Como se não houvesse amanhã. Uma mensagem para filhos e mães.
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.
Por que se você parar pra pensar, na verdade, não há.
Trecho de “Pais e Filhos”, de Renato Russo
Ficar sem mãe não é legal. Hoje a minha dúvida é se esta ausência é pior quando somos muito pequenos, adolescentes, jovens ou mais velhos. O mais provável é que, em cada fase, a dor se revela de forma diferente. Quando minha mãe morreu, eu tinha 26 anos e minha irmã vinte e três. Ambos na faculdade, realizando coisas, naquela fase da vida em que tudo acontece rápido e que as novidades são paradoxalmente rotineiras. Ela, mesmo sendo mãe pela primeira vez aos 34 anos (num tempo em que a regra era ser mais antes dos trinta invariavelmente), era de uma vitalidade impressionante. Foi retirada de cena de forma repentina, surpreendendo platéia e até atores com ela contracenavam. Lembro da última brincadeira, da última réplica a uma gracinha feita por mim, do último agarrão (Sai daqui, garoto!). Ela era o nosso ponto de equilíbrio. Era mãe.
A morte repentina logo trás o medo do remorso. Será que todas as pendências estão quitadas? Será que fui perdoado? Será que eu perdoei? Será que sabia que era amada? Será? Será? Será? Uma das primeiras coisas que me vieram à cabeça depois do choque do evento foi a música da Legião Urbana, “Pais e Filhos”. A letra fala de relações entre os dois grupos. Em meio aos conflitos e acertos, trocas de papeis, encontros e desencontros, vem a exortação sobre a urgência da revelação do amor, não só entre pais e filhos, mas em qualquer nível de relação. Fazemos planos para o futuro. Contudo, não sabemos quanto tempo viveremos na terra. A derivação máxima disso é o fato de não termos certeza de acordarmos vivos amanhã. Os planos são bons e necessários para uma vida mais organizada e feliz. Mas é certo que se não demonstrarmos hoje o amor que sentimos por alguém, corremos o risco de não ter como fazê-lo no futuro.
O dia das mães está batendo em nossas portas. Dia esse que virou âncora comercial, é verdade. Mas é dia de não adiar a demonstração de um sentimento de carinho, gratidão, companheirismo e até de segurança ― já que tantas mães dependem de seus filhos para sobreviver. Eu não sei quantas pessoas lerão este post. Muito menos quantas se sentiram tocadas em fazer algo. Mas essa é a mensagem de alguém que não se deu ao luxo de deixar para o dia seguinte o beijo e o abraço na mãe. Foi duro constatar que não haveria mais amanhã. Mas foi reconfortante saber que o ontem foi vivido sem pendências.
Às mães, eu desejo que sejam cobertas de carinho e atenção. Que aproveitem o momento para aparar arestas e trazer a doçura de volta (se for preciso). Aos filhos, eu desejo que beijem suas mães e as façam saber o quanto elas são importantes para vocês. Façam isso por vocês. Façam isso por elas. Façam isso por mim.
Feliz dia das mães.
Por que se você parar pra pensar, na verdade, não há.
Trecho de “Pais e Filhos”, de Renato Russo
Ficar sem mãe não é legal. Hoje a minha dúvida é se esta ausência é pior quando somos muito pequenos, adolescentes, jovens ou mais velhos. O mais provável é que, em cada fase, a dor se revela de forma diferente. Quando minha mãe morreu, eu tinha 26 anos e minha irmã vinte e três. Ambos na faculdade, realizando coisas, naquela fase da vida em que tudo acontece rápido e que as novidades são paradoxalmente rotineiras. Ela, mesmo sendo mãe pela primeira vez aos 34 anos (num tempo em que a regra era ser mais antes dos trinta invariavelmente), era de uma vitalidade impressionante. Foi retirada de cena de forma repentina, surpreendendo platéia e até atores com ela contracenavam. Lembro da última brincadeira, da última réplica a uma gracinha feita por mim, do último agarrão (Sai daqui, garoto!). Ela era o nosso ponto de equilíbrio. Era mãe.
A morte repentina logo trás o medo do remorso. Será que todas as pendências estão quitadas? Será que fui perdoado? Será que eu perdoei? Será que sabia que era amada? Será? Será? Será? Uma das primeiras coisas que me vieram à cabeça depois do choque do evento foi a música da Legião Urbana, “Pais e Filhos”. A letra fala de relações entre os dois grupos. Em meio aos conflitos e acertos, trocas de papeis, encontros e desencontros, vem a exortação sobre a urgência da revelação do amor, não só entre pais e filhos, mas em qualquer nível de relação. Fazemos planos para o futuro. Contudo, não sabemos quanto tempo viveremos na terra. A derivação máxima disso é o fato de não termos certeza de acordarmos vivos amanhã. Os planos são bons e necessários para uma vida mais organizada e feliz. Mas é certo que se não demonstrarmos hoje o amor que sentimos por alguém, corremos o risco de não ter como fazê-lo no futuro.
O dia das mães está batendo em nossas portas. Dia esse que virou âncora comercial, é verdade. Mas é dia de não adiar a demonstração de um sentimento de carinho, gratidão, companheirismo e até de segurança ― já que tantas mães dependem de seus filhos para sobreviver. Eu não sei quantas pessoas lerão este post. Muito menos quantas se sentiram tocadas em fazer algo. Mas essa é a mensagem de alguém que não se deu ao luxo de deixar para o dia seguinte o beijo e o abraço na mãe. Foi duro constatar que não haveria mais amanhã. Mas foi reconfortante saber que o ontem foi vivido sem pendências.
Às mães, eu desejo que sejam cobertas de carinho e atenção. Que aproveitem o momento para aparar arestas e trazer a doçura de volta (se for preciso). Aos filhos, eu desejo que beijem suas mães e as façam saber o quanto elas são importantes para vocês. Façam isso por vocês. Façam isso por elas. Façam isso por mim.
Feliz dia das mães.
Creditos: Foto de 1982. Eu, minha mãe e minha irmã.
Alexon...bem...eu li...tocante e...certeiro !
ResponderExcluirGosto do que escreve e desse,gostei muito. Minha mãe ainda é muito presente em minha vida, mesmo considerando a distância geográfica, mas sei que isso é fruto da construção que fizemos ao longo dos anos de nossas vidas. E essa é minha preocupação todos os dias: construir para meus filhos não um rol de bens imóveis, brinquedos caros, roupas de grife ...mas um caminho no qual possamos nos encontrar e mais do que isso...um caminho no qual haja o desejo de nos encontrar ! Que passe esse dia das mães festejando a presença da sua mãe em sua vida. Presença que o inspirou a escrever e a ser esse pai estupendo que é.
Lília
Alexon, que lindo!
ResponderExcluirLouvo a Deus pelo tempo que me deixou conviver com vcs. Pelas boas risasdas que demos juntos,pelas brincadeiras,festas,valeu foi td de bom.
Sua mãe foi tão sábia,que preparou filhos,para sobreviverem bem sem ela,se amarem,se ajudarem.
Orei mto p/vcs, pois a mim como amiga,o chão faltou,pela partida inesperada,imaginva vcs.
Mas essa conciencia,de ter amado e se sentir amado. De ter resolvido as pendencias traz conforto,sei bem disso.
PARABENS,por honrares todo o carinho,amor e dedicação investido em vc.
Sei que daqui alguns anos,estarás sendo homenageado por essa linda princesa q tens,pois estás colocando em prática o que recebeste.
Beijo grande e saudoso,
Élvia.