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Mostrando postagens de maio, 2013

Costume

Ela pedia. Queria. Ele fingia Que não via, Que não percebia, Que não ouvia. Já não queria.. Ela quase enlouquecia, Rezava... "Meu Deus, onde errei? Enfeiei?" Nada mudava. Que era linda, ela sabia. Mas não mais havia O beijo que ardia. A casa era bela, Tudo arrumado, Brilhava. Comida boa na panela, Mesa bem posta sempre estava. O problema era ela? Não sabia o que fazer. Vontade endoidecer. Padre chamou para benzer, Até pai-de-santo procurou  Para eventual trabalho desfazer  Ele nada de querer. Na igreja, o pastor orou, Tudo na mesma ficou "Outra deve ter", Suspeitou.  "Quem deve ser?" "O que de mim vão dizer?" Perguntou. Nem suspeitava ela  Que ninguém seu lugar tomou. Mas que, a ela, nunca deveras ele amou, Somente a ela se acostumou.

Partes

A voz, O telefone, O riso. Nós. Pedaço De Paraíso. Regaço Que preciso. Conversa. Que pressa? Sem essa... Com a gente Que sente Como é bom Mesmo que breve, É leve. Mesmo você não agora, É pra vida afora.

Quem passa e quem fica.

Existem pessoas que entram na nossa vida com uma finalidade específica. Ruim é achar que esta finalidade vai durar para sempre. Aí, tem a hora de assumir que é necessário algum tipo de separação. Tem gente que só aparece para lembrar que você está vivo. Fica por aquele período e se vai. Outros vêm, ficam por anos, criam laços de amizade e de amor, mas com as mudanças naturais da vida (ou revelações naturais da vida), elas não cabem mais no espaço que tínhamos disponível.  Isso se dá de muitas formas. É o filho que sai de casa para morar sozinho, é o profissional que muda de emprego, é o amor que se desgasta é um se vai. Isso que não quer dizer que viver com os pais seja insuportável, que o emprego seja uma tortura, nem que a relação à dois seja um desastre. Mas que o tempo, modelos e circunstâncias também podem se exaurir. Você vê que é mais saudável você ter seu canto com as suas regras, buscar um desafio profissional que lhe instigue ou que ,por mais bacana que seja o seu par, o

Se me quer.

Se me quer, Não venha dividida. Queira-me inteira, Terá a mim por inteiro Não sou parte, nem pedaço Quero espaço Não me queira por respeito. Mas respeite, não sou deleite. Se me quer, Não passe.  Venha e fique. Não que eu suplique, Mas não há nada que explique, Negar o bem-querer E fazer de tudo para esconder. Sendo assim, Já que não vai se comprometer, Por  cheia  de compromissos A sua vida já ser. O que quer de mim, Se me quer E não se deixa ter?

Conto da Decisão.

Ela sempre lembrava, quando as promessas que ele fez não eram cumpridas por com quem ela decidira ficar. Pensava se era tudo aquilo possível. O sonho de amor, o príncipe cheio de defeitos, mas que a encantara. Que a olhava sem julgamentos ou regras.  Sentia-se só, por vezes, mesmo cercada de pessoas e atenções. Tudo e nada no mesmo espaço. O novo com jeito de passado. Mais do mesmo. Mais um dia, mais uma noite solitária na cama habitada por dois. Onde estaria ele? O que estaria fazendo? Com que estaria? Ainda pensaria nela? Ela pensava, fechava os olhos e tentava trazê-lo para perto. A voz, o olhar, as flores mandadas sem razão, os pequenos presentes, tão precisos. O anel, o livro e as cartas guardadas à sete chaves. Teve vontade relê-las todas. Da mensagem mais despretensiosa até as declarações de amor e desejo. Ao mesmo tempo em que duvidava da possibilidade que ser sempre assim com ele ao seu lado, ela no fundo tinha a certeza que seria.  Era como se o sabor do beijo fosse r

Sobre a Decisão.

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Pharmacia

O farmacêutico mágico Decidiu em seu laboratório,  Que parecia um oratório, Curar o que era trágico. Formulou medicação,  Para problemas de coração  Que se doía de emoção.  Preparou elixir,  Para deixar de existir Saudade que dava de insistir  Fez remédio  Que impedia o assédio Das lembranças da amada, Em plena madrugada.  E tomou estranho biotônico, Que o sentir ficou biônico.  Deixou até de sonhar. Não sabia mais amar.

Ora, ora, ora.

A bela senhora,  Depois de certa demora, Chega a uma hora Em que decide jogar fora O que era bom demais outrora. Às vezes dói, que ela até chora. Tem noites que ela ajoelha e ora, Tem dias que ela corre mundo afora, Tentando expulsar o amor que dentro mora Mas, se não resolver o interior, De nada adianta estar bonito por fora. O cheiro, a voz, a vontade, a saudade, o calor. Tem coisa que não se controla. E agora?

Fulano tem Berço.

"Fulano tem berço." Essa expressão cada vez faz mais sentido para mim. Entendo por 'berço' algo diferente de condição financeira ou grau de instrução. É educação, cordialidade, respeito ao próximo e gentiliza. Tudo isso embalado num pacote chamado espontaneidade.  Isso se aprende em casa (família), desde pequeno, desde o berço. É fácil saber se alguém tem (ou não) 'berço'. Basta ver como trata os demais, no ambiente de trabalho, nas relações de namoro, casamento ou de parentesco. As pessoas de berço são agregadoras, respeitam a individualidade alheia e observam atentamente o princípio da reciprocidade. Não se arranja um 'berço' depois de adulto. Tarde demais. O sujeito (ou sujeita) pode ter dinheiro, ter pós-doutorado em Harvard, ter beleza, ter vasto conhecimento sobre vários assuntos ou ter uma posição social privilegiada. Mas o que se aprende no 'berço' não se aprende fora dele. 'Berço' não se compra nem se conquista.

Fôrma

Quem se cerca de norma, Fica preso à forma.  Sufocado pelo óbvio que o contorna, Sente falta de emoção em sua rotina morna.  Tem a alma impedida de reforma E se esquece que a surpresa a vida adorna.