O Paradoxo dos Sexos - Parte 2


Começo relatando alguns casos que assisti em minha vida, mas que obviamente não convém dar nomes aos personagens.

Caso 1
Ela com a carreira em franca ascensão. Um talento revelado desde muito cedo, que somente seguia o caminho natural dos profissionais com competência acima da média. Respeitada em seu meio profissional, era comum ser laureada por elogios públicos. Ele, o marido, um expectador. Indeciso, perdido e inseguro tanto no viver diário quanto em sua carreira profissional, decide dar uma guinada radical e retorna para a faculdade depois de anos de formado. Não se acha. Ao mesmo tempo, sua mulher está mais “achada” que nunca em sua profissão. Até o dia em que ele vira e diz: “Você é boa demais para ficar casada comigo.” Pega as suas coisas e vai embora, deixando um vazio gigantesco na vida de sua mulher.

Caso 2
Nos bancos da faculdade, ela sempre foi destaque pelas boas notas. Arranjou um namorado mais velho e menos instruído. Ao invés de tratá-la como uma jóia preciosa, o tal namorado percebeu certa insegurança que a moça trazia consigo e usou isso para dominá-la emocionalmente. Chegava aos limites da humilhação verbal pública. Tornou-se persona non grata entre os amigos da jovem. O ciúme, resultado da insegurança, era cada vez maior. Até que a moça conseguiu se livrar à duras penas do machão.

Caso 3
Um casal se separa. Aparentemente, de forma amigável. Cada um vai para o seu canto. Ele um profissional mediano, sem grandes ambições, mas muito feliz com o que fazia. Ela com um perfil empreendedor, já ocupava uma posição de destaque. A combinação dos dois não tinha problemas neste aspecto. No entanto, ao saber da separação do casal, alguém, destilando preconceito, dispara: “Isso é que dá a mulher ganhar mais que o homem. Ela quer mandar na casa e aí complica.”

Os três casos mostram três modalidades do paradoxo dos sexos. O caso 1 fala da insegurança que sobrepõe o sentimento de carinho e companheirismo que porventura possa existir. O caso 2 relata a inveja que usa a agressividade como instrumento de opressão do invejoso sobre a invejada. E o caso 3 o preconceito de terceiros, que não têm idéia alguma sobre a intimidade e os códigos de um casal e mesmo assim despeja todo o preconceito machista.

Ainda temos muito que aprender. Homens e mulheres. Principalmente homens. A competição do mercado de trabalho aumentou depois da chegada das mulheres. Elas são competidoras preparas, estão estudando mais que os homens. São detalhistas em sua maioria e costumam aproveitar as oportunidades com mais garra que muitos homens. Mas ainda continuam  aquelas, que vêem o mundo de forma diferente, que choram no cinema e que adoram receber flores. Essa competição tirou dos homens a gentileza e o cavalheirismo. Principalmente dentro de casa. Take it easy, my brother!

Ou entendemos o novo código, ou colocamos tudo a perder. Quantos são os casos de sujeitos que sabotam suas companheiras, para que estas sempre estejam em posição de inferioridade? Nossa hipocrisia é tão grande que achamos um absurdo uma iraniana ser condenada a morte por adultério, mas condenamos à morte muitos dos sonhos de nossas próprias mulheres.

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