Novo ano novo.
Era fim de ano. E ele sempre fazia votos, todos finais de ano. De que mudaria a vida, de que emagreceria, de que se alimentaria melhor. De que mudaria de emprego, para algo que o fizesse feliz. Arrumou algumas gavetas. Encontrou fotos antigas de amigos dos tempos da faculdade de Economia. Com alguns ainda tinha contato raro, já outros eram somente uma lembrança da foto amarelada que registrara um momento feliz de qualquer um daqueles anos agitados. Achou também bilhetes de passagens aéreas, postais, contas vencidas e até um cartão de aniversário de uma ex-namorada. Rasgou algumas coisas, outras guardou em uma pasta dessas de papelão. Etiquetou: Fotos e lembranças. O telefone tocou. Era sua mãe, perguntando se ele iria no almoço de final de ano. “Seu pai está doente. Vai gostar de ver você”, ressaltava ela. A doença do pai era algo que lhe incomodava. O homem ativo e audacioso de outrora, agora era um velho fraco e dependente. Não gostava de ver seu pai, um verdadeiro herói da sua