esses eventos são uma chance fantástica de catalisar, juntar esforços, de se erguer de forma distinta, ou a gente vai ter perdido a oportunidade de aproveitar esse calendário especial que nós temos. Vou ser mais politicamente incorreto aqui, eu ousaria dizer que, no caso da Copa do Mundo, o Brasil de certa forma já perdeu essa oportunidade.

A fala tem seu valor. Paes se referiu às nossas flagrantes deficiências em planejar e executar projetos em tempo hábil. Estamos às vésperas de uma Copa do Mundo, nossas obras estão atrasadas. Os custos estão inacreditavelmente altos. A infra-estrutura ruim como sempre. Os serviços são de irritar qualquer franciscano. Nossa crença de que faremos um evento exemplar estão se esvaindo. Ao contrário do que pode parecer, não é culpa do nosso complexo de vira-lata. Talvez seja culpa no nosso “nariz em pé”.

O Brasil não está acostumado a sediar grandes eventos. Não temos esta tradição e parece que nunca fizemos muita força para isso acontecer. Tivemos uma Copa do Mundo há 62 anos e um somente sediamos Jogos Pan-Americanos em dias oportunidades. Fato sabido, deveríamos correr atrás de informações com quem entende do riscado. Mas a impressão que tenho é que não fazemos isso. Copa do Mundo e Olimpíadas não são apenas os eventos em si. Existem muitas pessoas envolvidas nos preparativos, que conhecem os detalhes, que sabem dos riscos, entendem dos cronogramas, interpretam as dificuldades para assim transpô-las. Onde estão estas pessoas? Estão por aí. Já que não temos tal conhecimento e tal capacidade, por que não pedir ajuda?

Somos diferentes, alguém poderia dizer. Mas quem não é. Que sejamos diferentes positivamente, ou no mínimo iguais aos bem sucedidos em eventos deste porte. O prefeito da cidade-sede dos próximos Jogos Olímpicos demonstra em seu pronunciamento uma preocupação muito legítima com nossa capacidade de tirar do papel as coias que imaginamos (e certa mea culpa). No Brasil, tem-se um estado cartorial, uma burocracia que sabota o empreendedorismo, leis de difícil interpretação e uma carga de tributos que pesa demais. Parece que o país foi feito para dar errado e agora, que queremos que dê certo, ficamos atados. A bola está rolando, o placar é desfavorável e o jogo vale uma Copa.

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